Lição 8 – O Evangelho de Lucas
ESBOÇO DA LIÇÃO
1. COMO FOI ESCRITO
2. PECULIARIDADES
3. MILAGRES SOB A ÓTICA MÉDICA
4. O ESPÍRITO SANTO EM LUCAS
OBJETIVOS
SABER como o Evangelho de Lucas foi escrito;
CONHECER os destaques do Evangelho segundo Lucas;
ENTENDER a razão das peculiaridades do livro.
Querido (a) professor (a), vamos apresentar uma introdução do Evangelho de Lucas para os Juvenis. Conhecer o contexto em que o Evangelho foi escrito, em linhas gerais, pode ser uma boa opção para estimular a curiosidade dos alunos em sua aula. Faça um quadro com a estrutura do Evangelho de Lucas que é bastante simples. Essa estrutura será apresentada no decorrer do texto a seguir:
“INTRODUÇÃO A LUCAS
Lucas é o terceiro livro do Novo Testamento. Lucas, mais do que outros escritores do Evangelho, escreve seu Evangelho baseado em suas próprias investigações históricas. Ele inicia: “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” (Lc 1.1-4)
Com essa finalidade, Lucas escreveu dois livros que estão no Novo Testamento: o Evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos. Conforme você observará, o livro de Atos dos Apóstolos começa com uma referência ao Evangelho de Lucas: “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera” (At 1.1,2)
Assim, o Evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos são o primeiro e o segundo volume de uma obra mais extensa.
Nos dois livros, Lucas apresenta evidências de ser um pesquisador cuidadoso que conversou com testemunhas oculares, leu outros relatos, comparou histórias, compilou dados e investigou. E ele estava em uma boa posição para fazer isso. Como companheiro de viagem de Paulo, ele devia conhecer os apóstolos e ter sido apresentado todos. Ele está presente, de forma bastante discreta, no livro de Atos de Apóstolos.
Toda vez que o narrador se refere a uma ação em termos de “nós”, isso indica que Lucas estava com Paulo na ocasião.
Na verdade, pergunto-me se a participação de Lucas nas jornadas missionárias de Paulo, e a oposição que eles encontraram em meio a alguns judeus, foram os fatores que fizeram com que Lucas quisesse investigar as raízes da mensagem de Paulo para os gentios. Alguns judeus diziam que Paulo não deveria falar sobre o Messias para os gentios. Talvez Lucas se perguntasse o que o próprio Jesus falou sobre evangelizar os gentios? Ele pretendera vir como o Messias apenas para o povo judeu ou para todas as nações? E como era realmente Jesus? O que Ele fez e disse? Por uma razão ou outra, Lucas decidiu caçar e examinar as evidências que poderiam responder a esse tipo de pergunta. E talvez esse nobre Teófilo, de fala grega, tenha achado as investigações de
Lucas interessantes o bastante para financiá-las.
Lucas não era judeu e, ao que tudo indica, era médico (C1 4.14). Ele escrevia muito bem em grego — talvez por ser sua língua nativa, talvez por ele ter recebido uma boa educação, ou quem sabe por ambas as coisas. Seja qual for explicação, ele evitou palavras aramaicas como “rabi” “Aba”, que aparecem nos outros Evangelhos.
É provável que Lucas tenha empreendido suas investigações em algum momento no fim da década de 50 ou início da de 60 d.C. Baseamos essa estimativa no fato de que o livro de Atos dos Apóstolos termina antes do início da perseguição que tirou a vida de Pedro e a de Paulo, ocorrida no final da década de 60 d.C. É difícil imaginar que Lucas deixaria de mencionar a morte deles se algum deles já tivesse sido morto.
Lucas escreveu uma parte maior do Novo Testamento que qualquer outro, até mesmo que Paulo ou João. O Evangelho de Lucas é o livro mais longo do Novo Testamento. É duas vezes mais longo que o Evangelho de Marcos, e são necessárias cerca de duas horas para lê-lo com calma.
Quanto à qualidade do Evangelho de Lucas, Ernst Renan, famoso estudioso do século XIX e severo crítico de Jesus, referia-se a esse livro como o mais bonito do mundo.
A estrutura do Evangelho de Lucas é bastante simples:
CAPÍTULOS 1—3 descrevem o nascimento, a infância, o batismo e a genealogia de Jesus.
CAPÍTULOS 4—9 falam sobre o ministério de ensino cura de Jesus, na Galileia. O ponto de virada do livro ocorre no capítulo 9 com estas palavras: “E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém” (9.51).
CAPÍTULOS 10—19 seguem a trajetória de Jesus em direção a Jerusalém. Lucas usa esses capítulos intermediários para recontar o que Jesus ensinou sobre ser discípulo e sobre que Ele faria em Jerusalém.
CAPÍTULOS 19—21 recontam os ensinamentos de Jesus em Jerusalém.
CAPÍTULO 22 registra a prisão de Jesus, enquanto o capítulo 23 descreve o seu julgamento, crucificação e seu sepultamento.
CAPÍTULO 24 relata a ressurreição de Jesus, suas aparições pós-ressurreição e sua ascensão.
Ao ler esse livro, você descobre que Lucas faz algo diferente dos escritores dos outros Evangelhos. Como esse Evangelho a primeira metade de uma obra maior, ele fornece um relato mais completo do que aconteceu após a ressurreição, a fim de fazer ligação da história do Evangelho de Lucas para o livro de Atos de Apóstolos. Assim, além de algumas outras histórias que são exclusivas do Evangelho de Lucas, ele inclui a história da ascensão de Jesus ao céu.
Claro que Lucas tem muito em comum com os outros Evangelhos. A história básica é a mesma, e muitos versículos igualam-se, palavra por palavra, com o que é apresentado nos Evangelhos de Mateus ou de Marcos. Na verdade, cerca de 60% do Evangelho de Marcos é reproduzido textualmente no de Lucas. E Lucas, como Mateus, devota muita atenção a como Jesus cumpriu as profecias do Antigo Testamento. Os escritores dos Evangelhos, claramente, contam a mesma história básica e usam algumas das mesmas fontes básicas oriundas das mesmas pessoas. E, na verdade, esperamos essa concordância básica desses quatro Evangelhos. Já que eles descrevem a mesma vida, muitos dos mesmos eventos e alguns dos mesmos ensinamentos, a sobreposição confirma a autenticidade deles. Contudo, cada Evangelho também tem seu sabor especial, que suplementa e preenche mutuamente a história da vida, da morte da ressurreição de Jesus.”
(DEVER, Mark. A Mensagem do Novo Testamento: Uma exposição Teológica e Homilética. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp. 80-82).
Deus abençoe a sua aula e seus alunos.