Lição 3 – O Céu – O Destino do Cristão
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – CÉU: O ALVO DE TODO CRISTÃO
II – A DESCRIÇÃO DO CÉU SEGUNDO O LIVRO DO APOCALIPSE
III – CÉU: O FIM DA JORNADA CRISTÃ
CONCLUSÃO
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Distinguir o céu como morada final na vida eterna com Deus;
2. Apresentar o conceito de Céu conforme o Livro do Apocalipse;
3. Pontuar que o céu é o destino dos cristãos e o lugar de repouso após a árdua carreira da vida cristã neste mundo.
Prezado(a) professor(a), a paz do Senhor!
A terceira lição deste trimestre tem como finalidade apresentar o Céu na perspectiva bíblica de morada eterna reservada para os cristãos. É fundamental que seus alunos tenham uma definição aprofundada a respeito do nosso futuro lugar de repouso eterno ao lado de Deus.
Definindo Céu
Ao se falar do Céu, nossa perspectiva sobre tal temática deve ser totalmente bíblica, pois é através das Sagradas Escrituras que nos é assegurada a promessa do Céu e sua realidade. Como bem sabemos, a Palavra de Deus é verdadeira, inspirada e fiel (2 Tm 3.16; 2 Tm 3.16; 1 Tm 4.15; 3.1; 4.9). Fora do padrão das Escrituras, o cristão pode correr o risco de ter uma visão popular sobre o Céu, tendo-o apenas como algo fantasmagórico, de seres desencarnados, lugar onde as pessoas só vivem cantando o tempo todo, lugar entre as nuvens, onde todos serão anjos. Nesse particular, Timothy Paul Jones diz:
Na cultura popular e para muitos crentes, o céu evoca imagens de existência nublada e fantasmagórica, ou seres angelicais flutuando entre as nuvens. Essas imagens ocorrem radicalmente e separam erroneamente o mundo espiritual. Estes são alguns dos equívocos resultantes na cultura popular. No entanto, o destino final dos crentes não é um lugar etéreo assim. O destino final de todos os crentes são o novo céu e a nova terra previstos em Apocalipse 21. É um futuro muito físico que nos espera quando Cristo voltar. (JONES, 2011, p. 78)
Para o crente não correr o risco de ter qualquer assimetria quanto ao ensino sobre o Céu, deve procurar crer no que a Bíblia diz sobre o tema; caso contrário, poderá matizar diversas combinações erradas. São abundantes as concepções e descrições que as pessoas dizem ter sobre os Céus, falando em visão e revelações que tiveram, apresentando concepções totalmente humanas e alinhadas à glória desta vida. Evitemos todas essas coisas e vivamos a esperança do Céu no que está preconizado na Bíblia.
Cremos que um crente salvo pode ter o gozo e o prazer de sonhar com o arrebatamento, com os Céus, porém, em momento algum, Deus lhe dará visões ou revelações para que se torne um protagonista ou o único para revelar novas coisas, posto que isso já está na Palavra. O apóstolo Paulo foi arrebatado até o terceiro céu, mas jamais buscou descrever em linguagem humana a realidade do Céu; apenas disse que ouviu palavras inefáveis que ao homem não é lícito falar (2 Co 12.4).
Em sua obra A Divina Revelação do Céu, Mary K. Baxter diz: “Uma noite o Senhor me apareceu e me informou que eu fui escolhida para uma tarefa especial. Ele disse: ‘Minha filha, Eu me manifestei a você para tirar as pessoas das trevas para luz. Eu a escolhi com um propósito: você deverá registrar as coisas que Eu lhe mostrarei’” (BAXTER, 2018, p. 15).
Não podemos negar que há coisas até interessantes no relato de Mary Baxter, mas as pessoas não irão se converter apenas com a revelação do Céu, mas sim do evangelho. Ademais, todos nós somos escolhidos para pregar a mensagem da salvação (Mt 28.19; Mc 16.15). Ainda podemos dizer que falar das coisas celestiais para pessoas não convertidas, nas palavras de Jesus, é algo muito sério (Jo 3.12), assim, o melhor é pregar o Evangelho conscientizando cada ouvinte da necessidade de arrependimento e salvação em Cristo. Paulo foi o maior evangelista do mundo, pregou por todas as partes (Rm 15.19), mas deixou claro que foi escolhido para libertar as pessoas das trevas pela mensagem do evangelho de Cristo (At 26.18), no entanto, quanto às coisas que viu no Céu, não as relatou. Melhor que ficar tentando sonhar sobre o Céu ou descrevê-lo, é apegar-se à promessa e viver em santidade para poder entrar lá.
A melhor definição para o Céu consta na Palavra de Deus: ele é descrito como uma realidade maravilhosa e física, mas fora desta terra (1 Rs 21.24; Sl 19.1; At 1.11); ele é visto como uma dimensão totalmente espiritual, apontando para um lugar em que Deus habita (1 Rs 8.27; Am 9.6; At 7.55). É claro, aqueles que buscam responder à realidade do Céu pela ótica humana, pelos saberes desta vida, logo apresentarão as mais diversas concepções, porém, o cristão salvo prefere ficar com o que diz a Palavra de Deus. Ademais, como bem dito por Paulo, o que é espiritual só pode ser discernido por quem é espiritual (1 Co 2.14).
A abertura dos 66 livros sagrados começa falando sobre os céus (Gn 1.1), de modo que podemos afirmar categoricamente que as Escrituras falam de três céus: o primeiro é o atmosférico (Dt 11.11,17; Js 10.11; Sl 18.13; 147.8); o segundo é o universo ou firmamento, também conhecido como espaço sideral; depois vem o terceiro Céu. Alguns estudiosos fazem menção dos céus de Gênesis 1.1 como o plural, mas é bom lembrar que, na verdade, no hebraico, trata-se do substantivo feminino masculino no dual, Mymv shamayim, de um singular não utilizado hmv shameh, quer dizer céu, céus, firmamento, fala também de coisas erguidas, expansão. Vale dizer que Shãmayim é uma palavra semítica e aparece também no ugarítico, acadiano, aramaico e no árabe, sua ocorrência no tempo do hebraico bíblico é de aproximadamente 420 vezes.
Há diversas conotações para a expressão céus, seguindo Gênesis 1.1. A primeira delas é que se trata de um espaço não muito distante da terra, por exemplo, o céu onde as aves voam. Em 2 Samuel 18.9, diz-se que Absalão ficou preso nos galhos de uma árvore, pendurado entre o céu e a terra. O outro céu pode tratar-se de uma área mais distante da terra; é o que consta em Gênesis 1.7-8. Nela é que se diz que estão os depósitos de Deus (Dt 28.12), é uma área um pouco mais distante da superfície da terra. Dela vem a geada (Jó 38.29), a neve (Is 55.10), fogo e enxofre (Gn 19.24), pó e poeira (Dt 28.24), granizo (Js 10.11), chuva (Gn 8.2). Ainda seguindo o Shãmayim, Gênesis 1.1, tem-se uma terceira definição, que é o local no qual estão o sol, a lua e as estrelas (Gn 1.14), e tem-se nas Escrituras referências a esse céu no seu aspecto poético, dando um contorno maravilhoso para a criação originada do poder de Deus (Sl 104.2; Is 34.4).
Por fim, ainda fazendo menção a Gênesis 1.1, tratando da palavra céu, é preciso entender que, ao fazer menção do conjunto céu e terra, é uma expressão que quer tão somente aludir ao todo da criação. O quinto céu, à luz da expressão shãmayim, pode referir-se também ao local da habitação de Deus (Sl 2.4; Dt 4.39; 26.15). Falando ainda do Céu como o lugar em que Deus habita, “os céus dos céus”, no seu aspecto denota também isso. Não quer essa expressão falar de altura, mas sim da morada de Deus (Dt 10.14), e vale dizer que esse Céu de Deus não é visto como um lugar físico, mas distinto de sua criação.
Na teologia judaica, havia uma pluralidade de céus, em um total de sete, destacando Deus como o Deus dos Céus (Jn 1.9). Nos Céus estariam também grande número de seres angelicais, espirituais (Ne 9.6), mas sabendo que Deus habita no mais sublime e alto Céu, o mais santo (Is 57.15). Para os judeus primitivos, em seus argumentos e pensamentos mais antigos, esse Céu antes habitava na luz primeva, que não se tratava da mesma luz produzida pelo sol, de modo que isso está claro na narrativa de Gênesis na criação, antes que fosse criado o sol. O firmamento, segundo os hebreus, teria a missão de esconder esse Céu divino, sua luz; todavia, as estrelas eram vistas como perfurações que deixavam resplandecer a luz maravilhosa do Céu por cima do firmamento.
Na verdade, frente a todas essas concepções de rabinos e teólogos, quanto à palavra céu de Gênesis 1.1, o que se pode compreender pela citação é que está evidenciado o grande e poderoso Deus que deu início à criação de todas as coisas: dos céus e da terra. Não busca o texto bíblico apoio da ciência nem da geologia para qualquer confirmação, visto que se trata de uma revelação para a qual se quer realmente fé (Hb 11.3).
O Céu, em sua definição teológica, é visto como a morada de Deus, isso se prova claramente através de muitas passagens bíblicas (Sl 33.13,14; Is 63.15; Mt 5.16,45; 6.1,9; 7.11,21; 18.10; Ap 3.12; 21.10). Jesus mesmo se referiu ao Céu como morada de Deus (Jo 10.32,33). Thomas Ice e Timothy Demy falam a respeito do Céu assim:
O céu é mais que uma ideia mística, terra da fantasia ou conceito filosófico. É um lugar real e presente onde vive Deus, o Criador de todas as coisas. Esta é a verdadeira morada de todos os crentes. É de onde Jesus veio na encarnação, para onde Ele subiu depois da ressurreição e de onde Ele virá para buscar todos aqueles que O seguem verdadeiramente. O céu é o lugar que o autor de Hebreus chama de “pátria superior”, o lugar que os “heróis da fé” almejavam (Hb 11.13-16). (ICE e DEMY, 2011, p. 17)
O doutor Steven J. Lawson estava certo quando afirmou que o Céu não se tratava de um estado de consciência, nem uma invenção da imaginação humana, nem um conceito filosófico, nem abstração religiosa, nem um sonho emocionante, nem fábulas medievais de um cientista do passado, nem a superstição desgastada de um teólogo liberal. Ele diz: “não se enganem, o Céu é um lugar real, um local muito mais real do que onde você está agora… é um lugar real onde Deus vive. É o lugar real de onde Deus veio para este mundo. É um lugar real para onde Cristo voltou na sua ascensão — com toda certeza”.
Há uma necessidade gritante de que os pastores e demais membros do Corpo de Cristo não somente vivam a esperança do Céu, mas que também preguem sobre ele, pois aqueles que têm o coração e a mente impactados pela verdade do Céu de glória serão sempre firmes e constantes na obra do Senhor (1 Co 15.58). A consciência do Céu faz o cristão permanecer firme em meio a todas as circunstâncias, a não se perder pelo amor do poder e glória do Egito, pois Moisés rejeitou todas as glórias terrestres porque anelava algo melhor (Hb 11.24-27).
Aqueles que têm mente e coração voltados para este mundo irão sufocar a mensagem da cruz, a esperança do Céu, pois a ansiedade e o engano deste mundo sufocam (Mt 13.22). Pastores, professores, ensinemos a Bíblia no que diz respeito ao Céu, levando mais e mais cada cristão a pensar no tema, pois, se assim for, haverá um motivo maior para não limitarmos nossa vida apenas a esta. Como bem falou Paulo, “se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15.19).
(Trecho extraído e adaptado de: GOMES, Osiel. A Carreira que nos Está Proposta: O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, pp. 43-46).
Deus abençoe a sua aula e seus alunos!