Lição 7 – A realidade bíblica do casamento
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Alexandro Coelho, comentarista do trimestre.
Introdução
Uma das instituições mais valorizadas pela fé cristã é o casamento. Por meio dele, Deus abençoa a união lícita entre um homem e uma mulher, e os filhos dessa união. Mas esse modelo divino vem sendo ameaçado por uma séria de opções modernas que renegam a união pretendida por Deus, tirando a sua sacralidade e banalizando o projeto divino.
Conforme tratam as Sagradas Escrituras, o casamento é uma bênção e foi criado para ser duradouro. Entretanto, em nossos dias, essa instituição vem perdendo, por parte dos homens, o devido valor dado por Deus. Para que entendamos, portanto, a sua importância, trataremos de como ele é visto aos olhos do Pai e as distorções feitas pelos homens.
I – O que É o Casamento
1. Uma definição
O casamento pode ser definido como a união entre um homem e uma mulher, que decidem formar uma família, apoiando-se mutuamente e demonstrando amor e respeito um pelo outro, por meio de um acordo de amor perante Deus e a sociedade. Reiteramos que a Palavra de Deus requer que essa união seja feita entre um homem e uma mulher, pois tal perspectiva vem da própria criação divina, que fez um homem e uma mulher para que se ajudassem e se completassem.
Sempre que há um casamento, esse é feito, portanto, com a presença de três participantes: Deus (o Criador), o homem e a mulher (seres criados). Deus se coloca como testemunha perante um casal que vem ao altar e se apresenta diante dEle para firmarem um compromisso de vida.
2. Deus e o casamento
O Eterno também participa do casamento, pois foi Ele que o instituiu. Deus estabeleceu também os princípios pelos quais o casal deve se relacionar, como a fidelidade. Se um homem é fiel à sua esposa, demonstra amor e cuidado por ela, ele é fiel a Deus e demonstra seu temor ao Eterno, e se a mulher é fiel ao seu esposo, respeita-o e cuida dele, ela também demonstra sua fidelidade e temor a Deus. Esse é o comportamento esperado por Deus de quem se casa.
Quando observamos as páginas do Antigo Testamento, veremos que nem sempre o povo de Deus seguiu essas orientações, porquanto tomavam como exemplo as práticas dos povos à sua volta. Ao chegarem à Terra Prometida, eles reforçaram práticas como o divórcio, a bigamia, o adultério e o desrespeito entre o casal, distorcendo o projeto divino e envergonhando a vocação exemplar que haviam recebido.
A título de exemplo, o profeta Malaquias, em seus dias, retratou uma realidade vergonhosa entre os seus contemporâneos. Os homens traziam suas ofertas e se derramavam em lágrimas diante de Deus, mas o Eterno os rejeitava. E qual o motivo da rejeição de Deus para os homens do povo, afinal, eles vinham prestar um culto ao Senhor?
Aparentemente, os homens estavam se divorciando de suas esposas e se casando com mulheres mais novas, e isso foi abominável ao Senhor. Não adianta uma pessoa casada ser desleal com seu cônjuge e tentar achegar-se a Deus seguindo os protocolos do culto, como se isso fosse lhe garantir a bênção divina. Os critérios de Deus para o culto não são somente externos, mas internos também. Por mais que o formato do culto agradável a Deus pudesse ser realizado, a vida daqueles homens
estava infringindo a presença do Senhor, que havia sido testemunha de seus casamentos. Deus os repreendeu por desejarem mulheres mais novas e rejeitarem a esposa com que se casaram quando eram jovens. Deus valoriza as nossas ações tanto dentro quanto fora do santuário, e o casamento faz parte das nossas ações. Deus não brinca com a adoração que lhe prestamos, pois ela deve ser feita da forma como Deus nos orienta.
II – O Tratamento entre o Casal
1. Aliança diante do altar
Como vimos, para o cristianismo, o casamento é um evento celebrado diante de Deus, e ele é tão importante que somos informados da presença de Jesus numa dessas cerimônias, e foi lá que o seu ministério começou. Ele havia sido convidado para a celebração em Caná, localidade na Galileia, e quando houve a falta do vinho, Jesus interveio transformando a água em vinho e garantindo a continuidade daquela celebração.
O primeiro milagre do Senhor Jesus foi realizado em um casamento (Jo 2.11), pois os noivos o convidaram para participar com eles daquele enlace. Quando um homem e uma mulher decidem se casar, não podem deixar Jesus de fora dessa decisão.
2. O trato com a esposa
Deus estabeleceu critérios para que o homem convivesse com sua esposa. Dentre esses critérios, destacamos o amor: “Vós, maridos, amai vossa mulher, como também como também Cristo amou a igreja” (Ef 5.25). O padrão de Deus para que o homem aprenda a amar sua esposa é o amor de Jesus pela igreja, e não menos do que isso.
O ato de honrar a esposa também deve ser uma constante para o marido, pois ela é participante com ele da vida eterna (1 Pe 3.7). Pedro comenta isso pois os seus leitores da Ásia Menor precisavam entender, de forma prática, a responsabilidade que Deus deposita sobre o homem. Numa sociedade em que as mulheres eram desvalorizadas, Deus orientou o apóstolo a falar com os homens que eles deveriam considerar a sua esposa como uma pessoa a quem deveriam dar destaque de forma positiva.
Outro critério é a proteção: cabe ao homem defender sua esposa e prover o que for necessário para que ela se sinta segura do amor com que ele prometeu. E aos olhos de Deus esse ato de defender a esposa deve ser feito de forma real e amorosa. As orientações para o homem são ainda mais contundentes. O apóstolo Pedro destaca que se o esposo não tratar bem de sua esposa, suas orações serão impedidas (1 Pe 3.7). Essa é uma declaração bastante séria, se pensarmos que tal fala não é destinada às mulheres, somente aos homens. Ter os céus fechados para as nossas súplicas é uma forma de Deus dizer ao homem: “Se você não tratar bem a minha filha, Eu não vou ouvir você!”
3. A mulher e o trato com seu esposo
Salomão destaca que “O que acha uma mulher acha uma coisa boa e alcançou a benevolência do Senhor” (Pv 18.22), dada à importância de um homem se casar com uma mulher que seja realmente uma bênção. Mas o sábio também registra que é “melhor morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda” (Pv 21.19, ARA). O comportamento da mulher tem uma séria influência no casamento.
Da mesma forma que há regras claras de convivência para o homem, há também ordenanças para as mulheres. A esposa deve honrar seu marido, respeitando-o e sendo submissa. A submissão tem o sentido de estar debaixo da mesma missão. Homem e mulher não são concorrentes diante de Deus, nem o devem ser um para com o outro. São companheiros que trabalham juntos pelo Reino de Deus, cada um com uma função específica, e que, em seu lar, trabalham juntos para construir uma relação sólida.
Ao homem, Deus deixou a responsabilidade de liderar, com a certeza de que será cobrado por isso. À mulher, Deus ordenou que fosse uma auxiliadora idônea, e isso em nada diminui o seu papel, “de maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele” (1 Co 12.26). Em nossos dias, temos visto levantes que buscam diminuir a masculinidade e exaltar em seu detrimento o protagonismo feminino exacerbado, como se em vez de companheiros na jornada, homens e mulheres fossem concorrentes. Aquilo que é destinado ao homem para realizar, ele deve fazer, da mesma forma que o que Deus deseja para a mulher deve ser feito de forma específica. Por mais que
sejamos todos um no Corpo de Cristo, esse corpo é feito de vários membros, e todos devem funcionar dentro daquilo que foram criados para fazer, ou o corpo pode adoecer.
III – Outras Questões sobre o Casamento
1. A morte encerra o casamento
Como estamos destinados, por causa do pecado, à morte, assim também o casamento está sujeito ao fim quando um dos cônjuges falece. A partir da morte de um cônjuge, o cônjuge sobrevivente pode se casar novamente, se assim o desejar. Nos dias do apóstolo Paulo, como também acontece nos nossos, havia casos de viuvez, e ele recomendou que se a mulher viúva quisesse se casar novamente, estava livre para isso, desde que se casasse no Senhor. Esse princípio também vale para os solteiros que ainda não contraíram núpcias.
Cabe aqui uma observação: A escolha da pessoa com quem se casar deve ser voltada para outra que já esteja servindo ao Senhor, ou esse casamento futuramente terá adversidades sérias. Em um casamento misto, em que um cônjuge professa uma fé diferente da do outro cônjuge, a tendência é que, nas coisas espirituais, as vontades serão diferentes e possivelmente contrárias. O profeta Amós pergunta,
usado por Deus: “Andarão os dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Am 3.3).
A fé cristã ensina que, para que o casamento seja harmonioso, deve ser pautado por princípios espirituais, e não somente os físicos e sexuais: “Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada” (Pv 31.30). A escolha da pessoa com quem vamos nos casar é de nossa responsabilidade, por isso, devemos seguir os princípios da Palavra de Deus.
2. O divórcio
O divórcio é o fim da união conjugal pela lei dos homens. Ele não foi planejado por Deus, mas era uma prática considerada comum nos tempos bíblicos por causa da dureza de coração de muitos homens. Havia quem pensasse que o divórcio poderia ser iniciado por qualquer motivo, como uma comida que foi queimada durante o preparo ou porque a esposa havia mudado sua jovialidade com o tempo. Mas Jesus deixou claro que o divórcio aceitável só poderia ocorrer caso houvesse infidelidade (Mt 19.9).
Em nossos dias, o divórcio ganhou proporções alarmantes mesmo entre aqueles que se dizem servos de Deus. É preciso lembrar que a quebra da aliança com Deus e com o cônjuge tem um preço muito alto a ser pago, e quem sempre sofre com isso é a família.
3. Morar juntos
Lamentavelmente, o casamento vem sendo considerado dispensável por muitos jovens e adultos de nossa sociedade, que optam por “morar juntos”. Há até aqueles que dizem que “amigado com fé, casado é”, e que “o casamento é somente um papel no qual as pessoas assinam, pois que o papel aceita tudo”. A verdade é que quando um casal decide viver juntos, sem um ato formal diante de Deus e da sociedade, eles estão vivendo em fornicação, pois estão praticando o ato sexual de forma que desagrada a Deus.
A desculpa mais usada por quem adota essa prática é que, ao morar juntos, o casal vai saber se conseguirá se adaptar ou não à vida a dois no futuro. Dessa forma, estariam “experimentando” a vida a de casados, mas sem se casar. Terão vida sexual ativa, mas sem as obrigatoriedades de uma vida a dois aprovada por Deus.
Tal situação não nos parece nova. Ao falar com a mulher samaritana no poço de Jacó, Jesus pediu que ela trouxesse o seu esposo, ao que ouviu dela: “Não tenho marido” (Jo 4.17). Após ter tido cinco maridos, agora vivia com um homem, mas não era casada com ele. Tinham uma vida juntos, todavia não segundo os padrões estabelecidos por Deus.
O casamento é, efetivamente, a forma correta de demonstrar fidelidade, amor e respeito para com a pessoa que amamos. E se um jovem ama uma jovem, eles devem entender que até que se casem, com a bênção de Deus, devem ser puros um para com o outro. Pureza é mais do que abstenção do sexo. É um estado de consciência e de atitude que leva a sério as orientações de Deus para com a santidade do corpo e da mente.
4. A bigamia, a poligamia e o concubinato
A bigamia é o ato de se ter um novo matrimônio sem que o anterior tenha se encerrado legalmente. Quando um homem ou uma mulher se mudam de uma região do país, deixando sua família original naquela região, e na nova localidade contraem novas núpcias, está praticando o crime de bigamia.
A poligamia é quando uma pessoa tem mais de um cônjuge ao mesmo tempo. Há países onde ela é permitida, mas cuja permissão
legal não reflete a vontade de Deus para a vida de uma família. Note que, em nenhum trecho das Escrituras, homens que tinham mais de uma esposa tiveram uma vida sossegada, e tinham lares onde a disputa familiar era constante.
O concubinato nos tempos bíblicos se concretizava quando mulheres eram compradas, raptadas ou mesmo quando se tornavam prisioneiras de guerra, e a seguir eram obrigadas a se tornar esposas de um homem já casado, por sua vez, acontece quando pessoas vivem juntas, mas não se casam. No Brasil, o concubinato é a relação entre duas pessoas que não podem se casar por impedimento legal, tornando essa relação ilegítima.
Deus não promoveu esses modelos. Deus não criou o homem para se relacionar com duas ou mais mulheres, mas o criou para se relacionar com somente uma mulher. O plano de Deus, desde a criação, foi que o casal demonstrasse amor e fidelidade um para com o outro, em uma relação monogâmica.
Conclusão
O cristianismo ensina, segundo a Bíblia, que o casamento é monogâmico, entre um homem e uma mulher que estejam livres e desejem se casar. Ambos têm, diante de Deus e de si, obrigações que farão com que essa união seja bem-sucedida, e a escolha de com quem irão se casar deve se pautar também por princípios espirituais. Quaisquer outros arranjos que simulem o casamento são rejeitados pela Palavra de Deus, como também o fim ou rompimento do casamento sem o respeito às orientações que Deus determinou.
Telma Bueno
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
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