Lição 02 – Somos Cristãos
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – PREVENINDO-SE CONTRA A TENDÊNCIA JUDAIZANTE
II – A TENDÊNCIA JUDAIZANTE NO INÍCIO DA IGREJA
III – TENDÊNCIA JUDAIZANTE HOJE
CONCLUSÃO
Esta primeira lição tem quatro objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
I) Apontar a tendência judaizante predominante entre os primeiros cristãos;
II) Elencar as pressões sofridas pelos apóstolos por parte dos judaizantes que se opunham ao Evangelho da graça;
III) Mostrar de que forma a doutrina judaizante se faz presente entre os cristãos atualmente.
PREVENINDO-SE CONTRA A TENDÊNCIA JUDAIZANTE
Os primeiros membros da igreja primitiva eram judeus. Com a expansão do cristianismo entre os não judeus, principalmente gregos e romanos, o número deles ia aumentado; à medida que o tempo passava, a presença de judeus ia diminuindo. Como resultado do avanço do evangelho entre as nações, os povos fora da comunidade de Israel, chamados gentios (1 Co 12.2; Ef 2.11), surge o problema sobre o estilo de vida delas. Foi nesse contexto que surgiram os judaizantes, judeus convertidos ao evangelho de Jesus Cristo, de origem farisaica, os quais insistiam na tese de que os gentios convertidos à fé cristã deviam viver de acordo com a lei de Moisés. O apóstolo Paulo combateu com muita ênfase essa doutrina.
Tão logo Paulo retorna de sua primeira viagem missionária, fica sabendo que os irmãos das igrejas da Galácia haviam adotado o legalismo judaico. Os responsáveis por esse desvio eram os legalistas judeus e, por isso, são chamados de judaizantes. Esse termo é proveniente do verbo grego ioudaizō, “viver como judeu, adotar costumes e ritos judaicos”, e aparece apenas uma única vez no Novo Testamento (Gl 2.14).
Atos 9.26-30 relata a primeira visita de Paulo a Jerusalém já como discípulo de Jesus. Ele fugia dos judeus de Damasco. Essa fuga aconteceu três anos depois de sua conversão (Gl 1.18). Apesar do seu testemunho em Damasco, os discípulos em Jerusalém ainda viam Saulo com suspeita. Foi nessa sua curta visita que Barnabé o introduziu no seio da igreja e o apresentou aos apóstolos, testificando da sua experiência com Jesus (vv. 26-28). Mas, os judeus de Jerusalém também procuravam matá-lo por causa do seu testemunho (v. 29). Por isso, o Senhor Jesus mandou que ele se retirasse depressa da cidade, como o próprio Paulo testifica mais adiante: “Ande logo e saia imediatamente de Jerusalém, porque não aceitarão o seu testemunho a meu respeito” (At 22.18). Assim, os irmãos o acompanharam até o porto de Cesareia Marítima, onde embarcou para a sua cidade natal, Tarso (At 9.30).
Catorze anos depois da sua conversão a Cristo, Paulo sobe pela segunda vez a Jerusalém “por uma revelação” (Gl 2.1,2), numa visita rápida para levar os donativos para os irmãos pobres de Jerusalém (At 11.27-30). Não confundir essa visita de Paulo com a sua ida ao Concílio de Jerusalém, registrada em Atos 15. Gálatas foi escrita antes do referido Concílio. Somando os anos mencionados nessa epístola, podemos afirmar que essa visita aconteceu antes de sua primeira viagem missionária.
Barnabé e Tito integravam a comitiva de Paulo. Barnabé era judeu, natural de Chipre (At 4.36), o fato de Tito ser grego constituiu um risco para Paulo, mas não foi uma provocação introduzir um incircunciso no seio dos judeus. Os judaizantes queriam que Tito fosse circuncidado. Onde quer que Paulo fundasse igrejas, os judaizantes iam em seu encalço para despregar o que ele pregava. O evangelho que Paulo anunciava era algo novo tanto para os gentios como para os judeus. Paulo chegou a ser tolerante com os fracos na fé, a ponto de circuncidar Timóteo (At 16.3); mas nessa reunião em Jerusalém, em que expôs o evangelho que pregava aos gentios, ele não cedeu nem um pouco, “nem por uma hora”(Gl 2.5). A indignação de Paulo não era com sua posição ou seu status de apóstolo de Cristo. A questão era, como declara duas vezes, a “verdade do evangelho” (Gl 2.5,14). Tanto Paulo como os demais apóstolos viam em tudo isso dois problemas sérios: a ameaça à liberdade cristã e o perigo de o cristianismo tornar-se mera seita judaica. Estava em jogo a verdade do evangelho e o futuro do próprio cristianismo. Isso explica por que o apóstolo Paulo foi tão contundente com os judaizantes.
Não é necessário muito esforço para se perceber o quanto Paulo e Barnabé foram pressionados pelos judaizantes diante dos demais apóstolos de Jerusalém. Parece que, dos apóstolos, somente João, Pedro e Tiago estavam presentes (Gl 2.9). Os outros deviam estar em plena atividade missionária em outras regiões. Esses judaizantes, chamados de “falsos irmãos”, conseguiram “furar o bloqueio”, entrando sem serem convidados à reunião (Gl 2.4). Eram inimigos da liberdade cristã, do evangelho, de Paulo e do próprio cristianismo. O pior de tudo é que essas pessoas estavam infiltradas na igreja e conseguiam até entrar em reuniões apostólicas.
Texto extraído da obra Em Defesa da Fé Cristã, editada pela CPAD.