Lição 5 – Uma perspectiva pentecostal de Missões
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL DE MISSÕES
II – A OBRA MISSIONÁRIA DEPOIS DO PENTECOSTES
III – A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E A OBRA MISSIONÁRIA
CONCLUSÃO
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Apresentar uma perspectiva pentecostal de Missões;
2. Explicar a obra missionária após o Pentecostes;
3. Enfatizar a dependência do Espírito Santo na obra pentecostal de Missões.
I – UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL DE MISSÕES
Segundo o pastor Paul Pomerville, que serviu como missionário na Ásia e na Europa e como professor de pós-graduação e chefe do Departamento de Missões Cristãs e Comunicações Interculturais no Seminário das Assembleias de Deus, autor da obra citada, chama a atenção para a contribuição pentecostal dada às missões contemporâneas, envolvendo um movimento pentecostal mundial que representa um crescimento fenomenal, e uma deficiência na teologia missionária cristã no contexto atual. Segundo Pomerville, as teologias missionárias contemporâneas negligenciam o papel do Espírito Santo.
Por sua vez, Melvin Hodges (1909–1988), missiólogo pentecostal clássico, é específico em descrever essa negligência. Ele expõe que o “silêncio sobre o Espírito Santo” é a negligência de uma qualificação indispensável para missões, a saber, a dotação do poder pentecostal. Ele liga o sucesso relativo das missões pentecostais diretamente com o “lugar” que os pentecostais dão ao Espírito Santo, um lugar semelhante ao que os crentes do Novo Testamento deram ao Espírito.
Robert P. Menzies, teólogo pentecostal, na sua obra Pentecostes: essa história é a nossa história (CPAD), ao afirmar a sua gratidão aos pentecostais do mundo inteiro, assim se expressa:
A impressionante presença de Deus no meio de nós, sua vontade graciosa em conceder dons espirituais, seu desejo de curar, libertar e transformar vidas são temas muito centrais à piedade pentecostal e destacam o fato de que o Reino de Deus está presente. Os pentecostais proclamam um Deus que é próximo, um Deus cujo poder pode e deve ser experimentado aqui e agora. Esse elemento da prática pentecostal tem, em sua maior parte, servido do necessário corretivo da vida da igreja tradicional, que perdeu de vista a presença manifesta de Deus. Nesse ponto, mais uma vez, os pentecostais têm um rico legado para passar adiante.
O que significa a conexão dos dois termos com um hífen (evangélico- -pentecostal)? Primeiramente pretende comunicar que os pentecostais fazem parte do evangelicalismo contemporâneo.
1. Somos evangélicos
O evangélico, uma geração atrás, era o protestante que enfatizava: (1) o compromisso pessoal com Jesus: “novo nascimento”, (2) a autoridade bíblica, (3) o “interesse” em fazer conversões. Essa é a chave da identificação e definição que os evangélicos têm em comum. Esses princípios são chamados de impulso evangélico, que, de acordo com a tripla ênfase da Reforma, tinha a ver com: (1) a autoridade das Escrituras, (2) a salvação pela fé e (3) o sacerdócio universal dos crentes.
Pomerville cita os sete princípios que foram identificados com o impulso evangélico na história: (1) a autoridade da Palavra de Deus, (2) a ortodoxia (crença secreta), (3) a salvação pessoal pela graça, (4) a dedicação e o compromisso, (5) o evangelismo e as missões, (6) o ecumenismo (koinonia) e (7) a preocupação social. Segundo o autor, o evangélico é, portanto, o cristão que se identifica com essa configuração particular de crença e prática.
O Pentecostalismo acrescenta um “oitavo princípio” ao impulso evangélico descrito acima: o princípio da natureza dinâmica da fé cristã. Esse princípio envolve a atividade de Deus na experiência cristã contemporânea, em termos do ministério do Espírito Santo.
O autor salienta que a experiência distintiva do pentecostalismo com o Espírito Santo dá nova nitidez ao termo “evangélico”. A experiência distintiva com o Espírito faz com que os pentecostais retornem para além do fenômeno fundamentalista do século XIX, e da própria Reforma, para o “evangelho”, conforme descrito pela Igreja Primitiva no Novo Testamento. Como movimento de renovação, o pentecostalismo representa uma renovação da experiência cristã do século I. Por essa razão, tem mais a contribuir para o evangelicalismo contemporâneo do que um ponto de referência específica do Novo Testamento (o Dia de Pentecostes). Consequentemente, traz à tona uma dimensão da fé cristã que quase foi ofuscada no cristianismo ocidental: a dimensão experiencial.
O cristão evangélico não é aquele que diverge, mas que busca ser leal na sua procura pela graça de Deus, a fim de ser fiel à revelação que Deus fez de si mesmo em Cristo e nas Escrituras. A fé evangélica não é uma visão peculiar ou esotérica da fé cristã — ela é a fé cristã. Não é uma inovação recente. A fé evangélica é o cristianismo original, bíblico e apostólico.
“Os evangélicos consideram essencial crer não apenas no evangelho revelado na Bíblia, mas também em toda a revelação da Bíblia; crer não apenas que “Cristo morreu por nós”, mas também que ele morreu “por nossos pecados” e, de forma que Deus, em amor santo, pode perdoar os crentes penitentes; crer não apenas que recebemos o Espírito, mas também que ele faz uma obra sobrenatural em nós, algo que, de variadas formas, foi retratado no Novo Testamento como “regeneração”, “ressurreição” e “recriação.
Eis aqui três aspectos da iniciativa divina: Deus revelou-se em Cristo e no testemunho bíblico total sobre Cristo; Deus redimiu o mundo por meio de Cristo e tornou-se pecado e maldição por nós; e Deus transformou radicalmente os pecadores pela operação interna de seu Espírito. A fé evangélica, assim afirmada, é o cristianismo histórico, maior e trinitário, e não um desvio excêntrico dele. Pois não vemos a nós mesmos oferecendo um novo cristianismo, mas chamando a Igreja ao cristianismo original”.
(Fonte: “Cristianismo Autêntico – 968 Textos Selecionados da Obra de John Stott”, compilado pelo Bispo Anglicano Timothy Dudley-Smith, Editora Vida Acadêmica: São Paulo, 2006).
O reverendo John Stott (1921–2011), ministro anglicano, foi escritor e ex-capelão da Rainha da Inglaterra, em Londres.
2. Somos pentecostais
De acordo com o pastor Isael de Araujo, escritor e diretor da FAECAD (Faculdade Evangélica de Tecnologia, Ciências e Biotecnologia), aprovada pela CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), na sua magnífica obra Dicionário Movimento Pentecostal (CPAD), no verbete PENTECOSTAL, encontramos a origem e o seu significado:
Palavra usada a partir de 1907, Grã-Bretanha, pelas igrejas históricas tradicionais (anglicanas, episcopais, metodistas, evangélicas), para se referir aos crentes que criam e recebiam o batismo no Espírito Santo, por causa da analogia entre esse movimento e o dia de Pentecostes (At 2.1-13), isto é, por causa da efusão do Espírito e das manifestações de poder, que eram observadas por toda a parte nas ilhas britânicas. Por sua vez, “pentecostal” é o crente que Crê (adepto) na possibilidade de receber a mesma experiência do Espírito Santo que os apóstolos receberam, no dia de Pentecostes.
O termo “pentecostal”, utilizado por Pomerville na sua obra A Força Pentecostal em Missões, segundo ele, é para designar a renovação mais ampla da obra carismática do Espírito Santo em todas as formas de cristianismo.
3. Contribuições pentecostais às missões
O denominador comum em toda a diversidade teológica dos movimentos, que é considerável mesmo entre os pentecostais clássicos, é a experiência com o Espírito Santo não diferente da experimentada pelos cristãos do século I. Segundo ele:
Tal experiência do Espírito pontuou toda a história da igreja. Portanto, o “movimento pentecostal” no sentido de movimento de renovação, remonta à obra do Espírito Santo com a igreja que começou no Dia de Pentecostes e continua ao longo dos “últimos dias”, até que Jesus Cristo volte para a Igreja.
John Garret, ministro congregacional, após ter observado cuidadosamente as atividades de igrejas pentecostais, escreveu:
Não se pode excluir a ênfase que o povo pentecostal dá ao Espírito Santo e a descida do mesmo sobre os discípulos em Jerusalém. Os pentecostais são crentes dinâmicos e anima-os o espírito missionário. Desde o primeiro pentecostes, todo o cristianismo é chamado a ser pentecostal. Será que os pentecostais compreendem melhor que os outros cristãos a ordem de Jesus? Será que a possibilidade de êxito desse povo se deve, em parte, ao fato de aderirem a uma verdade central da religião cristã? Seja como for, o fato é que todos deviam transformar-se em membros revolucionários de uma sociedade espiritual tal como fizeram os primeiros discípulos.
Pesquisando em minha modesta biblioteca particular, deparei-me com o livro intitulado Porque Sou Pentecostal, de autoria do pastor Gesiel Gomes (1972, p. 127, 128), e vi lá nove razões do porquê eu sou pentecostal:
Sou Pentecostal porque:
1. Tenho consciência de que a Igreja em seus primeiros dias era PENTECOSTAL, pois ela nasceu sob a experiência de um derramamento do Espírito Santo, com promessa de estender-se a “toda a carne” e que sem dúvida alguma só findará com o arrebatamento da Igreja.
2. Aceito a doutrina dos apóstolos, como descrito em Atos 2.42, e tenho encontrado no Novo Testamento ensino a respeito da Obra Pentecostal com tal ênfase que na vida dos apóstolos não se poderia encontrar se eles por sua vez não houvessem sido pentecostais.
3. Não posso ler Atos 2.1, 1 Coríntios 14, Atos 19 e outros textos e permanecer à margem do Movimento Pentecostal.
4. Creio firmemente que a chuva serôdia de que nos fala a Bíblia é o último derramamento do Espírito sobre a Eleita, que assim prepara a Noiva para a colheita, e eu desejo desfrutar as bênçãos do Evangelho completo até o momento final.
5. Tendo buscado, recebi o precioso batismo no Espírito Santo, falei em línguas estranhas, tudo por misericórdia do Senhor e agora não posso retroceder, inclusive porque o batismo não é um fim em si, mas a porta aberta a outras gloriosas manifestações do Espírito de Deus.
6. As Igrejas Pentecostais dão ênfase singular à Pessoa e à Obra do Espírito Santo na atualidade e a Bíblia é mui clara em afirmar que, durante a dispensação da Igreja, esta estaria aos cuidados da Terceira Pessoa da Trindade, e certamente ignorá-la é ignorar a Cristo.
7. As Igrejas Pentecostais são alegres, vivas, movimentadas e vibrantes, e eu sei que isso é plano de Deus, pois no princípio assim o foi e no Céu também o será. É a Bíblia quem o diz.
8. As Igreja Pentecostais estendem a participação a toda a coletividade, tornando mais intenso o ritmo de trabalho e a todos dando oportunidade, não restringindo a graduados a pregação do Evangelho e isso tem sido parte da razão do seu sucesso, pois ela tem crescido extraordinariamente. 9. Tendo nascido numa Igreja Pentecostal, todo o meu ser tem recebido a satisfação espiritual que somente o Espírito de Deus pode produzir numa vida humana.
Texto extraído da obra, “ATÉ OS CONFINS DA TERRA”, livro de apoio ao 3º trimestre, publicado pela CPAD.