Lição 11 – A Doutrina deve fazer parte do culto
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Elias Torralbo, comentarista do trimestre.
INTRODUÇÃO
Qual o crente, com o menor grau de conhecimento que possa ter, que negaria a importância e a centralidade do culto na vida de um cristão, assim como de uma igreja. A expressão “culto” é ampla e abrangente, pois diz respeito a atos religiosos de reverência a divindades, e isso ocorre em todas as religiões do mundo, e não somente ao âmbito cristão. Portanto, de início, é preciso deixar claro que o objetivo aqui é o de analisar a doutrina bíblica dentro do contexto do culto estritamente cristão, isto é, segundo os padrões estabelecidos nas Escrituras. Um culto genuinamente bíblico, com o objetivo de adorar ao único Deus verdadeiro, também carece de normas, e isso porque os que nele estão envolvidos são homens com as suas devidas limitações. Destaca-se aqui que, em um culto a Deus, pode ocorrer os mais variados fatos, desde agradáveis até os mais inesperados e desagradáveis, como se vê nos seguintes exemplos bíblicos: 1) a causa de Caim ter matado o seu irmão, Abel, foi a inveja que brotou à partir do ocorrido durante a oferta a Deus (culto) em que a de Abel foi aceita, e a de Caim foi rejeitada pelo Senhor (Gn 4.1-8); 2) foi em um ambiente de culto que Ananias e Safira mentiram e foram punidos pelo Senhor com morte (At 5.1-11); 3) em um ambiente de culto de oração, Pedro apareceu tendo sido liberto milagrosamente da prisão (At 12.1-17); e 4) foi em um culto que aconteceu a ressurreição do jovem Êutico (At 20.7-12). Há muitos outros registros históricos na Bíblia que confirmam que o culto possui em si uma dinâmica que pode trazer benefícios ou não aos que estão envolvidos com ele — daí a necessidade de cuidados específicos e especiais para que o seu propósito espiritual seja, de fato, alcançado. Portanto, é preciso saber que Deus deseja e deve ser adorado, mas isso deve ser feito corretamente; caso contrário, à luz das Escrituras, isso é tão grave — ou até mais grave — do que a ausência da adoração. Destaca-se aqui que o próprio Senhor Jesus afirmou que a adoração deve ser dada somente a Deus, conforme o registro de Mateus 4.10. Fica claro, portanto, que o centro de todo o culto, assim como o da adoração, é invariavelmente Deus, ou seja, isso não se negocia em hipótese alguma. Devido à importância do culto para o cristianismo, bem como das suas formas, existe um lugar especial para a doutrina, que, além de ensinar sobre o culto em si, as suas formas e os seus elementos, também deve fazer parte de todo o seu desenrolar, ou seja, deve fazer parte do culto. Sendo assim, este capítulo dedica-se na abordagem sobre este tema, com base nos seguintes pontos: 1) a ordem do culto; 2) a diversidade do culto; e 3) o lugar da exposição das Escrituras no culto.
I – A ORDEM NO CULTO
O apóstolo Paulo trata sobre a ordem no culto (1 Co 14.26). Observe que existe “doutrina” dentro dos elementos expostos por Paulo ao tratar sobre o ajuntamento de cristãos num culto, mas isso será tratado mais adiante, já que o propósito aqui é o de observar, inicialmente, sobre a ordem no culto, e, a esse respeito, atente para as seguintes partes do versículo “que fareis, pois, irmãos?” e “faça-se tudo para edificação”. O apóstolo demonstra preocupação acerca da forma como os crentes devem conduzir o culto; em primeiro lugar, ao formular a pergunta sobre como eles haveriam de proceder, indicando que o seu interesse foi o de ensiná-los a esse respeito, e, em segundo lugar, enfatizando que o propósito de tudo o que ocorre num culto genuinamente cristão deve servir de edificação; caso contrário, deve ser descartado. Em dias em que o termo “pentecostal” infelizmente tem sido banalizado, é imperioso que se diga e que se defenda o fato de que o culto genuinamente bíblico e pentecostal não tem nada a ver com desordem, nem tampouco enfatiza a falta de razão; pelo contrário, embora a liberdade da ação do Espírito Santo seja algo caro aos pentecostais (1 Co 12.6-7), no mesmo nível, os crentes de tradição pentecostal reconhecem e trabalham para que os seus cultos cumpram a orientação de Paulo para que o culto seja racional (Rm 12.1). Acerca disso, que seja sublinhado o fato de que, no dia a dia dos crentes pentecostais, um dos textos mais comuns quando o assunto é sobre os cuidados que se deve ter para que o culto seja bíblico e equilibrado, é o de 2 Pedro 3.18.
1. Liturgia cristã
Todo culto possui a sua liturgia, mesmo que ela não seja obedecida ou a sua presença seja desordenada. Antes de qualquer abordagem sobre culto, seja sobre a sua ordem, seja sobre os seus elementos, requer-se que se fale da sua liturgia; em primeiro lugar porque, para que um culto seja considerado ordeiro ou não, ele depende de um padrão previamente estabelecido a seguir. Depois porque os próprios elementos de um culto são definidos pelo padrão a ser seguido que, nesse caso, é a liturgia que se encarrega de fazer. Mas, afinal de contas, o que é liturgia e qual o seu papel dentro da organização e execução de um culto? Em linhas gerais, “liturgia” vem das expressões gregas leit (“laós”, povo) e urgia (trabalho, ofício), cujo sentido é o de “serviço ou trabalho público”. Originalmente, não foi um termo exclusivamente sagrado, mas com o tempo passou a ter o sentido de organizar o “ofício religioso”. Já no contexto bíblico, não somente o termo, mas em especial a prática da liturgia, foram usados para o serviço dos sacerdotes levíticos no Templo de Jerusalém, culminando, assim — e não poderia ser diferente —, no contexto do culto cristão. O serviço indica o propósito da liturgia no contexto cristão. Nesse sentido, Cristo é introduzido como centro de tudo isso; em primeiro lugar porque, durante todo o seu ministério, Ele trabalhou em servir aos outros, mas principalmente porque Ele alcança o ponto alto do serviço no seu sacrifício vicário. Essa explicação supracitada é consoante ao texto bíblico em que Paulo insere as expressões “rito” e “culto” ao tratar sobre como deve ser o culto cristão (Rm 12.1,2), indicando que a liturgia trabalha no sentido de cooperar com a ordem do culto, a fim de que ele esteja de acordo com o padrão bíblico e assim agrade a Deus.
2. Ordem no culto
Ordem no culto é um tema central de uma denominação evangélica séria; portanto, é preciso um cuidado especial ao discorrer a respeito desse assunto, principalmente no que se refere às bases teóricas a ser usadas.
Diante do que a Declaração de Fé das Assembleias de Deus explica sobre o sentido de culto, alguns pontos podem ser aqui elencados, tais como: 1) o culto, no contexto pentecostal, é um dos meios mais legítimos de o crente estabelecer e manter comunhão com Deus; 2) o culto pentecostal tem o propósito de dar ao crente a oportunidade de manifestar o seu amor, reverência e obediência a Deus, por meio de práticas que são exclusivas de um culto cristão; 3) o culto, sob a perspectiva pentecostal, também é marcado pela expectativa e crença de que, assim como o crente move-se em direção a Deus reverentemente, Deus também se move do mesmo modo por meio da sua Palavra e dos dons espirituais, a fim de falar com o seu povo. Está claro que o culto é uma resposta humana diante da sua consciência a respeito do ser de Deus e das suas obras maravilhosas. É exatamente por serem os homens que idealizam, organizam e prestam culto a Deus, faz-se necessária uma ordem preestabelecida para que o objetivo de Paulo seja alcançado, conforme se lê em 1 Coríntios 14.40. “Decência e ordem” em nenhum sentido têm relação a negligenciar a espiritualidade, a liberdade ao Espírito Santo e o fervor espiritual; pelo contrário, é a ausência disso que caracteriza um culto sem a genuína espiritualidade cristã. Sendo assim, qual é o culto que agrada a Deus e que, do ponto de vista bíblico, pode ser considerado ordeiro? O culto que agrada a Deus e que pode ser considerado ordeiro é aquele que cumpre o seu propósito de adoração, edificação, comunhão, exortação e pregação do evangelho. Isso porque é impossível que esses elementos estejam presentes e Deus não seja o centro do culto, seja na adoração, seja na exposição da sua palavra. O culto bíblico não é um culto enrijecido, estático ou desprovido de vida e de fervor espirituais. Ao contrário disso, o culto sob a perspectiva e o padrão das Escrituras sempre será vivo — afinal de contas, o Deus vivo é o motivo, o centro e o alvo maior de todo culto; logo, seria incoerente um Deus vivo estabelecer normas para tornar a adoração a Ele em um culto morto. A ordem no culto é para normatizá-lo, a fim de que o Deus vivo seja adorado com vida por meio dos seus elementos.
3. Elementos do culto
Conforme a abordagem feita até aqui, a liturgia cumpre o papel de orientar previamente a ordem no culto, que, para ser colocado em prática, depende dos seus elementos. Sendo assim, a dinâmica de um culto verdadeiramente bíblico é composta dessas três partes, isto é, a sua liturgia, a sua ordem e os seus elementos, que, juntos, atuam para que o propósito de uma reunião cristã de adoração a Deus cumpra efetivamente o seu propósito. Depois de tratado sobre a liturgia e ordem no culto, é momento de fazer uma abordagem sobre os elementos que, conforme a Bíblia ensina, devem fazer parte de um culto aprovado por Deus. Uma das principais funções dos elementos do culto é o de proteger a igreja da influência mundana na liturgia dos seus cultos, tomando como exemplo a Igreja Primitiva, que, ao invés de ser influenciada pelas religiões pagãs do seu tempo, não somente as influenciou, como também deu novo sentido a algumas práticas cultuais, como se lê no Dicionário Wycliffe: “Em alguns exemplos particulares, o que parece mais provável é uma similaridade de terminologias, onde o cristianismo lhes dá um novo teor e significado”.
De volta ao texto em que Paulo abre a sua tratativa sobre a ordem no culto com a igreja de Corinto, ele afirma o seguinte: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26). O que se conclui aqui, ainda que parcialmente, é que o culto cristão, além de ter o seu próprio padrão, tem os seus próprios elementos. Na obra O Culto e suas Formas, o pastor Nemuel Kessler aponta para os principais elementos de um culto bíblico e permite que a igreja na atualidade não somente seja orientada quanto às formas de um culto bíblico, como também de perceber que muito dos seus cultos têm os elementos das reuniões dos primeiros cristãos. Isso, portanto, serve de segurança à Igreja na atualidade, principalmente se considerarmos que esses dias têm sido caracterizados pela confusão e a ausência de ordem, inclusive em ambientes de culto. Está evidente que o culto pentecostal, embora seja marcado pela liberdade a ser dada para a atuação do Espírito Santo, não só possui a sua ordem e os seus elementos, como também enfatiza que, na falta de um só desses elementos, o culto é considerado incompleto, como clara demonstração de organização, e principalmente compromisso com o padrão bíblico para a sua realização.
II – A DIVERSIDADE DO CULTO
Os desafios que se impõem a uma igreja, inclusive no que tange à manutenção e à fidelidade na liturgia e da ordem no culto, são muitos, e eles não ocorrem somente de ações externas, mas também — de certa forma, principalmente — como fruto da diversidade humana, sendo o principal fator para que se instale a desordem no ambiente do culto.
Por essa razão, a Bíblia dá atenção especial e ensina a respeito de como a Igreja deve lidar com a diversidade do culto. A presente seção é dedicada a tratar sobre os perigos que envolvem a má administração da diversidade, que é comum a todo culto; no entanto, essa abordagem será feita de forma positiva, isto é, apresentando intencionalmente a definição e o propósito do culto, a diversidade e o seu propósito, finalizando com uma análise sobre a importância de trabalhar a unidade em meio à diversidade. Lembrando que o bom uso da diversidade com o propósito de glorificar a Deus só é possível pela ação do Espírito Santo e através da obediência à Palavra de Deus.
1. O culto
Antes de qualquer reflexão sobre a diversidade no culto, é imprescindível que haja uma compreensão do que realmente se quer dizer com “culto”, pois disso depende qualquer entendimento a respeito dos seus desdobramentos. A correta prática do culto e o bom uso das suas diversidades dependem de uma definição acertada; caso contrário, as suas práticas ficarão comprometidas. Qual é a origem e o significado de culto? “Culto” vem dos termos gregos latreia e leitorgia, que possuem uma íntima relação com o vocábulo adoratio, ou adoração, cuja prática é essencial num culto cristão. Adorar é reverenciar, prostrar-se, curvar-se, reconhecer, celebrar e exaltar a majestade divina; logo, como a adoração está no âmago do culto, o seu propósito é levar o crente a reconhecer a grandeza e a santidade de Deus diante da pequenez humana e da necessidade de perdão e santificação. Cultuar, portanto, é entregar-se a Deus em serviço e adoração. O apóstolo Paulo tratou diretamente sobre culto ao escrever aos irmãos da igreja que estava em Roma. Nessa abordagem, além de falar sobre como o culto deve ser prestado, ele também ensina, ainda que implicitamente, que cultuar a Deus também é um ato de obediência e de reconhecimento da grandeza de Deus e da sua obra pelos seus filhos. Além de ser um ato de gratidão, reconhecimento, reverência e obediência, o culto também cumpre propósitos como o de aproximar o homem de Deus, instruir sobre o viver diário, promover uma consciência pura, estimular a uma vida moral e santa e promover momentos de comunhão entre os irmãos. Sendo assim, conclui-se que, em linhas gerais, culto é entrega e consagração a Deus como fruto de gratidão e de reconhecimento da sua graça, inclusive na sua diversidade.
2. Diversidade no culto
Uma vez que já se sabe o significado e o propósito do culto cristão, qual é a forma adequada para que ele seja prestado? Conforme visto anteriormente, culto é entrega. Isso quer dizer que, ao participar de uma reunião de adoração a Deus, o crente deve ter em mente que a sua missão ali é a de oferecer algo ao Senhor. Trata-se de um princípio que o próprio Deus estabeleceu desde o Antigo Testamento (Dt 16.16). Note que o Senhor menciona várias festas por Ele mesmo instituídas; cada uma delas com as suas particularidades litúrgicas, mas o que todas elas têm em comum é que os que delas participassem deveriam aproximar-se com algo a ser oferecido a Deus, obedecendo ao princípio da entrega que é essencial num culto. A atitude de entrega é vital em um culto a Deus, mas não se deve entregar qualquer coisa; pelo contrário, requer-se que a oferta seja integral e, de certa forma, sacrificial, em concordância com o princípio compreendido e vivido por Davi (2 Sm 24.24). Nessa mesma esteira, está o princípio exposto em Eclesiastes 9.10, que diz: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças […]”. Isso quer dizer que agradar a Deus e servi-lo requer dedicação e intencionalidade no sentido de a pessoa oferecer o que tem de melhor, e nisso consiste a diversidade do culto, cumprindo, assim, o seu propósito de adoração, já que cada crente pode servir ao Senhor com a sua própria capacidade e com os seus talentos pessoais. Em 1 Coríntios 12.4, Paulo reconhece e afirma que “[…] há diversidade de dons […]”, mas ele também ressalta que “[…] o Espírito é o mesmo”, indicando que a realidade da diversidade não significa divisão, dissensão ou confusão. O que Paulo propõe-se a ensinar aos irmãos que estavam em Corinto acerca da diversidade dos dons espirituais segue na mesma linha de pensamento do que ele ensinou aos irmãos da igreja em Éfeso acerca do que tem sido chamado de “dons ministeriais” (1 Co 12.1-11; Ef 4.11,12). Em ambos os casos, Paulo enfatiza que o Espírito Santo é a fonte tanto dos dons espirituais quanto dos ministeriais, sendo estes distribuídos à Igreja com vistas à sua edificação, não havendo sequer espaço para a ideia de divisão e nem mesmo de superioridade de um dom em relação ao outro, haja vista que cada um cumpre o propósito para que foi designado. Com base nisso, não restam dúvidas de que a diversidade de dons não é um problema para Deus; muito pelo contrário, ela é um instrumento constituído e operado pelo Espírito Santo, podendo ser visto e tratado como um recurso precioso. Entretanto, a administração da diversidade não é uma tarefa simples, mas requer sensibilidade, discernimento espiritual, motivação pura e objetivos sagrados, pois é somente assim que a diversidade no culto poderá ser bem conduzida, com a finalidade de que cada um, na sua individualidade, adore ao Senhor e sirva-o em sua igreja, inclusive com ordem e decência (1 Co 14.40). As expressões bíblicas que refletem a boa condução e administração da diversidade no culto são “decentemente” e “ordem”, usadas por Paulo para classificar como deve ser um culto genuinamente cristão (1 Co 14.40). O Espírito Santo é um ser ordeiro, que preza e trabalha pela harmonia, pela paz e pela constituição da ordem. Ele atuou nesse sentido desde o início, conforme registrado em Gênesis 1.1-3. Desse modo, a decência e a ordem são exigências de Deus para o culto, exatamente porque essas qualidades refletem o seu próprio caráter; portanto, mesmo na diversidade, o Espírito de Deus trabalha sempre no sentido de estabelecer e manter a unidade.
3. Unidade na diversidade
Há muitas formas pelas quais a unidade na diversidade pode ser analisada à luz das Escrituras; no entanto, aqui se propõe refletir sob o eixo de três passagens bíblicas importantes, sendo elas: 1) o acontecimento da Torre de Babel (Gn 11.1-32); 2) o registro sobre a descida do Espírito Santo no Dia de Pentecostes (At 2.1-47); e 3) os que forem salvos da Grande Tribulação e que comparecerão diante do Trono de Deus, vindo de todas as nações para adorá-lo (Ap 7.9-17). No episódio da Torre de Babel, Deus espalhou os homens e confundiu-os com a diferenciação dos idiomas (Gn 11.4,5,7-9). Se os homens não conseguiam estabelecer comunicação na Torre de Babel, em virtude da diversidade das línguas, no Dia de Pentecostes foi o contrário, pois, ao descer sobre os crentes que estavam no Cenáculo, o Espírito Santo deu-lhes línguas espirituais e de fogo, e, à medida que os crentes falavam nessas línguas, os homens “de todas as nações” ouviam sobre a grandeza de Deus cada um “na sua própria língua” (At 2.1-12). Por fim, Apocalipse 7.9-11 diz que, no período do cumprimento final das coisas que estão por acontecer, um desses acontecimentos é o glorioso fato de que povos de diferentes nações e com diferentes línguas comparecerão diante do trono do Senhor para reconhecê-lo como Soberano. Note a escalada das referências aqui elencadas. O pecado trouxe consequências desagradáveis à raça humana, inclusive as más implicações da diversidade, como se vê na confusão da divisão dos idiomas; entretanto, o que se percebe também é a capacidade que o Espírito Santo tem de promover a unidade na diversidade, com o propósito de que Deus seja proclamado e adorado, conforme o acontecimento da descida do Espírito Santo, atestando ainda que é firme a esperança de que, muito em breve, toda a diversidade refletida nos povos, nas nações e nas muitas línguas que existem no mundo será convergida em direção ao trono de Deus para que Ele seja reconhecido e adorado, mesmo com toda essa diversidade. Estes que comparecerão diante do trono de Deus são descritos em Apocalipse como herança de Deus, porção peculiar, escolhidos dentre a multidão comum para ser o seu povo, com o propósito de que desfrutem do seu favor especial e para fazer para Ele um serviço especial. Em Gálatas 3.28, o apóstolo Paulo escreve a seguinte verdade: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Essa máxima do cristianismo resume com perfeição o fato de que, em Cristo, toda a diversidade cumpre o propósito em favor da unidade do Corpo de Cristo, a Igreja, especialmente no ambiente e no ato do culto a Deus. Sendo assim, os diferentes dons e as diferentes personalidades não justificam a falta de unidade em ao menos dois aspectos: 1) no objetivo maior do culto de adorar a Deus e edificar a igreja; e 2) na manutenção da ordem e da decência no culto (1 Co 14.40). Em Cristo, portanto, a Igreja é unidade e, pelo Espírito Santo, ela mantém a unidade na diversidade.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
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