Lição 9 – Gogue e Magogue: Um dia do Juízo
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES (PARTE 1)
II – SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES (PARTE 2)
III – SOBRE O CONTEXTO ESCATOLÓGICO
CONCLUSÃO
Esta nona lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Identificar Gogue;
2. Identificar Magogue;
3. Explicar o contexto escatológico da profecia.
Para aprofundar a respeito da identidade de Gogue e Magogue, reproduzimos um fragmento textual da obra do pastor Esequias Soares:
Os oráculos contra “contra Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal” constituem um único oráculo em várias partes. A primeira ocupa todo o capítulo 38, que descreve a invasão de Gogue e seus confederados; a segunda, no capítulo 39, anuncia a derrocada dos invasores e seu chefe com o completo aniquilamento dessas hordas pelo poder de Javé. A palavra profética anuncia que antes da restauração espiritual de Israel virão Gogue e seu bando para invadir a Terra Santa, mas eles serão derrotados.
[…] Os pontos principais que precisamos saber a respeito nos nomes “Gogue” e “Magogue” dependem muito da própria profecia. Isso porque não existem análogos geográficos na antiga literatura do Oriente Médio e a identificação deles é escassa no Antigo Testamento. Esse discurso profético ocupa os capítulos 38 e 39 de Ezequiel.
[…] A identidade de Gogue, Magogue, Meseque e Tubal. Sobre a expressão, Filho do homem, ver o Estudo 1, “Ezequiel, o atalaia de Deus”. Com respeito à mensagem … contra Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal, o nome “Gogue” só aparece em Ezequiel, cinco vezes no capítulo 38.2, 3, 14, 16, 18 e seis vezes no capítulo 39.1 (duas vezes), 11 (três vezes), 15 (uma vez). Fora da profecia de Ezequiel, só aparece mais duas vezes nas Escrituras, como um descendente de Rúben, sem nenhum vínculo com a profecia (1Cr 5.4), e na revolta de Satanás contra Deus e seu povo depois do milênio (Ap 20.8). Mas os nomes “Gogue e Magogue” em Apocalipse são emprestados de Ezequiel e não significa que os dois eventos escatológicos, a invasão de Israel depois de sua restauração nacional e a rebelião de Satanás depois do milênio, sejam o mesmo. Alguns consideram nomes enigmáticos, mas não é o que parece, pois isso indicaria que os aliados, como os persas, os etíopes e o de Pute, ou seja, os líbios (v. 5), seriam também nomes enigmáticos, o que não vem ao caso.
Há diversas interpretações para esse nome desde a antiguidade, todas inconclusivas. Para alguns, a descrição profética parece indicar um título, como “Faraó”, no Egito; Xá, na antiga Pérsia; César”, em Roma, e não o nome pessoal de alguém.[1] A inexistência de consenso para a identidade de Gogue não é por falta de esforço ou de pesquisas. Há uma tentativa antiga em identificar com Gogue com Gyges, rei da Lídia, nome que aparece em seis inscrições de Assurbanipal, rei da Assíria (668-631 a.C.). Houve a batalha de Eclipse entre Lídia e Média em 585 a.C.; além disso, Lídia tornou-se dominante na Anatólia ocidental pelo bisneto de Gyges, Alyattes.[2] Se compararmos as datas de Gyges e de Ezequiel, tal interpretação pode fazer sentido; contudo, trata-se de uma interpretação possível, mas que não é absolutamente uma certeza. Para a maioria dos expositores do Antigo Testamento e dos arqueólogos, Gyges é o nome mais cotado para Gogue. A Enciclopédia Judaica identifica também Gogue com o rei Gyges, também conhecido como “Gogo, rei da Lídia”,[3] uma região da Anatólia, na atual Turquia asiática.[4]
Quem ler Ezequiel na atualidade se depara com esse nome sem nenhuma informação ou explicação adicional sobre a sua identidade. Há forte indício nisso de que o público destinatário original dessa mensagem sabia de quem o profeta estava falando. O que pode ter acontecido é que a identificação de Gogue tenha se perdido nas brumas do tempo. Chamar a identidade de Gogue de enigmática nos parece impróprio. A vontade de Deus é que seu povo entenda a sua Palavra; o Espírito Santo não tem intenção de fazer adivinhação.
Terra de Magogue. O nome “Magogue” só aparece cinco vezes em toda a Bíblia, sendo duas vezes em Ezequiel em relação à profecia (38.2; 39.6), duas vezes na descrição da genealogia de Jafé, filho de Noé (Gn 10.2; 1Cr 1.5), e a última vez associado a Gogue na batalha escatológica de Apocalipse (Ap 20.8). O historiador judeu Flávio Josefo (37-103 d.C.), quando escreve sobre a genealogia de Gênesis capítulo 10, procura identificar os povos conhecidos na sua geração que procederam desses filhos de Noé. Nessa lista, Josefo identifica Magogue com os citas, conhecidos hoje como um conjunto de etnias nômades que viviam na região norte do mar Negro e do mar Cáspio: “Magogue fundou a (colônia) dos magogianos, a que chamam citas” (Antiguidades Judaicas, Livro Primeiro, capítulo 6).[5] Os citas aparecem no Novo Testamento juntamente com os bárbaros (Cl 3.11). “Bárbaros” eram os não gregos que não falavam grego e, entre os bárbaros, os citas estavam bem abaixo na escala social e cultural. Segundo Josefo, os citas eram “tão cruéis que não sentem maior prazer do que derramar sangue humano e não diferem quase nada dos animais selvagens” (Contra Ápion, Livro Segundo).[6]
NOTAS
1 LAHAYE, Tim & HINDSON, Ed. Enciclopédia popular de profecia bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 244.
2 BLOCK, Daniel. Ezequiel, vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p. 398.
3 SKOLNIK, Fred (editor in chief) & BERENBAUM, Michael (executive editor). Encyclopaedia Judaica, vol. 7. Detroit, New York, San Francisco, New Haven, Conn, Waterville, Maine, London: Keter Publishing House, 2007, p. 683.
4 Os Dardanelos, antigo Helesponto, é o estreito que liga o mar Egeu ao mar de Mármara, no sul da atual Istambul, e o estreito dos Bósforos, ao norte, liga o mar de Mármara ao mar Negro. O mar de Mármara e esses estritos separam a Turquia europeia, a Trácia, da Turquia asiática, a Anatólia.
5 JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 86.
6 Ibidem, p. 1490.
Texto extraído da obra A Justiça Divina, editada pela CPAD.