Lição 4 – Os jovens que se mantiveram firmes na doutrina
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Elias Torralbo, comentarista do trimestre.
INTRODUÇÃO
Ainda com um olhar numa perspectiva histórica, esta jornada bíblica sobre o valor da doutrina cristã passa a analisar esse tema a partir do exemplo de três importantes e conhecidos jovens: Hananias (Sadraque), Misael (Mesaque) e Azarias (Abede-Nego), que, com o auxílio divino, alcançaram êxito na tarefa de manter a fé intacta em meio a uma geração perversa e contrária a Deus e aos seus princípios. O exemplo desses jovens não perdeu a sua relevância e a sua importância com o passar do tempo, razão pela qual essa história deve ser lembrada com acentuada ênfase, devendo também servir de estímulo aos cristãos da atualidade no sentido de acreditarem que é possível manter-se firme, fiel e resoluto na intenção de honrar ao Senhor em meio a uma geração inimiga de Deus e da sua Palavra. O conflito vivido por esses três jovens hebreus em pleno cativeiro babilônico é um bom paralelo com o desafio a que a Igreja da atualidade tem sido submetida, principalmente se consideradas as características desta geração, que, à semelhança da Babilônia daqueles dias, está longe de comprometer-se em agradar a Deus e a aceitar o que o seu povo vive como padrão doutrinário. Em outras palavras, do mesmo modo como a firmeza de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foi testada, os crentes da atualidade são colocados à prova no que concerne à firmeza da fé que declaram ter em Jesus Cristo. Há uma grande necessidade em estabelecer uma relação entre a experiência vivida pelos referidos jovens e a sobrevivência da fé que tinham com a urgente necessidade de a igreja atual manter-se firme do ponto de vista doutrinário e de fé, por duas razões principais: 1) o exemplo desses jovens é uma história verdadeira e bíblica; 2) trata-se de uma história conhecida; logo, acessível às pessoas; e 3) a realidade do conflito que esses jovens enfrentaram é de extrema relevância na atualidade, pois a realidade babilônica daqueles dias assemelha-se em muitos aspectos às características atuais, mui especialmente na indiferença em relação a Deus e à sua Palavra.
I – FIRMEZA DOUTRINÁRIA
A firmeza doutrinária é um dos bens mais preciosos que um crente pode ter, pois é por meio dela que ele é capacitado a enfrentar as pressões impostas por este mundo da forma correta, assim como ter as condições necessárias para suportar os dramas, as decepções e as dificuldades deste tempo, sem que as suas convicções sejam danificadas ou destruídas. Também é preciso destacar que a firmeza doutrinária do crente só pode ser realmente conhecida diante das pressões deste mundo, e por isso este ponto volta-se para Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, pois a experiência que viveram, além de reafirmar essa verdade.
1. Jovens sob pressão
Do ponto de vista histórico, poucos cenários assemelham-se tanto ao atual do que o da Babilônia dos dias de Daniel e dos seus amigos Hananias, Misael e Azarias, principalmente quando se refere aos que sofrem ataques por causa da fé que têm em Deus e na sua Palavra. A atenção que esses jovens têm recebido não se restringe apenas à dimensão de referenciais a serem seguidos, mas também como servos de Deus resistentes na sua fé diante de tão grandes pressões a que foram submetidos. A profundidade das raízes da fé desses jovens tornou-se conhecida diante dos ventos que sopraram contra eles, que, ainda assim, decidiram manter-se firmados nos princípios do Senhor. Embora haja uma tendência em atribuir apenas a Daniel a decisão de não se contaminar com as iguarias da Babilônia, os seus companheiros também estiveram juntos nesse mesmo propósito (Dn 1.11-20). A proposta do rei envolveu comida e bebida (1.5), além da mudança dos seus nomes (vv. 6,7); no entanto, o propósito do rei estava além de oferecer boa refeição e novos nomes aos jovens hebreus. Atente para as seguintes verdades: 1) o ato de comer e beber está relacionado com o compartilhar e o comungar, o que implica na verdade de que o rei — em algum nível — estava convidando os jovens hebreus a aliançarem-se com ele; 2) certamente, o rei comia e bebia do que tinha de melhor na Babilônia, e os jovens tiveram a mesma oportunidade, o que implicaria em colocarem-se acima dos demais; e 3) a mudança dos nomes foi uma grande estratégia de desvinculação das origens desses jovens, conforme se verá na próxima seção. Desde que chegaram à Babilônia, Daniel, Hananias, Misael e Azarias sofreram as mais diferentes e tensas pressões, e cada vitória alcançada servia-lhes de preparo para outras provas maiores — embora Deus tenha-os feito vencedores sobre todas elas.
2. Três jovens e uma sábia decisão
Certamente, ao escrever em Hebreus 11.34 a respeito de alguns que “apagaram a força do fogo”, o escritor desta carta estava — em parte — referindo-se a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; aliás, é impossível não pensar na nobre e corajosa atitude desses jovens no enfrentamento do fogo a fim de manterem-se fiéis ao Senhor. Entretanto, a decisão de arriscar a própria vida como demonstração de firmeza de fé não é uma tarefa de um dia apenas, mas, sim, fruto de uma série de boas e corretas decisões ao longo de toda uma vida com Deus. Toda essa dedicação, instrução e construção em torno da vida e da fé desses jovens serviram de preparo para as vivências que teriam, as provações que sofreriam e a história que escreveriam, que nem mesmo o tempo seria capaz de apagá-la. Nesse sentido, essa história, que tem muito a ensinar, acentua a importância de não se desvincular das origens de uma família que se pauta nos princípios da Palavra de Deus, pois isso contribuirá diretamente com boas e corretas decisões, inclusive em situações simples, para que isso ocorra naturalmente em situações mais complexas, já que, indubitavelmente, a decisão tomada por esses jovens — que colocou em risco a manutenção das suas vidas — foi fruto da firmeza doutrinária que tinham, principalmente na adoração somente a Deus, o Senhor (Êx 20.3-6; Dn 3.17,18). Toda a formação que tiveram, as fundamentações doutrinárias que receberam e as boas relações e decisões que tomaram ao longo da vida contribuíram diretamente para que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego pudessem, no momento mais difícil da vida, tomassem a decisão de não se renderem ante à estátua do rei da Babilônia, com vistas a honrarem a Deus.
3. Firmeza doutrinária recompensada
O apóstolo Paulo escreveu as seguintes palavras aos irmãos que estavam em Roma: “E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Além de muitos outros, esse texto reflete com clareza e fidelidade o caráter da relação de Deus com aqueles que o servem com fidelidade, pois, embora a caminhada cristã seja marcada por grandes e inúmeros desafios, também é pautada na esperança da recompensa, tanto nesta vida como na vindoura (Mc 10.29,30). Esse mesmo princípio é notoriamente percebido na história dos jovens hebreus, já que foram testados, provados e aprovados, mas foram recompensados pelo próprio Deus. A recompensa que receberam da parte de Deus foi da seguinte forma: 1) desfrutaram da presença do próprio Senhor desde o momento em que foram lançados na fornalha (Dn 3.25); 2) puderam presenciar a confissão do rei sobre a grandeza de Deus (3.26,28); 3) viram o rei determinar que todos os moradores da Babilônia reverenciassem o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (3.29); e 4) receberam do rei toda sorte de prosperidade e destaque especial (3.30). A firmeza doutrinária desses jovens refletiu-se na fidelidade demonstrada diante da possibilidade de perderem a própria vida, levando o povo da Babilônia a voltar os olhos para o Senhor. A atitude de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foi resultado da fé que tinham; afinal de contas, como bem explica E. Ross Price, “a verdadeira fé não está ligada às circunstâncias nem às consequências. Ela está fundada na imutável fidelidade de Deus. E a fé é decisiva no que tange à questão da fidelidade no crente”.
II – CONFRONTANDO A FALSA DOUTRINA
Assim como os jovens hebreus foram testados e a fé que tinham em Deus foi provada, os crentes na atualidade também sofrem pressões das mais variadas, mui especialmente no que diz respeito à manifestação de falsas doutrinas que tanto fazem mal à fé do crente e à saúde espiritual da igreja. Sendo assim, com base no exemplo dos companheiros do profeta Daniel, a presente reflexão propõe uma análise sobre a realidade da falsa doutrina, dos seus males e da necessidade que se impõe à igreja contemporânea para que a combata pelo poder da genuína Palavra de Deus.
1. A falsa doutrina
Inicialmente, é necessário que haja uma compreensão adequada do significado de falsa doutrina, além de levar-se em conta a forma pela qual ela costuma manifestar-se. De acordo com registros bíblicos, a falsa doutrina é geralmente caracterizada, em primeiro lugar, na busca por contrariar os ensinamentos bíblicos, opondo-se a eles, baseando-se sempre em “meias verdades” ou, ainda, em “mentiras completas”; em segundo lugar, a falsa doutrina é conhecida pela sua ação em negar os fundamentos da fé cristã (2 Tm 2.18; 1 Co 15.12-23; Cl 2.8). Tomando como base o texto de Colossenses 2.8, no qual Paulo adverte e condena o que ele chamou de “vãs filosofias”. Fica mais que evidente que, contrariando os ensinamentos da Palavra de Deus, a falsa doutrina nega as bases doutrinárias da fé cristã e abraça ensinamentos que não tem a sua fonte em Cristo. Os que disseminam a falsa doutrina são pessoas astutas que, no contexto em que Paulo escreveu aos irmãos na cidade de Corinto, buscavam os próprios interesses, real sentido da palavra astúcia (2 Co 4.2), e não há uma alternativa, pois, à medida que isso ocorre, eles são conduzidos em direção aos tropeços do povo de Deus (Ap 2.14,15). É preciso fazer um alerta no sentido de notar que os referidos tropeços aos quais os falsos mestres conduzem os que decidem segui-los resultam da normatização, da normalização e da valorização dos interesses pessoais em detrimento aos interesses espirituais (Hb 13.9), que causam dissensões e porfias, que resultam em divisões (Rm 16.17-18). Diante disso, é necessário que haja o reconhecimento da existência da falsa doutrina e do quão presente ela está na atualidade, atuando no sentido de contrariar a verdade de Deus, manifestando-se em desonra aos princípios divinos, trazendo consigo grandes e, em alguns casos, danos irreparáveis.
2. A falsa doutrina e os seus males
Depois de reconhecer a realidade e a danosa presença da falsa doutrina, independentemente do tempo, faz-se necessário identificar também os danos que ela causa, tanto à igreja, coletivamente, como ao crente, individualmente. Mas, afinal de contas, o que faz a falsa doutrina ser tão danosa à Igreja de Cristo? Em primeiro lugar, é imprescindível considerar a malignidade existente em todas as formas de desvio doutrinário, isto é, tudo aquilo que contraria os ensinos bíblicos. O apóstolo Paulo nunca flertou e nem negociou com falsas doutrinas; pelo contrário, sempre as tratou com veemente advertência, chamando-as de “malditas” (Gl 1.8-11). Esse texto paulino ensina algumas verdades importantes, como se vê: 1) a falsa doutrina é maligna; 2) a falsa doutrina geralmente se apresenta como algo novo, sempre contrariando o que foi ensinado ao longo da História da Igreja; 3) a verdadeira doutrina ensina e estimula o crente a viver de forma a agradar a Deus (v. 10); e 4) Deus é a fonte da verdadeira doutrina (v. 11). Por conseguinte, tanto os que promovem como os que aceitam uma determinada doutrina falsa incorrem, em certa medida, no gravíssimo pecado de — ainda que inconscientemente — pensar que Deus falhou com o que deixou na sua Palavra, ao ponto de ter de sofrer alterações. Dito de outra forma, a falsa doutrina é uma afronta a Deus, já que a sua presença resulta da ideia de que a doutrina puramente bíblica é insuficiente, sendo necessários novos ensinamentos. Em 1 Timóteo 6.3-5, Paulo admoesta que a falsa doutrina promove a confusão e dissemina a falta de unidade no Corpo de Cristo, impedindo que este seja beneficiado com as bênçãos da boa e saudável doutrina bíblica. Numa dinâmica comparativa a partir do que a verdadeira doutrina é capaz de fazer, será possível perceber o que a falsa faz, isto é, elas opõem-se uma a outra. Nesse caso, se a verdadeira doutrina é capaz de salvar o perdido (Rm 1.16; 1 Co 1.21), a falsa conduz o homem à perdição; do mesmo modo que, se a verdadeira doutrina consolida a Igreja de Cristo (Rm 1.15; 16.25), a falsa trabalha na desconstrução das bases da Igreja de Cristo. A realidade da falsa doutrina e os danos que ela causa estão postos aqui, e a Igreja deve estar pronta para responder à altura, e isso inquestionavelmente implica no conhecimento bíblico, compromisso com a doutrina genuinamente cristã e amor a Deus e à sua Palavra.
3. O confronto à falsa doutrina
O pastor Silas Daniel, no seu livro A Sedução das Novas Teologias, faz um importante alerta à Igreja dos dias atuais sobre o perigo das tendências que resultam da falsa doutrina.
A reflexão feita até aqui, somada às palavras do pastor Silas Daniel, contribui para a conclusão de que a falsa doutrina e os seus danos são uma realidade e que o cristão, em algum momento, terá de enfrentá-la. Nesse caso, como o cristão deve enfrentar a falsa doutrina? O tema central de toda a reflexão aqui proposta é o da valorização da doutrina bíblica, e, conforme já estudado anteriormente, a Bíblia é a principal e mais segura fonte da doutrina cristã; portanto, o enfrentamento às falsas doutrinas só será bem-sucedido caso o crente esteja bem-preparado do ponto de vista bíblico; ou seja, o aprofundamento dos conhecimentos bíblicos apresenta-se como uma das principais armas para que o cristão e a igreja resistam e vençam os desvios doutrinários. Esse aprofundamento bíblico pode ocorrer das seguintes formas: 1) estudo devocional da Bíblia; 2) incentivo aos cultos de ensino e à Escola Dominical; 3) promoção de encontros de estudos bíblicos dos mais variados; e 4) distribuição de literaturas com a doutrina bíblica.
Evidentemente que essas ações devem ser acompanhadas de uma espiritualidade saudável, fundamentada na oração, consagração e comunhão com o Senhor Deus. Além disso, destaca-se também que a unidade doutrinária da igreja ocupa papel fundamental no confronto às falsas doutrinas, haja vista que ela oferece clareza e firmeza quanto ao que o crente deve crer em tempos adversos. A divisão de entendimento e de crença traz danos terríveis à igreja. Paulo lamentou a forma como a Igreja em Corinto estava lidando com a celebração da Ceia (1 Co 11.18). Por essa razão, o apóstolo, ao escrever à Igreja em Éfeso, enfatizou veementemente sobre a unidade, inclusive a doutrinária (Ef 4.3-6). Portanto, a forma mais segura e eficaz que a Igreja tem de confrontar as falsas doutrinas é fortalecendo a unidade doutrinária, cumprindo, assim, o desejo de Jesus, demonstrado na sua oração: “para que todos sejam um” (Jo 17.21). O aprofundamento dos conhecimentos bíblicos, o desenvolvimento de uma espiritualidade saudável e a manutenção da unidade doutrinária são recursos poderosos para que o crente seja vitorioso no confronto contra a falsa doutrina, tanto na desconstrução das suas bases, como na resistência, servindo de uma espécie de muro de contenção que resiste aos seus ataques.
III – VIVENDO A VERDADEIRA DOUTRINA
O falso só pode ser vencido por meio do verdadeiro. Consequentemente, não existe forma mais adequada e eficaz de a Igreja resistir às influências da falsa doutrina e de vencer a sua presença do que por meio do aprofundamento das raízes da verdadeira doutrina, bem como da disseminação dos seus fundamentos. Para que a verdadeira doutrina torne-se essa aliada poderosa e eficaz em favor da Igreja de Cristo na atualidade, é indispensável que essa verdadeira doutrina seja identificada e compreendida, assim como os seus benefícios sejam identificados e valorizados, pois só assim ela será efetivamente vivida e desfrutada.
1. A verdadeira doutrina
Como visto anteriormente, a Bíblia aponta para a realidade e as características da falsa doutrina. Do mesmo modo, ela apresenta a nobreza e as características da doutrina genuinamente bíblica, e cada uma dessas características aponta para a sua relação com Deus, o seu caráter pedagógico e a sua natureza de bondade. Observe algumas das principais formas pelas quais a Escritura apresenta a doutrina bíblica: 1) doutrina que procede de Deus (Tt 2.10; 1 Tm 6.1); 2) doutrina segundo a palavra e a piedade (1 Tm 6.3); 3) sã doutrina (2 Tm 4.3; Tt 1.9; 2.1); e 4) boa doutrina (1 Tm 6). Uma vez que a doutrina bíblica procede de Deus, os seus frutos sempre estarão em sintonia com o caráter da sua fonte. Assim como Deus é bom e santo, os frutos da doutrina puramente bíblica também serão bons e santos, conforme bem descrito por Lawrence Richards, com a afirmação de que “a sã doutrina” das Escrituras tem como objetivo conduzir a uma vida de amor e santidade”.3 A totalidade da doutrina bíblica é bem representada e pode ser definida pela expressão paulina “todo o conselho de Deus” (At 20.27). Ademais, o evangelho também pode denotar a totalidade da doutrina cristã, pois, além de ele ser o meio escolhido por Deus para salvar o homem (1 Co 1.21), também é composto por aspectos doutrinários de ensino, já que Paulo afirmou que estava pronto para anunciar o evangelho a eles (Rm 1.15). Em Romanos 1.16, Paulo declara que o evangelho “é o poder de Deus”, e isso implica, além de outras coisas, que nele estão todos os elementos necessários e capazes de mostrar tudo o que o homem precisa saber sobre Deus, acerca de si mesmo e da vida eterna, com vistas à sua própria salvação. Em vista disso, tanto o evangelho como a doutrina bíblica devem conter os seguintes elementos para que sejam considerados genuínos: 1) a exaltação do Único Deus, o Justo Criador; 2) a triste realidade do estado de pecado da humanidade e a sua necessidade de um Salvador; 3) a gloriosa mensagem da redenção em Cristo; e 4) a consumação de todas as coisas. A identidade da verdadeira doutrina consiste, portanto, no fato de que ela procede de Deus, e o seu principal e maior objetivo é glorificar ao Senhor, salvar o perdido e edificar a Igreja.
2. Os benefícios da verdadeira doutrina
Uma igreja que valoriza e busca viver a verdadeira doutrina é beneficiada em todos os aspectos inerentes à sua realidade. O comentário de Richards advém do texto de 1 Timóteo 1.5, no qual o apóstolo Paulo lembra ao jovem pastor que ele havia sido enviado para Éfeso com o objetivo de alertar outros a não ensinar “outra doutrina” (v. 3) e a combater os que se associam aos que disseminam o erro doutrinário (v. 4). Entretanto, além disso, Timóteo também foi orientado pelo apóstolo dos gentios acerca do amor que, conforme ele ensina, é o fruto maior e mais precioso da verdadeira doutrina e que emana “de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (v. 5). Se, por um lado, o verdadeiro amor é o fruto maior da genuína doutrina, por outro lado, é essa mesma doutrina bíblica que produz as três características citadas por Paulo nas suas palavras a Timóteo. A respeito dessas características, considere as seguintes verdades: 1) somente Deus pode criar um coração puro no homem (Sl 51.10); 2) o sangue de Jesus é o único meio pelo qual a consciência do homem pode ser purificada (Hb 9.14); e 3) a verdadeira fé só pode ser produzida pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Em suma, a Bíblia também informa que o crente que abraça e permanece firmado na sã doutrina é por ela encorajado, protegido (Tt 1.9), além de ser alimentado adequadamente pela qualidade desse alimento espiritual (1 Tm 4.6,7) e, por fim, é feito alvo da vida do próprio Deus nele (2 Jo 9).
3. Vivendo a verdadeira doutrina
O combate às falsas doutrinas não foi prioridade da agenda dos apóstolos apenas, mas também dos seus sucessores, isto é, dos chamados Pais Apostólicos”, bem como dos chamados “Pais da Igreja”. Isso demonstra que a disseminação de falsos ensinamentos é extremamente prejudicial à Igreja e deve ser combatido pela Igreja de todos os tempos. A forma mais eficaz pela qual a Igreja pode e deve enfrentar e resistir aos desvios doutrinários é conhecendo, valorizando e vivendo a verdadeira doutrina. Em primeiro lugar, porque a Palavra de Deus produz a verdadeira pureza (Sl 119.9) — afinal de contas, a visão que a Bíblia oferece a respeito de Deus é perfeita e capaz de atrair o coração mais endurecido. Em segundo lugar, porque a doutrina bíblica também oferece a fonte mais segura e clara daquilo que é ético, ou seja, aponta para o que realmente é certo e o que efetivamente é errado — afinal de contas, ela é pura em si mesma e sempre conduzirá o homem a águas limpas, cuja capacidade de purificação é indescritível. A firmeza doutrinária da igreja na atualidade é, portanto, um tema necessário e urgente, pois, além do fato de que este tempo é marcado por desafios nunca experimentados (como se verá mais adiante), é pela sã doutrina que a comunhão com Deus é mantida, as bases da fé são preservadas, e a saúde espiritual da Igreja é garantida. Sendo assim, nunca se esqueça: conheça, viva e firme-se na verdadeira doutrina.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
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