Lição 04 – Davi: Amigo fiel

Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria de Thiago Santos.

INTRODUÇÃO

Um dos maiores exemplos de amizade na Bíblia foi a que se desenvolveu entre Davi e Jônatas. Após a batalha com Golias, Davi foi logo alistado ao exército de Israel, sob o governo do rei Saul. Não demorou muito para Davi destacar-se e tornar-se um dos melhores soldados. Ele agia com prudência e feria os filisteus de modo significativo. Foi nesse ínterim que a alma de Jônatas se apegou à de Davi. O filho de Saul e Davi eram parecidos na coragem, integridade e fé para com Deus. Essa identificação fez com que os dois tornassem-se grandes amigos; isso tanto é verdade que Jônatas apresentou as suas rou­pas e armas a Davi como um sinal público de grande afeição e respeito.

Em tempos difíceis como atualmente, é raro encontrar amizades semelhantes à de Jônatas e Davi. Vivemos numa sociedade cada vez mais egoísta, materialista e sem amor. Por conta desse comportamento nocivo, as relações fragilizam-se e tornam-se cada vez mais superficiais. Diante desse cenário, é fundamental que o jovem cristão saiba esco­lher bem as amizades, pois são elas que influenciarão as suas escolhas, cosmovisão de mundo e estilo de vida.

Para nós, que somos cristãos, discernir o conceito de amizade é de fundamental importância. Tendo em vista que o cristão tem a sua fé baseada em princípios e valores pautados na Palavra de Deus, é natural que deseje compartilhar da amizade com pessoas que respeitem esses mesmos valores. Vale destacar também que amigos de verdade preservam a amizade, a consideração e o respeito, independentemente do tempo, da distância ou da circunstância. Nesse sentido, a amizade entre Davi e Jônatas é uma excelente referência e tem muitas lições a ensinar para nós.

I – UMA AMIZADE INSPIRADORA

Você já viveu a experiência de conhecer alguém com quem desen­volveu uma intensa amizade com pouco tempo, mas a sensação é a de que já conhecia a pessoa há muitos anos? Isso se chama afinidade e é muito comum ocorrer entre amigos de longa data. É natural desenvol­vermos maior intimidade e segurança com aqueles que se assemelham a nós na maneira de pensar e agir. Isso se deve ao fato de que somos indivíduos sociais com necessidade de sermos aceitos por nossos pares. Mesmo que de forma inconsciente, deixamos de lado qualquer empe­cilho para nutrirmos proximidade com quem temos afinidades. Assim ocorreu na amizade entre Davi e Jônatas.

Quem Era Jônatas?

Jônatas era o filho mais velho do rei Saul. A Bíblia não fornece detalhes da infância e adolescência de Jônatas, mas, ao que tudo indica, ele teve uma vida nobre em razão de ser filho do rei. Como era comum aos jovens, aprendeu as artes da guerra e tornou-se um dos comandantes do exército do rei. Dentre as investidas militares, Jônatas destacou-se ao matar o chefe dos filisteus em Gibeá (1 Sm 13.3).

Em outra ocasião, Jônatas, juntamente com o seu moço, feriu sozinho as guarnições dos filisteus ao sul de Micmás, matando a todos (1 Sm 14.6-14). Esse episódio foi marcado pela ocorrência de um terremoto que levou pânico aos filisteus e eles fugiram (1 Sm 14.15). A história de Jônatas, todavia, quase teve um triste fim em razão do voto impensado do seu pai, o rei Saul. Por conta da batalha contra os filisteus, Saul or­denou que todos os seus guerreiros jejuassem até o anoitecer. Jônatas, porém, não estava presente nesse momento e, desavisado, provou de um favo de mel. Em consequência disso, o rei ordenou a sua morte. O povo, no entanto, não o permitiu, pois Jônatas lutou bravamente e trouxe grande vitória para Israel (1 Sm 14.24-30,43-45).

Em razão das muitas batalhas vencidas sob a sua liderança, o povo reconhecia que Jônatas tinha as qualidades necessárias para ser o sucessor do rei Saul. Jônatas era um homem de caráter, bondoso, homem de fé e possuía um forte senso de justiça. Além do mais, ele soube honrar o seu pai por todos os dias do seu reinado. Foi nesse contexto de batalhas e atitudes inconsequentes do seu pai Saul que Jônatas conheceu aquele que seria o seu fiel amigo: Davi.

A história de Jônatas foi marcada por muitas vitórias, mas o seu coração não foi marcado pela ganância ou ambição de poder como se via na índole de Saul. Ao perceber que Davi havia sido ungido pelo Senhor e escolhido para ser o futuro rei de Israel, Jônatas manteve o máximo de respeito e serviço ao seu pai, porém não deixou de honrar aquele que era o escolhido do Senhor. Tanto é verdade que Jônatas tentou, sem sucesso, convencer Saul de que Davi não era uma ameaça, e sim um forte aliado e fiel soldado de Israel.

Saul ou Davi, eis a Questão!

A amizade com Davi trouxe impacto significativo para a vida de Jônatas — inclusive, na relação com o seu pai, o rei Saul. Diante da postura intolerante e ameaçadora do rei contra o seu amigo Davi, Jô­natas viu-se obrigado a escolher pela vontade de Deus. Ele reconheceu que Davi era ungido de Deus e passou a apoiá-lo abertamente (1 Sm 23.17). Mesmo diante do seu pai, Jônatas posicionou-se em defesa de Davi, pois conhecia a pretensão de Saul em matá-lo. A amizade entre Davi e Jônatas era tão forte que, sempre que possível, Jônatas procurava visitá-lo e apoiá-lo em tempos de adversidade (1 Sm 21).

A amizade entre esses dois guerreiros de Israel é um belíssimo exemplo sobre como devemos lidar com nossas amizades. Somos ensinados que os verdadeiros amigos não abandonam em tempos de adversidade, não traem a confiança ou concordam com a injustiça, nem mesmo se isso lhes trouxer prejuízo, pois permanecem sempre ao lado da verdade (Pv 17.17). Quando o amigo comete algum erro, o verda­deiro amigo não o condena, mas aconselha-o para que se arrependa e torne ao caminho correto (Pv 27.17). Os verdadeiros amigos podem até ficar geograficamente afastados, mas nunca deixam de falar um com o outro. A distância e o tempo não são fortes o bastante para separar os melhores amigos; muito pelo contrário, a amizade consolida-se mais ainda a cada etapa da vida. Os verdadeiros amigos alegram-se com as conquistas alcançadas ao longo da vida.

É importante ressaltar que a fidelidade de Jônatas a Davi não o fez inimigo do seu pai, o rei Saul; antes, ele fez tudo o que podia para reconciliar os dois e torná-los unidos mais uma vez. Tanto é verdade que, na ocasião da morte de Saul, Jônatas permaneceu com o seu pai até o fim e foi morto na batalha com os filisteus (1 Sm 31.1-6).

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

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