A Influência do Líder na Qualidade da Escola Dominical – Parte 2
No exercício da liderança, independentemente do estilo adotado em relação ao grupo, o líder deve prezar sempre pelo treinamento e desenvolvimento de pessoas com vista em capacitá-las para o exercício ministerial e edificação do Corpo de Cristo. Nesse sentido, uma das competências indispensáveis ao trabalho da liderança é a habilidade de comunicação.
2. A habilidade de comunicar-se bem com os liderados.
A comunicação, diferentemente do que muitos pensam, não se trata de um “dom” recebido dos céus. Embora seja verdade que algumas pessoas apresentam certa aptidão para se expressar bem, extroversão e fácil sociabilidade os tímidos também podem desenvolver a habilidade da comunicação tão necessária para potencializar o exercício da liderança. O líder que tem a capacidade de se comunicar com clareza facilita a compreensão de seus liderados a respeito das regras e comandos que precisam ser obedecidos, bem como otimiza o cumprimento das tarefas. Quando há facilidade na comunicação e assertividade nas palavras os liderados não precisam de muitas explicações para cumprir as solicitações do líder.
a. Como exercer uma boa comunicação?
Vale destacar que a comunicação não se resume apenas ao aspecto da língua, isto é, a despeito das palavras que utilizamos na comunicação, mas, também a forma como pronunciamos as ideias que pensamos. Nesse sentido é importante considerar o elemento emocional presente na comunicação, ou seja, a emoção com a qual o líder comunica uma mensagem. Essa emoção se manifesta por meio da entonação da voz, a forma como olha o liderado, a mansidão nas palavras, a educação ao solicitar determinadas tarefas. O líder que domina não apenas a habilidade de comunicar o conteúdo da sua mensagem, mas atenta também para a forma educada como a comunica alcança resultados significativos. Tiago ressalta em sua Carta que “todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). Note que a precipitação no uso das palavras, assim como a reação áspera que evidencia a instabilidade emocional é prejudicial em qualquer relação, inclusive, entre líder e liderados.
b. A comunicação é um dos pilares da liderança.
Uma vez que o requisito básico para o exercício da liderança é a capacidade de transmitir bem uma mensagem, a comunicação do líder deve ocorrer de modo persuasivo, inspirador e motivador aos liderados.
• Persuadir — Conforme o Dicionário Houaiss, é a capacidade de levar alguém a acreditar, aceitar, convencer-se de algo; é também convencer alguém sobre a necessidade de se tomar determinada decisão ou mudar de atitude. Logo, o líder utiliza-se da capacidade de persuasão para conduzir seus liderados ao cumprimento de tarefas e ao alcance de objetivos e metas.
• Inspirador — O líder é aquele que inspira seus liderados na medida que se torna o exemplo a ser seguido. Suas ideias, seu comportamento e a forma como trata as pessoas servem de modelo para seus liderados que almejam alcançar o mesmo estilo de liderança quando estiverem na posição de influência. Nesse sentido, líderes inspiradores tornam-se referência para as próximas gerações de líderes.
• Motivador — Os líderes motivadores são aqueles que criam um ambiente satisfatório para que seus liderados sintam-se confiantes e animados para realizar determinadas tarefas. Esse processo de motivação ocorre pelos estímulos produzidos no ambiente que produzem nos liderados o sentimento de realização, o exercício de responsabilidade e a possibilidade de crescimento.
Todos os aspectos citados acima devem estar presentes intencionalmente na comunicação com a finalidade de que a liderança seja exercida com eficácia, isto é, que os objetivos propostos para a liderança sejam satisfatoriamente alcançados.
3. Os desafios enfrentados pela liderança para pôr em prática o planejamento.
Um dos maiores desafios enfrentados por muitos pastores e superintendentes de Escola Dominical é a implementação do planejamento. Muitos até iniciam a elaboração do planejamento, porém, não passam muitos dias e tudo o que havia sido premeditado, discutido, anotado e ordenado é pouco aplicado em sala de aula ou mesmo na gestão dos recursos da Escola Dominical. Diante desse fato a maior parte dos líderes concentra a energia em cumprir o que é mais pragmático e desconsidera os outros elementos do planejamento que exigem maior atenção e que são fundamentais para a melhoria da qualidade da Escola Dominical. Nesse sentido, a implementação do planejamento de ensino ou de um projeto na Escola Dominical requer conhecimento da intencionalidade, definição de metas e reuniões frequentes. Vejamos em que consiste esses elementos:
a. Intencionalidade
A intencionalidade de um planejamento de ensino consiste na intenção, propósito ou razão da sua existência. Em geral, o planejamento existe como forma de corresponder às necessidades das classes de ensino, mais especificamente, no que diz respeito ao que é preciso para que o professor ministre a sua aula e os alunos assimilem o conteúdo. No entanto, a intenção de um planejamento supera as necessidades básicas da sala de aula e aponta para o processo formativo do aluno. No contexto da Escola Dominical, temos ao menos dois objetivos maiores que devem nortear todas as ações do planejamento de ensino:
• O ensino da Palavra de Deus — A Escola Dominical é o espaço reservado para o ensino bíblico de qualidade com profundidade doutrinária e teológica. É doutrinária porque instrui quais sãos as doutrinas bíblicas, fundamentadas pelos apóstolos, que serviram de norte para o desenvolvimento e crescimento da igreja ao longo dos séculos. É também teológica porque estuda a forma como Deus decidiu se revelar-se à humanidade e, como Criador, relacionar-se com ela.
• A formação do caráter cristão — A intenção do planejamento no contexto da Escola Dominical visa também a formação do caráter cristão, na medida em que o conhecimento abordado resulta no crescimento espiritual, bem como em uma visão ética da vontade de Deus. O aluno que frequenta o espaço da Escola Dominical aprende a pensar e a se comportar de acordo com os ensinamentos de Cristo. Dessa forma, as reflexões realizadas durante os momentos de estudo da Palavra devem moldar a maneira de pensar do cristão e, por conseguinte, o seu estilo de vida.
b. A definição de metas.
Além de compreender a intencionalidade que norteia o planejamento de ensino, o líder deve ponderar os objetivos que precisam ser alcançados. O grande dilema é que muitos líderes consideram que discutir objetivos trata-se de uma tarefa muito exaustiva. Logo, muitos apenas cumprem os objetivos estabelecidos na revista para cada aula. Entretanto, quando se trata de planejamento de ensino, estamos considerando um plano de curso mais amplo, complexo e extenso.
Nesse caso os objetivos de ensino devem ser fragmentados em metas com tempos bem definidos para que possam ser efetivamente alcançados. Metas bem definidas são pequenos avanços que consideram um espaço curto de tempo e exigem menos esforços para serem alcançadas. Um conjunto de metas alcançadas corresponde ao cumprimento efetivo de um objetivo definido para médio ou longo prazo. Nesse sentido, é fundamental que as metas sejam cumpridas com comprometimento e eficiência dentro do curto tempo definido. Ao final, o líder deve verificar se todos cumpriram as metas que foram claramente estabelecidas.
c. Reuniões frequentes.
No cumprimento de um planejamento extenso as metas são tão importantes quanto a realização de reuniões frequentes. Como já mencionado anteriormente, as metas exigem a delimitação de tempo para serem cumpridas. Sendo assim, a verificação do cumprimento das metas ocorre mediante a realização de reuniões periódicas. Nesse espaço, líderes e liderados realizam a prestação de contas, retomam o que foi combinado na última reunião, verificam o que já foi alcançado e delimitam tempo e recursos para a execução das próximas etapas. Por fim, o cumprimento preciso de todas as metas, bem como das etapas de um mesmo processo, resulta no alcance satisfatório dos objetivos gerais delimitados no início de um planejamento.
Considerações finais
Cumprir a missão de liderar pessoas trata-se de uma tarefa complexa, pois não se restringe a receber elogios em razão do êxito alcançado pelo trabalho realizado por toda a equipe. Liderar é assumir responsabilidades com o êxito e também com o fracasso. Se todos estão envolvidos em uma causa e o trabalho bem articulado trouxe resultados significativos, todos devem ser honrados e recompensados. Entretanto, se houver fracasso, todos devem compartilhar do peso do fracasso e trabalhar juntos pela melhoria. Nesse sentido, o maior desafio da liderança é auxiliar seus liderados a encontrarem o equilíbrio no exercício da fé, estabelecer uma comunicação assertiva e promover as condições necessárias para que os seus liderados sintam-se motivados a alcançar os propósitos do planejamento de ensino. Deus estabeleceu uma bênção especial para cada pessoa que exerce o honroso ministério de ensino da Palavra de Deus. Que Deus use a sua vida para treiná-los e fortalecê-los no cumprimento dessa missão!