Lição 11 – A Realidade Bíblica da Esperança
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Alexandre Coelho, comentarista do trimestre.
Introdução
O mundo vem passando por momentos de euforia, avanços científicos e descobertas de tratamentos que podem salvar vidas. Mas também nos vemos envoltos em notícias que podem nos trazer desesperança e medo do futuro. Os tempos vêm se tornando mais sombrios e incertos.
Sendo assim, o que a fé cristã tem a dizer sobre como devemos nos portar nesses momentos? Que esperança o evangelho de Jesus oferece para esta vida?
I – A Fé Cristã numa Era de Desespero
Os nossos dias têm visto muitas pessoas se desesperando e se tornando cada vez mais descrentes em dias melhores.
1. Desesperança por causa de doenças e guerras
Podemos definir a palavra desespero como sendo, segundo o Dicionário Aurélio, um “Estado de espírito (sensação ruim) que faz com que alguém acredite estar num momento sem saída”. Uma doença que paralisa o mundo inteiro, prendendo pessoas dentro de suas casas e causando uma alta taxa de mortalidade, uma nova guerra ou uma crise financeira são suficientes para trazer desespero a muitas pessoas. Há pouco tempo passamos por tais situações, e, nesse período, muitas pessoas desenvolveram depressão, pânico e outros problemas congêneres. Afastamento social, perda do emprego, da renda e a falta de perspectiva de quando esse cenário terminaria trouxeram desespero para bilhões de pessoas nos últimos 5 anos.
Um profeta grandemente usado por Deus passou por tantos momentos de desgosto que desejou não ter nascido. Ele havia sido comissionado por Deus para falar com Judá. Suas palavras eram inspiradas. Deus falava com ele e lhe adiantou que a sua mensagem não seria recebida, e o povo seria julgado duramente. Ele é conhecido como “profeta chorão”, mas esse título expressa os muitos momentos de tristeza por ter profetizado, não ter sido ouvido e ainda ter presenciado o cumprimento de suas profecias.
O profeta passou por momentos de desespero, pois parecia que o seu ministério não surtia efeito e muitas mortes foram realizadas em sua frente.
O apóstolo Paulo, em um momento de angústia, menciona aos coríntios: “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos” (2 Co 1.8). Até os servos de Deus podem passar por situações em que o desespero tira por completo a perspectiva de melhoras no presente, mas Paulo disse que apesar da sentença de morte com a qual havia se deparado, Deus trouxe livramento necessário naquela situação (2 Co 1.10)
Em ambos os casos, pudemos ver que mesmo pessoas cheias de Deus e movidas pelo seu Espírito podem passar por momentos de desespero, mas nunca serão abandonadas pelo Senhor.
2. Desesperança por questões econômicas e profissionais
Com a economia globalizada que vemos em nossos dias, é comum que as pessoas sejam afetadas por notícias que apresentem altos índices de desemprego, afetando famílias inteiras, colocando em risco segurança, educação, alimentação e abrigo para milhares de pessoas. Se por um lado a palavra esperança traz a ideia de uma perspectiva positiva relacionada ao futuro, por outro lado, desesperança afeta negativamente a nossa percepção do que ainda está para acontecer.
As restrições sanitárias ocorridas recentemente no mundo foram responsáveis por frear o crescimento da indústria e do comércio, gerando uma retração na economia global. Essa retração foi sentida por milhares de famílias em nosso país.
Notemos que tal sentimento afeta grupos sociais cujos governos não conseguem prover as estruturas básicas para suas populações, o que acontece nos países mais pobres, mas também acontece em países desenvolvidos, onde há altos índices de suicídio. O desespero afeta a nossa percepção do presente, e a desesperança, a nossa percepção do futuro. A esperança de que precisamos só é possível encontrar em Deus.
3. A busca por esperança nos lugares errados
Não saber o que vai acontecer no futuro traz bastante desconforto às pessoas. É normal da mente humana ser ansiosa no tocante ao futuro, mas na busca de uma certeza, ou de uma sombra dela, para o que virá à frente, muitas pessoas buscam no sobrenatural, na adivinhação e no oculto informações que as ajudem a tomar decisões acertadas. Em vez de buscarem em Deus uma esperança, recorrem às trevas para serem cada vez mais confundidos. Sentem-se seduzidos por notícias encantadoras e românticas, e assim seguem rumo ao desconhecido e à perdição.
No Antigo Testamento, Deus adverte seu povo a que não adotasse práticas que os seus vizinhos cananeus tinham, e deixa claro que entre os hebreus não deveria haver “Nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos” (Dt 18.11). O perigo de buscar esperança nas artes adivinhatórias, no movimento dos astros, em cartas e sortilégios reside no deslocamento do foco das pessoas, foco na confiança que era devida somente a Deus, e que tal perda de foco as conduziria ao pecado.
O Eterno completa dizendo: “Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor, teu Deus, as lança fora de diante de ti” (Dt 18.12). De forma bem prática, Deus não somente adverte seu povo a não abrigar, nem procurar essas práticas, como ainda mostra as consequências desses atos.
Em todos os casos citados, a maior fonte de desesperança é a falta do conhecimento de Deus, para as pessoas que não conhecem ou rejeitam o evangelho.
Digna de nota, dentro dessa perspectiva de uma vida voltada à busca da esperança no sobrenatural, é a ideia de que uma pessoa pode ter a oportunidade de ter mais de uma vida para poder realizar todos os seus projetos e, dessa forma, não se preocupar com a salvação ofertada por Deus. Estamos falando da reencarnação, que alega oferecer a quem crê em seus ensinamentos a possibilidade de uma esperança, e não de um juízo após a morte.
II – Esperança para esta Vida
1. A salvação
A salvação oferecida por Deus é motivo de esperança para quem aceita a Jesus. A consciência de perdão dos pecados, de pertencimento ao povo de Deus e a certeza da vida eterna nos céus são motivos de esperança. A salvação é a porta de entrada de muitas bênçãos para àqueles que andam na luz: “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor e tendo por capacete a esperança da salvação” (1 Ts 5.8).
Se não fosse a salvação trazida por Deus, morreríamos nos nossos pecados e o nosso destino seria o Inferno. Há uma esperança para o ser humano na salvação de Deus.
2. Uma mente transformada por Cristo
Há uma conexão entre a santificação e a capacidade de pensar os motivos que nos fazem ter esperança. O apóstolo Pedro diz aos seus leitores, crentes, que naquele momento estavam sendo perseguidos, que santificassem a Cristo nos seus corações, e estivessem prontos para dar uma resposta adequada, com “mansidão e temor”, a qualquer pessoa que os procurasse pedindo a razão da esperança que eles tinham (1 Pe 3.15).
Observe que essa é a orientação de Deus para todos os crentes. Primeiro, que estejamos preparados. Isso implica estudar e se aprofundar no conhecimento das coisas de Deus. Os crentes nos dias de Pedro não dispunham do conhecimento que temos, nem mesmo dos instrumentos tecnológicos que temos hoje. Ainda assim, o cristianismo se difundiu em todo o Império Romano, pois os crentes sabiam como apresentar a sua fé aos questionadores. Segundo que possamos responder com mansidão e temor. Se vamos explicar o motivo da nossa fé, devemos fazê-lo não com um espírito beligerante, mas com humildade e temor diante de Deus, para que possamos depender do Espírito em nossas palavras. Terceiro, que o nosso foco seja o motivo da esperança que temos em nós. Que nossas palavras sejam portas de conhecimento e piedade diante daqueles que precisam saber acerca de Jesus.
A esperança que temos pode ser explicada. Quem serve a Jesus tem motivos de sobra para se alegrar, mesmo quando sob tribulação. E mais do que isso, a experiência que temos dia a dia com Deus reforça a nossa forma de crer e de pensar, e cabe a nós não somente a busca da santificação, mas também ter os argumentos intelectuais necessários para justificar a nossa fé em Deus.
III – Esperança para a Vida que Virá
Ter esperança para o que ainda virá, se respaldados na Palavra de Deus, não é uma forma de fugir da realidade presente. Mesmo os que nutrem esperança em alguma coisa o fazem com perspectivas futuras, aguardando o passar do tempo para ver se elas se concretizam. A fé cristã, segundo a Palavra de Deus, nos direciona a olhar para a eternidade, onde realmente teremos muito mais e por um tempo que não pode ser mensurado. O cristão não é, portanto, uma pessoa que busca fugir da realidade de seus dias, mas, sim, uma pessoa que pensa na eternidade, na realidade que não vai ter fim.
Entendemos, pela Palavra de Deus, que nossa pátria é o Céu. Este mundo tenta nos motivar a crer no que vemos, e isso pode nos tirar o foco das coisas da eternidade.
1. Vitória sobre a morte
Um dos momentos de maior desespero para quem não serve a Jesus é a morte de uma pessoa próxima. O evento morte é chamado por Jó de “rei dos terrores” (Jó 18.14), de quem não se pode escapar. Mas já que ninguém pode escapar da morte, advinda do processo de envelhecimento ou de algum outro efeito no corpo, por que os cristãos têm esperança de que um dia serão vencedores sobre a morte?
A esperança que o cristão tem acerca da vitória sobre a morte não se pauta naquilo que ele pode fazer, pois a morte é inerente à humanidade pecaminosa. Mesmo tendo aceitado a Jesus e sido feitas novas criaturas, ainda estamos sujeitos aos efeitos do pecado em nosso corpo mortal. A esperança que o cristão possui acerca da vitória sobre a morte se pauta no poder de Deus e na ressurreição do Senhor Jesus Cristo. Ele nos deu o exemplo quando ressuscitou dentre os mortos, e é chamado de “primogênito dos mortos” (Ap 1.5).
O apóstolo Paulo tinha tanta certeza da vitória sobre a morte, para aqueles que tinham recebido a Jesus, que perguntou: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1 Co 15.55). Em nossos dias a morte ainda possui um poder, mas em breve ela será vencida.
Digno de nota é que a nossa vitória sobre a morte pode ter dois aspectos. O primeiro é se formos observar o assunto sob o ponto de vista do arrebatamento prometido por Jesus.
De acordo a revelação recebida por Paulo, a nossa vitória sobre a morte começará pelos que morreram. Os que passaram pela morte, crendo na promessa de Deus, terão seus corpos, com seus órgãos desintegrados, trazidos de volta à vida. Imagine a multidão com milhões de pessoas que já existiram sendo trazidas de volta à existência em menos de um segundo. Os santos e santas de Deus que a morte levou, terá de devolver. É a primeira vitória contra a morte.
O segundo será para aqueles que estiverem vivos por ocasião do arrebatamento. A morte não os atingirá. Seus corpos passarão por uma transformação tal que os permitirá viver para sempre.
Nesses dois casos, temos em mente aquilo que Deus sempre pretendeu: que o homem não morresse. Essas imagens bíblicas do futuro não combinam com os cerimoniais fúnebres com as quais temos de conviver nesta vida. A morte, um dia será derrotada, e quem serve a Jesus deve ter essa esperança, pois ela é uma promessa bíblica.
2. Vitória sobre o mal
O mal é uma realidade neste mundo. Estamos cercados de pessoas que são levadas pela maldade, ora como vítimas, ora como agentes. Pessoas se armam e atentam contra a vida de outros seres humanos por algum tipo de insatisfação. Mães decidem matar os bebês que carregam no ventre por entender que o corpo é delas, e que gerar uma vida vai ser um obstáculo para realizações futuras, e homens a quem é dada autoridade se valem dela para roubar e espoliar outras pessoas. O mal tem muitas faces, e cada dia uma nova aparece em algum lugar do mundo.
Essas são faces do mal, e muitas outras manifestações malignas estão à nossa volta, como a opressão espiritual e a ação de demônios influenciando ou possuindo pessoas. Desde que nascemos, o mal é uma realidade constante em um mundo atingido pelo pecado, mas um dia Satanás será julgado e condenado.
A orientação divina é que, apesar de estarmos cercados pelo mal, devemos nos afastar dele (1 Ts 5.22). Mais do que isso, estamos sujeitos a ser alcançados por ele, mas a nossa resposta é “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21). Deus se encarregará de julgar toda a maldade praticada pelos homens.
Conclusão
A fé cristã nos aponta a esperança como virtude que os crentes devem cultivar, porquanto a presença de Jesus em nós, por meio do seu Santo Espírito, nos traz conforto e segurança não somente para as situações difíceis pelas quais passamos, mas também nos inspira para estar preparados para o que Deus reservou aos que o amam nesta vida e no porvir.
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. O Padrão Bíblico Para a Vida Cristã: Caminhando Segundo os Ensinos das Sagradas Escrituras. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.