O uso de novas tecnologias nos espaços da Escola Dominical – Parte 2
A falta de conhecimento sobre o uso de Novas Tecnologias na Educação gera insegurança em muitos professores porque não estão habituados a manuseá-las. Nada obstante, nunca é tarde para aprender, pois o aprendizado sobre o processo de inovação da educação é um momento de grandes descobertas não apenas para os alunos, mas, também, para o professor que precisa estar em constante aperfeiçoamento pedagógico.
O uso de novas tecnologias da informação e comunicação já é uma realidade em muitas escolas do país. Algumas secretarias de educação já estabeleceram o conhecimento tecnológico como saber curricular interdisciplinar, a saber, a construção de projetos, o uso das inteligências artificiais, bem como a realidade virtual para aplicação dos conteúdos. Esse processo de mudança na educação faz com que os alunos tenham acesso muito mais rápido à aquisição de novos conhecimentos, bem como desenvolvam mais cedo as capacidades cognitivas de interpretação, inteligência matemática, histórica, espaciais e de outras áreas de conhecimento. Logo, lidar com crianças e adolescentes que ocupam as classes infanto-juvenis de nossas igrejas se tornou um grande desafio.
Muitos professores questionam o que devem fazer para prender a atenção dos alunos, haja vista os celulares e aplicativos tomarem os espaços da sala de aula e transformarem-se em instrumentos de distração durante o aprendizado dos conteúdos. Pode até parecer desesperador para alguns professores, que não dominam ou apresentam dificuldades para trabalhas com as TICs, mas há um ponto de equilíbrio que deve ser encontrado com a finalidade de tornar o ensino dominical mais atrativo, empolgante e presente até mesmo no universo digital de nossos alunos. Com esse propósito, veremos a seguir os pontos negativos e positivos do uso das novas tecnologias da informação e comunicação em sala de aula.
Em primeiro lugar, vamos elencar os impactos negativos quanto ao uso das tecnologias da informação e comunicação. O fato de tratarmos esses pontos como negativos não significa que as novas tecnologias sejam intransigentes ou devem ser estigmatizadas como prejudiciais, e sim que deve-se observar o uso disciplinado desses novos recursos para que os objetivos do ensino sejam alcançados com excelência.
a. A indisciplina no uso do celular em sala de aula. Muitos pais, educadores, gestores da educação e professores têm discutido se o uso do celular deve ser proibido em sala de aula. De acordo com uma consulta pública recente, realizada pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro que recebeu 10 mil respostas, cerca de 83% da população carioca entende que o uso do celular em sala de aula deve ser proibido. O decreto municipal foi publicado em agosto de 2023, porém, a pesquisa foi feita apenas em Dezembro no intuito de acompanhar a resposta da sociedade no tocante à medida. Essa decisão teve como fundamentação uma pesquisa realizada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a partir do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Os resultados apontaram que cerca de 65% dos estudantes admitiram que se distraíam durante as aulas de matemática por conta do uso de dispositivos digitais. Outrossim, 45% dos alunos confirmaram que sentem-se nervosos ou ansiosos com a ausência dos telefones celulares. Esses aspectos apontam que o uso indisciplinado e demasiado das tecnologias, a saber, os dispositivos celulares, as redes sociais e outras mídias, é prejudicial para o psicológico.
b. A falta de interação social. Outro impacto negativo do uso excessivo das novas tecnologias é o declínio das relações sociais. Há crianças e adolescentes, ou até mesmo, jovens e adultos, que apresentam dificuldades para desenvolverem relacionamentos interpessoais. Note que no contexto da Educação Cristã a ausência de interação social entre os membros da escola bíblica torna deficiente a comunhão, um princípio bíblico e indispensável para a saúde espiritual da igreja. Assim como ocorre no ambiente escolar secular, em nossas classes de ensino dominical a interação faz parte do princípio da convivência e aprendizagem mútua, aspecto fundamental para o desenvolvimento humano e cognitivo. Nesse sentido, o uso indevido, indisciplinado e não intencional das tecnologias, principalmente do celular na hora do ensino, prejudica a concentração e aquisição dos conteúdos bíblicos e o aprendizado com os demais colegas.
c. A falta de concentração e foco para aprender. Além dos impactos na disciplina e na convivência com as demais pessoas, o uso excessivo das novas tecnologias sem uma finalidade clara resulta na deficiência da aprendizagem. Parece contraditório apontar que o uso das tecnologias que tem como objetivo facilitar o processo de ensino-aprendizagem seja, justamente, um dos seus maiores obstáculos. Esse fato revela que as TICs têm muito a agregar para o desenvolvimento da educação. Contudo, o uso dessas ferramentas pode causar o efeito reverso se não forem adaptadas e direcionadas corretamente para facilitar a didática do professor e a aquisição do conhecimento por parte do aluno.
d. Impactos positivos no uso de Tecnologias da Informação e Comunicação. No que diz respeito aos benefícios do uso de novas tecnologias, não há como negar que estamos vivendo a era do avanço da tecnologia. Essa convivência com meios de comunicação cada vez mais tecnológicos têm influenciado significativamente a forma como os indivíduos se relacionam como sociedade. Não há como conter esse movimento! É um processo que está em constante atualização e, diga-se de passagem, se nossas crianças e adolescentes desejam ter uma profissão mais rentável no futuro breve, precisarão dominar novas habilidades e conhecimentos sobre tecnologia e inteligência artificial. Outrossim, a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo precisa cumprir a natureza da sua missão neste mundo, isto é, pregar a Verdade que Salva (Mc 16.15).
Nesse sentido, o uso de novas tecnologias nos espaços da Educação Cristã, embora seja pouco estimulado, não precisa ser rejeitado ou estigmatizado como pecado. Desde que o seu uso seja sábio, as mídias sociais e aplicativos de teologia são excelentes ferramentas de pesquisa e compartilhamento de conteúdos que podem expandir para além da sala de aula o diálogo sobre os assuntos abordados em classe. Imagine uma pesquisa sobre o tema da lição sendo construída durante os demais dias da semana (além do Domingo)? Seria uma forma interessante de manter os alunos bem-informados sobre o assunto da aula e conectados em comunhão com foco em um mesmo propósito espiritual. Observe que os impactos negativos e positivos quanto ao uso das novas tecnologias de informação e comunicação são fruto da disciplina ou falta dela.
4. Tecnologias aplicadas no contexto das classes de adolescentes, jovens e adultos.
Quando se trata do uso das tecnologias de informação e comunicação em sala de aula é importante destacar o processo de ensino-aprendizagem requer a compreensão da relação intrínseca entre objetivo-conteúdo-método. Considerando que objetivos são ações intencionais conduzidas pelo professor ao longo da aula a fim de gerar novos comportamentos nos alunos. Nesse sentido, a tecnologia é um meio que otimiza o alcance desses objetivos por meio de novas vivências dos alunos nesse processo. Do mesmo modo, o conteúdo corresponde aos conhecimentos adaptados didaticamente a serem lecionados. Logo, o uso de tecnologias torna mais clara a assimilação dos conteúdos, visto que, por meio delas, os alunos deparam-se com experiências mais interativas e reais que simulam as boas práticas. E, por fim, o método diz respeito às estratégias, ao caminho definido pelo professor a ser percorrido lado a lado com o aluno a fim de que a aprendizagem aconteça. Para tanto, o uso de novas tecnologias adapta os métodos de acordo com os recursos tecnológicos, facilita a aprendizagem e a torna muito mais rápida, interessante e eficaz. No contexto geral da Educação, esse modelo de ensino-aprendizagem recebe o nome de Metodologias Ativas.
Considerações finais
No sentido geral o uso de novas Tecnologias da Informação e Comunicação não devem ser consideradas um problema. Como dito anteriormente, países que se encontram em níveis mais avançados no desenvolvimento educacional preservam boas práticas e usos das tecnologias em sala de aula. O que torna seu uso prejudicial é a finalidade exacerbada com que a sociedade direciona o uso dessas novas tecnologias a ponto de abandonar as boas práticas, a saber, a convivência, a interação social, a disciplina para o cumprimento de tarefas, bem como atividades que exigem a exploração de outras inteligências e coordenação motora. Que o Bom Deus ajude nossos professores e alunos quanto ao uso disciplinado de novas tecnologias que, certamente, trarão resultados eficazes para os momentos em sala de aula. Nesse processo é imprescindível não perder de vista que a nossa base ética e continua sendo a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus, que penetra até a divisão da alma e do espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e as intenções do coração (Hb 4.12). De acordo com cada época a metodologia de ensino sempre será passível de atualização. Entretanto, o conteúdo permanece o mesmo e é insubstituível, isto é, as Escrituras Sagradas.