Lição 07 – Proteção contra a insensatez
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Marcelo Oliveira, comentarista do trimestre.
INTRODUÇÃO
Vivemos num tempo em que procurar andar num caminho virtuoso, conforme ensina as Sagradas Escrituras, pode ser considerado por alguns como falso moralismo. Isso faz parte das ideias que influenciam a cultura de nosso tempo. As pessoas que são influenciadas pela cultura dominante têm dificuldades com o estilo de vida moderado, temperado e prudente e exaltam o estilo insensato de vida, completamente imoderado, destemperado e imprudente.
No Movimento Evangélico, há quem confunda a vida moderada e prudente, que o cristianismo bíblico proporciona, com o falso moralismo ou legalismo. Não por acaso, tornou-se frequente, quando ocorre, por exemplo, um escândalo sexual, alguns atrelarem esse pecado à ortodoxia bíblica, afirmando que quem a defende é um verdadeiro hipócrita; assim, acusam aqueles que buscam uma vida entusiasmada de santidade de legalistas ou algo do tipo, como se quem fosse mais heterodoxo ao Movimento estivesse isento dos escândalos morais.
É verdade que, em nosso meio, há quem se esconda por trás da capa da santidade. Também é verdade que há um perigo iminente de um personagem público ser construído para esconder uma pessoa privada. Isso, contudo, não significa que, por causa da hipocrisia espiritual de alguns, venhamos deixar de estimular de maneira sadia a vida de santidade. Outrossim, a realidade mostra que escândalos acontecem entre ortodoxos e liberais, conservadores e progressistas, silenciosos e barulhentos. O problema continua a ser a velha natureza humana.
Neste capítulo, veremos que a sabedoria bíblica estimula um estilo de vida moderado, temperado e prudente e, ao mesmo tempo, reforça a denúncia do perigo que o estilo de vida insensato de vida e completamente imoderado, destemperado e imprudente traz para o ser humano. Para aprofundar esse tema, o capítulo 9 de Provérbios, de modo literário e singular, apresenta duas senhoras: a dona sabedoria e a dona loucura. O desejo do sábio é que o jovem que o lê dê ouvido à dona sabedoria e ignore a dona loucura. Aqui, o capítulo não trata de moralismo ou legalismo, mas, sim, de vida com sabedoria.
DUAS SENHORAS: DONA SABEDORIA E DONA LOUCURA
O capítulo 9
Esse capítulo de Provérbios é a conclusão da primeira seção do livro (1–9). Essa seção faz uma apologia à sabedoria. Nos nove primeiros capítulos de Provérbios, o sábio procura destacar como a sabedoria é boa, verdadeira e bela e, uma vez aplicada, como é edificação e coluna para a vida do jovem (Pv 9.1). De acordo com os estudiosos, podemos dividir o capítulo em três seções:
O convite da senhora sabedoria (vv. 1-6);
O interlúdio entre os dois convites (vv. 7-12);
O convite da senhora loucura (vv. 13-18).
Neste capítulo, temos o propósito de abordar apenas a primeira (vv. 1-6) e a terceira seção (13–18). Não nos deteremos na seção de interlúdio. Na primeira e na terceira seções, deteremos nossa atenção às duas senhoras que apelam ao coração do jovem: a senhora sabedoria, com a sua moderação, temperança e prudência, e a senhora loucura, com a sua imoderação, destemperança e imprudência.
A senhora sabedoria
O capítulo 9 apresenta a sabedoria como uma senhora que, em primeiro lugar, edificou a sua casa sobre sete colunas, ou seja, uma casa espaçosa, alicerçada e confortável para receber os que desejam acolhimento nas suas dependências (v. 1). As sete colunas, como veremos ao longo do texto bíblico, que podem ser contempladas com o símbolo no número 7, aparecem com o sentido de “plenitude”, representando também segurança, vida estabilizada e alicerçada.
Além disso, ela preparou a mesa com comidas saborosas e bebidas de aromas agradáveis (v. 2). Dessa forma, ela deu ordens às criadas para convidar todos os que são simples e faltos de entendimento (vv. 3,4).
“Comidas saborosas” e “bebidas de aromas agradáveis” revelam o prazer que a busca da sabedoria pode proporcionar à pessoa que a ama. Cada vez que avançamos mais na sabedoria de Deus, mais prazeroso torna-se o caminho, e nossa peregrinação de buscar o bem do Senhor revela-se cada vez mais graciosa. É interessante destacar aqui que as “criadas” normalmente são apresentadas como os mestres, os líderes espirituais e os pais que constituem a relação do jovem. A ideia aqui é mostrar que jamais aprenderemos sabedoria por conta própria. O banquete foi preparado, e a mesa está posta, mas é preciso que nos deixemos ser servidos.
Essas criadas simbolizam os ministérios que o Senhor Deus levantou na dispensação da graça no sentido de guiar a sua Igreja. Para isso, Deus levantou os pastores, os mestres e os que ensinam para auxiliar-nos no aperfeiçoamento da vida cristã conforme os valores do Reino. Nesse contexto, a senhora sabedoria conclama todos os jovens: “vinde, comei e bebei” da sabedoria (v. 5). Quem aceita esse convite abandona a insensatez e caminha pela trilha do reto entendimento (v. 6).
A senhora loucura
Diferentemente da senhora sabedoria, a senhora loucura é “alvoroçadora”, isto é, barulhenta e, ao mesmo tempo, sedutora em estratégias para enlaçar a sua vítima (v. 13; 7.11). A senhora loucura é uma espécie de “louca desvairada” que vive apenas segundo os seus sentidos e instintos. Não há moderação, não há temperança, muito menos prudência. Ela faz tudo o que vem à cabeça. Tudo se resume a uma palavra: prazer.
Diferentemente da senhora sabedoria, ela não tem entendimento, falta-lhe o bom senso e o respeito pelas coisas de Deus (v. 13). A senhora loucura pensa ser perda de tempo o ponderar sobre as coisas, o mensurar se nosso caminho está conforme o que nos ensina a Palavra de Deus. Passar a desrespeitar a ideia do “sagrado”, a reverência com as coisas de Deus e a percepção sacra de várias áreas da vida cristã é uma prática corriqueira da senhora desvairada.
A arma da sua sedução é apresentada de uma posição de esplendor, pois a senhora loucura assenta-se nas alturas da cidade (v. 14). De lá, juntamente com uma elite formadora de cultura, ela chama os jovens simples, seduzindo-os da seguinte forma: “As águas roubadas são doces, e o pão comido às ocultas é suave” (Pv 9.17). Esse convite não lembra as falas da serpente a Eva (Gn 3.4,5)? Sim, essa arma sedutora lembra que a imagem da senhora loucura não se refere a uma pessoa apenas, mas também a uma cultura dominante, aos agentes dessa cultura que não descansarão até que consigam quebrar toda a sua cosmovisão de sacralidade da vida. O capítulo, portanto, encerra de maneira dramática, dizendo que onde a senhora loucura está também se encontram os mortos, nas profundezas do Inferno (v. 18). Essa seção, então, mostra que é melhor escolher o caminho de vida do que o caminho da morte.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!