Lição 13 – Conselho para uma vida autêntica
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Eduardo Leandro, comentarista do trimestre.
INTRODUÇÃO
Tiago não se limita a doutrinas abstratas, mas nos oferece orientações claras e aplicáveis para viver uma vida cristã autêntica. Ao longo de sua carta, ele aborda questões essenciais como fé, obras, sabedoria e comportamento cristão, sempre com uma abordagem prática que visa a transformação do caráter e das ações dos fiéis. É uma Carta que desafia os leitores a não apenas ouvir uma palavra, mas a praticá-la, demonstrando uma fé viva por meio de ações concretas. Nos versículos finais (Tg 5.13-20), Tiago oferece conselhos que são ao mesmo tempo simples e profundos, abrangendo a oração, a confissão e a restauração. Esses versículos sintetizaram muitas das principais lições da Carta, apresentando uma visão integrada de como a fé se manifesta na vida cotidiana. Tiago enfatiza que a fé verdadeira é dinâmica e interativa, expressando-se por meio de uma vida de oração constante, confissão mútua e um compromisso ativo com a restauração daqueles que se desviaram. A oração é apresentada como uma resposta adequada para todas as situações da vida. Quer estejamos enfrentando aflições, quer estejamos experimentando alegria ou lidando com doenças, a oração a Deus deve ser nossa primeira resposta. Isso demonstra nossa confiança na soberania e no cuidado de Deus, além de manter nosso relacionamento de fé com Ele. Tiago nos encoraja a orar com fé, acreditando no poder de Deus para curar e perdoar, e nos lembra que a oração não é apenas uma prática individual, mas também coletiva, fortalecendo a comunidade cristã. Além da oração, Tiago destaca o poder da confissão e a responsabilidade da restauração. A confissão de pecados, tanto privada quanto pública, promove a humildade e a transparência, essenciais para uma vida cristã autêntica. Ela liberta o indivíduo do peso da culpa e do pecado, permitindo experimentar a graça e o perdão de Deus. A restauração, por sua vez, é uma responsabilidade coletiva, refletindo o coração de Deus que deseja trazer de volta cada ovelha perdida. A busca por aqueles que se afastaram da comunhão exige sensibilidade e compaixão, sendo uma expressão prática do amor cristão e do mandamento de amar o próximo como a nós mesmos.
I. A Importância da Oração
A oração, como expressão de fé e dependência de Deus, deve ser a primeira resposta em qualquer circunstância, demonstrando nossa confiança em sua soberania e cuidado. Além disso, a oração em todas as circunstâncias nos ajuda a manter uma conexão constante com Deus, permitindo que Ele intervenha e nos guie em cada aspecto da nossa vida. Quando oramos, abrimos espaço para que Deus trabalhe em nosso favor, trazendo cura, consolo ou direção. A prática regular da oração reflete uma vida centrada em Deus e fortalece nossa comunhão com Ele. Devemos lembrar que Tiago foi um homem de oração. Na introdução deste livro trouxemos a informação que, devido ao grande tempo na qual ele passava em oração de joelhos, era conhecido como “Tiago joelho de camelo”, devido aos joelhos calejados pelas várias horas de oração nessa posição. Portanto, não é de se admirar que o tema da oração apareça várias vezes nesta Carta. A palavra doente (v.14) tem o sentido de fraco ou frágil. No Novo Testamento a palavra astheneō é utilizada muitas vezes para falar sobre doenças físicas, tais como Lucas 4.40 e Atos 9.37, bem como possui o sentido figurado de “fraco na fé” (Rm 4.19; 14.1), ou de “consciência fraca” (1 Co 8.12). O versículo 15 destaca o poder da oração da fé: “[…] e a ora- ção da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”. A oração deve ser feita com fé, acreditando no poder de Deus para curar e perdoar. A oração da fé é eficaz porque se baseia na confiança nas promessas de Deus e na sua capacidade de operar milagres em nossas vidas. Ademais, a oração da fé nos desafia a olhar além das circunstâncias imediatas e a confiar no poder de Deus para realizar o impossível. Essa confiança não é baseada em nossos méritos, mas na fidelidade de Deus. Quando oramos com fé, alinhamos nosso coração com a vontade de Deus, permitindo que seu poder se manifeste de maneira tangível em nossa vida e na vida daqueles por quem oramos. A orientação de chamar os presbíteros para orarem “sobre” o enfermo, realça o costume na nascente igreja das reponsabilidades dos “oficiais”, dos líderes da igreja em visitar os enfermos, orar por eles e ungi-los. A prática de unção com azeite em conexão com a cura é mencionada apenas em Marcos 6.13. Nos tempos do Novo Testamento essa prática de unção com azeite possuía qualidades medicinais. A interpretação é dupla nesta questão: 1) apresenta a necessidade da visita pastoral ao doente, da oração e do tratamento medicinal. 2) A unção serve como um símbolo de obediência as orientações da palavra de Deus, assim como uma forma de encorajamento à fé do doente em meio a enfermidade.
A oração em comunidade fortalece a fé e promove a cura e a unidade entre os crentes. Quando oramos juntos, somos encorajados pela fé uns dos outros e experimentamos a presença de Deus de maneira mais poderosa. Além disso, a oração coletiva cria um ambiente de apoio mútuo e intercessão, onde os membros da comunidade cristã podem carregar os fardos uns dos outros e buscar a Deus juntos. Essa prática fortalece os laços de amor e cuidado dentro da igreja, promovendo um senso de pertencimento e responsabilidade compartilhada. A oração coletiva é uma expressão de unidade e cooperação, refletindo a interdependência do corpo de Cristo.
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O Poder da Confissão
A confissão de pecados é um passo crucial para a cura e a restauração. Tiago 5.16a diz: “Confessai as vossas culpas uns aos outros.” Reconhecer e confessar nossos pecados promove a humildade e a transparência, essenciais para uma vida autêntica. A confi ssão nos liberta do peso da culpa e do pecado, nos permitindo experimentar a graça e o perdão de Deus. Além disso, a confissão pública ou privada cria um ambiente de responsabilidade e apoio dentro da comunidade cristã. Quando confessamos nossos pecados uns aos outros, abrimos espaço para a intercessão e o encorajamento, fortalecendo a fé e promovendo a cura espiritual. A confissão é um ato de coragem e humildade que nos leva a uma maior intimidade com Deus e com os outros. A confissão não apenas alivia a carga espiritual, como também pode trazer cura física. Tiago 5.16b promete: “[…] e orai uns pelos outros, para que sareis”. A confissão e a oração em comunidade criam um ambiente propício para a cura completa. Quando confessamos nossos pecados e oramos uns pelos outros, ativamos o poder de cura de Deus em nossas vidas, tanto no plano espiritual quanto no físico. Ademais, a cura resultante da confissão e da oração reflete a interconexão entre nosso bem-estar espiritual e físico. O pecado e a culpa podem causar doenças físicas, mas a confissão e a intercessão trazem alívio e restauração. A prática regular da confissão e da oração comunitária nos ajuda a manter uma vida saudável e equilibrada, livre do peso do pecado e aberta à intervenção curativa de Deus. Agora, é necessário esclarecer que, diferentemente da Igreja Católica Romana, onde a confissão ao sacerdote constitui uma parte essencial do sacramento da penitência,2 não acreditamos que o outro ser humano (no caso o padre ou pastor), possua a autoridade de absolver pecados que a eles foram confessados. Somente Deus (e ninguém mais), por meio do sacrifício de Jesus na cruz, mediante a fé, pode perdoar pecados. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9, NAA). Tiago 5.17-18 usa o exemplo de Elias para ilustrar o poder da oração sincera e eficaz: “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto”. Elias, um homem comum, alcançou resultados extraordinários através da oração fervorosa, encorajando-nos a fazer o mesmo. O exemplo de Elias nos mostra que a eficácia da oração não depende de nossa perfeição, mas da nossa fé e persistência. Mesmo sendo um ser humano sujeito a falhas e fraquezas, Elias confiou no poder de Deus e viu grandes milagres acontecerem. Sua vida nos desafia a orar com fervor e a confiar que Deus pode operar maravilhas por meio de nossas orações, independentemente de nossas limitações humanas.