O Superintendente e a Gestão Pedagógica da Escola Dominical – parte 1
A incumbência de gerir o trabalho da Escola Dominical requer do superintendente habilidades e competências em diversas áreas. Dentre os conhecimentos necessários para o exercício pleno da gestão desse importante setor da igreja está o pedagógico. Adquirir uma perspectiva pedagógica da Escola Dominical não é uma opção. Tendo em vista que o exercício do ensino dominical trata-se de um trabalho que é por natureza pedagógico, adquirir esse conhecimento é indispensável para o crescimento e aperfeiçoamento do trabalho de ensino na Igreja.
No contexto da educação cristã, o pedagógico diz respeito à filosofia que norteia a intencionalidade dos trabalhos; aos conceitos que norteiam o processo formativo; aos aspectos metodológicos com suas respectivas estratégias de ensino e aprendizagem; à definição de conteúdos significativos que se transformem em saberes didáticos; à criação de um ambiente estimulante e motivador para que o aluno, de fato, aprenda.
Note que o desafio de conduzir ações pedagógicas à frente do departamento de Escola Dominical requer muito mais do que vontade. É preciso planejar ações com vista em despertar nos educadores a vontade de ensinar e no aluno a vontade de aprender.
1. A filosofia que norteia a intencionalidade dos trabalhos
Definir uma filosofia educacional que norteie os trabalhos realizados na Escola Dominical é tão imprescindível quanto a escolha dos métodos de ensino e os conteúdos aplicados. A filosofia educacional diz respeito aos princípios e valores que justificam o tipo de aluno que se pretende formar na Escola Dominical, bem como a perspectiva teológica que serve de base ao ensino. Esses aspectos devem ser considerados e pensados antes do início dos trabalhos, pois são eles que norteiam as ações pedagógicas que servirão de orientação aos professores.
No contexto da Escola Dominical, marco do ensino nas Assembleias de Deus, a perspectiva formativa aponta para o ensino das Escrituras Sagradas como base do saber cristão. O crente que frequenta os espaços da Escola Dominical aprende a Palavra de Deus e, a partir das suas reflexões, é encorajado a praticar seus ensinamentos. Nesse sentido, a Bíblia Sagrada assume o papel central do ensino como manual e única regra de fé e prática do cristão (1 Tm 3.16, 17).
Quanto à perspectiva teológica que fundamenta o ensino, a fé pentecostal tem como base a teologia arminiana, introduzida por Jacó Arminius quanto à doutrina da Salvação, condicionada a fé em Cristo (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD, 2017, p. 110), bem como para uma compreensão pentecostal que considera o batismo no Espírito Santo uma segunda experiência vivenciada pelo crente, diferente do receber o Espírito Santo quando se aceita a fé (Jo 20.22; At 1.8). Nesse sentido, o pentecostal crer ainda na atualidade dos dons espirituais, bem como a diversidade de manifestações desses dons no seio da Igreja.
Isto posto, fica clarividente que a perspectiva cristã pentecostal aponta para a crença não apenas na infalibilidade, inerrância e inspiração das Escrituras Sagradas visando conhecê-la em seu sentido literário, mas, também, encorajar os crentes a viverem a experiência e relacionamento pessoal com o Espírito Santo.
2. Os conceitos que norteiam o processo formativo
Quando se fala de ensino alguns conceitos são considerados para que, de fato, a escola alcance os objetivos pré-estabelecidos em seu projeto político-pedagógico. No contexto da Escola Dominical o currículo corresponde a grade de disciplinas que constituem o conteúdo a ser ensinado por um determinado período. Essa proposta curricular aponta para uma perspectiva formativa, isto é, que tipo de aluno pretende-se formar ao final do cumprimento do respectivo currículo escolar.
Em linhas gerais, para entender o processo formativo da Escola Dominical é necessário compreender os conceitos que norteiam esse processo. Dessa forma, tanto superintendentes quanto professores, terão maior segurança para conduzirem a educação cristã com a excelência devida. Vejamos alguns conceitos que devem ser compreendidos para o processo formativo:
a. Ensinar — Trata-se de despertar, motivar (estimular) e interessar a mente do aluno e, em seguida, dirigi-la no processo de ensino-aprendizagem. Não pode haver real ensino sem aprendizagem por parte do aluno.
b. Aprendizagem — Aprendizagem é a mudança de conduta do educando, pelo conhecimento adquirido, pela prática e pela experiência resultante do seu aprendizado. Nesse sentido, o aluno aprende a conhecer, aprende a fazer, aprende a conviver e aprende a ser.
c. Professor — É aquele que tem o papel de ensinar, transmitir o conhecimento, conduzir o aluno no processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, o professor faz uso da didática (técnica de ensinar).
d. Didática — A didática é o modo como o professor ensina determinado conteúdo para os alunos, garantindo, por meio de estratégias, a construção do conhecimento.
e. Recursos pedagógicos — Todo o material que será utilizado no preparo e execução da aula: Bíblia, revista do professor, livros de consulta e referência, apontamentos pessoais, ilustrações ou mapas, materiais de recorte, colagem e pintura (se for o caso).
f. Métodos de ensino — Método é um caminho na ministração do ensino pelo professor, para atingir um determinado alvo na aprendizagem do aluno. Em linhas gerais, método é a estratégia traçada pelo professor para ensinar.
Por fim, vale ressaltar que os conceitos elencados acima constituem os aspectos básicos do processo formativo. Há outros conceitos que fazem parte do universo pedagógico e estão na órbita do funcionamento da Escola Dominical. Contudo, os citados acima servem para conduzir superintendentes e professores à compreensão da gestão pedagógica da Escola Dominical em seu âmbito prático.
Na segunda parte deste artigo, veremos os aspectos metodológicos do ensino dominical, bem como a importância dos conteúdos e saberes didáticos para promover uma Escola Bíblica propícia e motivadora ao processo de ensino-aprendizagem. Até a próxima!