Lição 9 – A doutrina dos apóstolos
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Elias Torralbo, comentarista do trimestre.
Introdução
A importância do estudo sobre a doutrina dos apóstolos confirma-se por diversas razões, principalmente porque a sua fonte não é outra senão os ensinamentos de Jesus. Os ensinamentos de cada um dos apóstolos estão intimamente ligados à doutrina de Jesus.
I – O ENSINO DOS APÓSTOLOS ERA PRÁTICO
A falta de equilíbrio traz prejuízos em todas as esferas da vida cristã, especialmente na relação entre zelo doutrinário e compromisso com práticas cristãs, e isso requer que a Igreja atente para a necessidade de reavaliar a forma como tem tratado essas duas áreas da sua conduta. A doutrina dos apóstolos, além de ser bem fundamentada do ponto de vista dos ensinos transmitidos, também possui um aspecto prático em todas as suas dimensões. Portanto, a Igreja na atualidade deve voltar-se para os fundamentos da doutrina dos apóstolos com vistas a cumprir a vontade de Deus. Sendo assim, este ponto aborda, em primeiro lugar, a vida e a função dos apóstolos. Em segundo lugar, no que consiste a doutrina dos apóstolos, finalizando com a apresentação dos pontos práticos dessa doutrina.
1. Os apóstolos
O vocábulo apóstolo vem do latim apostolus e do grego apóstolos. Em linhas gerais, juntos, esses termos indicam ao menos duas verdades: 1) a figura de um mensageiro, autorizado a falar em nome daquele que o enviou; e 2) a ideia do enviado, mas com ênfase maior em quem enviou, e não necessariamente sobre aquele que foi enviado. Com essa informação, conclui-se parcialmente que a autoridade sob a qual os apóstolos cumpriram exitosamente a missão recebida não lhes era inerente; pelo contrário, ela foi recebida, isto é, foi-lhes dada pelo Senhor da igreja a quem eles foram chamados a servir. O conceito de autoridade empregado aqui é aquele que designa a dignidade de alguém em ser ouvido e atendido naquilo que fala, e isso é bem difundido na maioria das cartas do Novo Testamento, especialmente nas suas introduções (Rm 1.1; 1 Co 1.1; 2 Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; Fp 1.1; Cl 1.1; 1Tm 1.1; 2 Tm 1.1; Tt 1.1; 1 Pe 1.1; 2 Pe 1.1). Nenhuma das cartas apostólicas está fundamentada na autoridade dos apóstolos em si; muito pelo contrário, elas firmam-se na autoridade do Senhor Jesus, de quem os apóstolos receberam autoridade, ou ainda autorização para ensinar no seu próprio nome. Há muitas passagens bíblicas que atestam essa verdade, mas poucas, como o texto de 1 Timóteo 1.15, como se lê: “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.
Observe duas qualidades da mensagem ensinada pelos apóstolos, aqui representado em Paulo: 1) fidelidade, cujo sentido é o de pureza, firmeza e lealdade àquilo que lhe foi confiada pelo Senhor; e 2) digna de toda aceitação, em virtude da sua fonte divina e, justamente, porque o apóstolo não maculou e nem misturou a mensagem originalmente recebida. Além desse aspecto qualitativo do conteúdo dos ensinamentos apostólicos, o texto em questão realça o lugar do próprio apóstolo (alvo da mensagem) a Cristo (conteúdo central da mensagem), como se vê: 1) a doutrina dos apóstolos firma-se em Cristo; e 2) Paulo deixa claro que a sua posição nesse processo é a de beneficiado, e não de fonte de autoridade. De volta a Atos 2.42, um dos principais textos que tratam da expressão “doutrina dos apóstolos” pode-se ler o seguinte: “e perseveravam na doutrina dos apóstolos […]” (At 2.42). Embora o verdadeiro sentido dessa referência seja mais bem compreendido em textos mais adiante, aqui já se pode ter uma básica noção do que realmente isso quer dizer e quais são as principais implicações disso à vida da Igreja na atualidade.
O comentário acima permite reflexões significativas em aspectos como: 1) a doutrina dos apóstolos apresenta-se como ponto de conexão entre o que Jesus ensinou e a missão da Igreja; logo, esses ensinamentos servem como pontos de referências e de padrão a ser seguido; 2) a Igreja é responsável pela continuidade da obra iniciada por Jesus na terra e, nesse aspecto, deve atentar para a doutrina dos apóstolos, caso queira ser fiel na sua missão; e 3) a doutrina dos apóstolos nada mais é do que a explicação fiel dos ensinamentos de Jesus. 2. A doutrina dos apóstolos Enquanto Lucas chama os ensinamentos apostólicos de “doutrina dos apóstolos” (At 2.42), o apóstolo Paulo refere-se a eles como “o fundamento dos apóstolos” (Ef 2.20), com a diferença de que, neste último, a abrangência é maior, conforme se lê: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. Note que a abordagem paulina basicamente envolve três aspectos doutrinários, sendo eles: 1) a doutrina dos apóstolos tem as suas raízes nos ensinos do Antigo Testamento, representadas aqui na referência feita aos “profetas”; 2) além de citar Jesus Cristo, o apóstolo Paulo coloca-o como a base central, essencial e exclusiva de toda a construção doutrinária dos apóstolos. Está claro que a função principal dos apóstolos com os seus ensinos foi a de apontar e glorificar a Cristo, já que em nenhum momento a referência é aos apóstolos, mas única e exclusivamente aos seus ensinos. A confortadora promessa de Jesus, que se deu a partir da declaração de Pedro ao Mestre (Mt 16.16-18), confirma claramente que a Igreja não está edificada sobre os apóstolos, nem mesmo sobre os seus ensinamentos; antes, está firmada em Cristo, acerca de quem eles ensinaram e pregaram. Jesus Cristo, além de ser a fonte de quem a doutrina dos apóstolos procede e de onde jorra a sua autoridade, também é o sustento, que equivale a dizer que Ele é o fundamento da doutrina dos apóstolos, ou seja, todo o conjunto de ensinamento que os apóstolos transmitiram, quer falando, quer escrevendo, tem Cristo como a sua essência. Matthew Henry comenta essa relação entre Cristo, a doutrina apostólica e o crente afirmando que Ele é “o nosso altar, a pedra que foi retirada do monte por mãos humanas e rejeitada pelos edificadores, que não tinha parecer nem formosura, foi aceito por Deus Pai e feito pedra angular”. Portanto, a doutrina dos apóstolos não existiria sem Cristo e, mesmo que existisse, não se sustentaria, e ainda que se apresentasse de alguma forma, não teria o significado que tem — aliás, não teria a autoridade espiritual que tem. Sendo assim, a doutrina dos apóstolos é a exposição e a aplicação da doutrina de Jesus.
A praticidade da doutrina dos apóstolos
Depois de uma análise sobre os apóstolos em si e a respeito da doutrina que ensinaram, é momento de atentar para a praticidade dessa doutrina, até porque esse é o principal objetivo dessa seção de estudos.
O que se pode apreender das colocações expostas acima é de que, em primeiro lugar, a aceitação e a submissão aos ensinos de Jesus são elementos imprescindíveis ao servo de Deus que deseja ser achado fiel. Em segundo lugar, a doutrina ensinada pelos apóstolos tem a participação direta e ativa da Trindade, pois a Palavra é de Deus, Cristo é a sua base, e aquele que a disseminou com autoridade inigualável é o Espírito Santo, que a aplica por meio da iluminação que só Ele é capaz de realizar. Em terceiro — e último — lugar, a doutrina ensinada pelos apóstolos, cuja origem é Deus, além de ter a resposta certa e adequada aos mais diferentes desafios da atualidade, também requer e conduz o homem a práticas que glorificam a Deus. Propõe-se aqui a leitura de dois textos bíblicos. O primeiro texto é o de Tiago 2.26, e o segundo texto é de Mateus 3.8. A leitura desses textos contribui com uma compreensão mais apurada a respeito da relação entre doutrina e prática, principalmente no sentido de que a principal e mais segura demonstração de verdadeiro compromisso com a doutrina ocorre por meio dos frutos que advém desse compromisso. Nesse sentido, considere ainda o que o escritor da carta aos Hebreus declarou em 11.6. Mas, afinal, que fé seria essa, ou seja, qual é a fé que efetivamente agrada ao Senhor? Há muito o que falar sobre as características da fé genuinamente divina e bíblica; entretanto, para que o objetivo aqui proposto seja alcançado, é suficiente afirmar que a fé que agrada a Deus é aquela que, segundo as palavras de Tiago, é acompanhada de obras que, em algum nível considerável, não só reflete, como também dá autenticidade a essa fé, tornando-a aceitável diante de Deus. Um exemplo disso é o registro de Atos 2.42-47, no qual é possível perceber que um número considerável de pessoas converteu-se, e essa conversão demonstrou-se no compromisso assumido com a “doutrina dos apóstolos”, compromisso este confirmado por práticas piedosas, tais como: 1) unidade entre os irmãos, refletida na “comunhão, no partir do pão e nas orações” (v. 42); 2) temor a Deus, com claras demonstrações de reverência e santidade (v. 43); 3) cuidado uns com os outros em todas as suas necessidades, procurando viver num ambiente marcado pela justiça; e 4) compromisso com a evangelização e o avanço da Igreja na sua missão. Mais do que uma doutrina, os ensinamentos dos apóstolos serviram como referencial de conduta, de base para que as prioridades da Igreja Primitiva fossem definidas, além de servir de baliza por meio da qual os erros que surgissem pudessem ser devidamente corrigidos a tempo de não comprometer a saúde espiritual da vida em comunidade. O selo disso tudo é, inquestionavelmente, o amor, em primeiro lugar porque toda doutrina deve desaguar no amor (Rm 12.9) e, depois, porque o amor genuinamente cristão não consiste só em palavras, mas em obras e demonstrações efetivas, práticas e objetivas (1 Jo 3.18-22).
II – A DOUTRINA GERA AMOR
Paulo escreveu em Romanos 11.36: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” Dentre as muitas e ricas lições que esse conhecido texto de Paulo tem a ensinar, existe a que pode ser considerada a principal, que é o seu propósito de exaltar ao Senhor como a causa, o fundamento e o fim de todas as coisas — dito de outra forma, ressaltar o lugar central que a pertence Ele. Aplicado ao contexto doutrinário em que os apóstolos estabeleceram as suas bases de fé, é preciso afirmar que todos os elementos desses ensinamentos estão estruturados sobre o fato de que Cristo é a sua fonte, o seu fundamento e o seu alvo, pois eles começam nEle, estão nEle e apontam para Ele. O Senhor Jesus é, dentre outras coisas, a manifestação máxima do amor de Deus, conforme explicitado nas palavras de João, o apóstolo, em 1 João 4.9,10. Sendo assim, o propósito maior de toda doutrina bíblica não pode ser outro senão o de apontar para Cristo e, consequentemente, produzir o amor genuinamente divino, como se lê nas palavras de João (vv. 7, 8). Sendo assim, rejeitar ou negligenciar o amor numa abordagem sobre doutrina é permitir que toda a sua estrutura desabe — afinal de contas, o amor deve ser a base que sustenta e o alvo a ser perseguido nessas abordagens.
1. O amor na doutrina de Pedro
Do ponto de vista bíblico e considerando o desejo de Deus para o seu povo, é inconcebível a ideia de um crente ter compromisso com a doutrina se o amor é rejeitado; muito pelo contrário, à luz das Escrituras, doutrina e amor devem caminhar juntos, pois, se um cair, o outro também há de cair. Em certa medida, um depende do outro no cumprimento da sua missão individual. As palavras de Jesus, conforme registradas em João 15.9-14, confirmam isso de maneira muito clara e contundente. Elas são autoexplicativas, ou seja, por si mesmas expõem a verdade de que, por um lado, os mandamentos de Jesus são cumpridos no amor, enquanto, por outro lado, o amor divino é explicado pelos seus mandamentos. O amor confere autenticidade e valida a doutrina. O apóstolo Pedro entendeu isso muito bem, razão por que a virtude do amor é muito presente nos seus ensinos doutrinários. A sua compreensão acerca da relação entre doutrina e amor advém do seu relacionamento pessoal e presencial durante o ministério terreno de Jesus, especialmente no seu último diálogo com o Mestre, no qual por três vezes Pedro é indagado se amava o Senhor efetivamente (Jo 21.15-17). Isso se confirma a partir do texto-chave do capítulo 4 da sua primeira epístola: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (v. 8), pois, em primeiro lugar, ele demonstra a necessidade de respeitar e amar o próximo e, em segundo lugar, condiciona o perdão dos pecados ao amor, e isso é significativo se levado em conta o contexto do seu último diálogo com Jesus, conforme já destacado. Nesse mesmo capítulo dessa mesma carta, o apóstolo Pedro faz menção de algumas verdades que, juntas, fazem parte da doutrina dos apóstolos e claramente reafirmam o pensamento do apóstolo sobre o amor. Atente para os seguintes destaques: 1) a eficácia da obra de Cristo contra a força do pecado (v. 1); 2) ênfase à mudança na vida do crente como fruto da obra realizada por Cristo (vv. 2-4); 3) advertência sobre o juízo de Deus(vv. 5,6); 4) orientação ao crente sobre como deve proceder na sua vida na atualidade (v. 7); e 5) o amor que se revela na forma como o crente relaciona-se com os seus irmãos e o seu próximo, que é a prova maior e cabal de uma vida verdadeiramente transformada por Cristo (vv. 8,9). Noutra ocasião, Pedro elenca uma série de virtudes, cuja fonte é o Senhor, que opera através do seu poder, e a sua realidade é fruto da obra verdadeira do Espírito Santo, conforme se lê em 2 Pedro 1.5- 8. Dois destaques devem ser aqui expostos: 1) dentre tantas virtudes produzidas pelo Espírito Santo, o amor, claro, não poderia estar de fora; e 2) a posição do amor em relação às demais virtudes apresentadas é digno de nota, pois, ao colocá-lo por último, não significa ser ele menos importante; pelo contrário, parece que é colocado como a coroa das virtudes, selando todas as demais. Diante de tudo isso, o que fica claro é que o amor não só está presente, como também ocupa posição central na doutrina ensinada pelo apóstolo Pedro, a ponto de condicionar a compreensão e a absorção do que Cristo realizou em favor da humanidade e das promessas divinas.
2. O amor na doutrina de João
Não é por acaso que João tem sido identificado como “o apóstolo do amor” — aliás, essa é, sem dúvida, a sua mais conhecida identidade. Isso se dá porque o tema do amor é central nos seus ensinos e molda tudo o que ele elaborou como conteúdo doutrinário. Todos os escritos de João podem ser usados como ponto de partida de reflexão sobre o amor, só que o capítulo 4 da sua primeira epístola cumpre bem o papel de resumir a sua doutrina sobre essa virtude, principalmente no sentido de compreender o que ele pensou sobre o verdadeiro sentido de amor. Inicialmente, leia com atenção as seguintes palavras joaninas em 1 João 10,11,19. Deus ama primeiro porque tem de ser assim — afinal de contas, Ele é amor (v. 8). Diante dessa realidade, é possível afirmar que, ao amar — verdadeiramente — alguém, o homem está correspondendo ao amor divino; caso contrário, está em desalinhamento ao Criador. Sendo assim, não há mérito algum no homem, nem por ser beneficiado com o amor de Deus, nem mesmo quando ama adequadamente, pois, no primeiro caso, ele é alvo do amor de Deus; no segundo caso, a sua boa conduta só é possível porque isso resulta do verdadeiro e puro amor que vem de Deus.
A impressão é que o pensamento de João gira em círculos e não sai do lugar, mas é evidente que isso não é verdade. Essa impressão ocorre porque o apóstolo leva a sério o tema central do amor na sua doutrina; logo, toda a sua argumentação começa, desenvolve-se e conclui-se com o amor. Veja nas palavras de João o quanto o amor é central na sua elaboração doutrinária e serve-lhe de referência para todos os seus ensinamentos (v. 7). A compreensão da expressão “nascido de Deus” depende inicialmente de um retorno atento às seguintes palavras de Jesus a Nicodemos em João 3.3,5,6. Ser nascido de Deus é o mesmo que ter nascido de novo, o que implica em receber a vida de Deus, implicando numa nova forma de ver e viver no mundo. A expressão “conhece a Deus” indica o processo a que o nascido de Deus é submetido no sentido de caminhar com o Ele, desenvolvendo comunhão pela qual passa a conhecer dia a dia o seu Deus. Ela aponta para o que acontece àquele que nasceu de novo, ou seja, é a comunhão do crente com Deus, por meio da qual ele passa a conhecê-lo dia a dia. Sendo assim, o amor é uma virtude que, em primeiro lugar, é fruto de uma nova vida em Deus e, em segundo lugar, é reflexo do verdadeiro conhecimento de Deus. Outro aspecto importante da abordagem de João sobre o amor na sua elaboração doutrinária é a função com que essa virtude tem de refletir o caráter divino. Uma vez que Deus, segundo Ele, não pode ser visto, o amor cumpre o papel de apontar para a obra gloriosa de Cristo na cruz, reconhecida e aceita por obra do Espírito Santo no coração do homem (vv. 12-15). Por fim, o crente é tomado de confiança e coragem por meio do genuíno amor (vv. 17,18).
3. O amor na doutrina de Paulo
A carta de Paulo aos Filipenses provavelmente foi escrita durante a sua prisão em Roma entre os anos 60 e 62 d.C. (1.7,13,17; cf. At 28.16-31). Os temas dessa carta, além de fundamentais e gloriosos, são surpreendentes, pois, mesmo na condição de prisioneiro, ele escreveu sobre a alegria para alegrar aqueles irmãos (Fp 4.4-7). Ao lado desses temas, inclusive o da alegria, o apóstolo discorre sobre o amor, partindo, claro, do modelo maior, que é Cristo, ao escrever: “de sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo” (2.5). É importante perceber que o mesmo princípio apresentado por Pedro e João, de que o verdadeiro amor é demonstrado em obras que devem ir além das palavras, também aparece aqui na exposição de Paulo, haja vista que ele diz que o sentimento de Cristo o levou a: “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz” (vv. 6-8). Sendo assim, com base no modelo de Jesus, Paulo ensina os irmãos que estavam na cidade de Filipos que o genuíno amor é, acima de tudo, sacrifical, pois não busca os seus próprios interesses; antes, sempre atua na direção de buscar o bem do outro, ainda que isso custe a própria vida. Nesse mesmo capítulo dessa carta, Paulo ensina aqueles irmãos a viverem alinhados em amor (vv. 1,2), cuja marca principal é a humildade, pela qual se manifesta a harmonia no exercício das funções e no reconhecimento das próprias limitações e do valor do outro (vv. 3,4). Seguindo na mesma direção do que tratou com os filipenses, o apóstolo Paulo ensinou aos irmãos coríntios que amar não é sentimento, mas comportamento. Numa geração marcada pela “espiritualidade do sentir”, a doutrina de Paulo sobre o amor propõe um retorno à “espiritualidade do viver”, isto é, da ação que reflete o verdadeiro amor. Por exemplo, para Paulo, o amor credencia e dá validade às ações do crente, quer diante de Deus, quer das pessoas (1 Co 13.1-8), além de ser a virtude de crentes maduros e superior a todas as demais ações (9-13). O amor na doutrina de Paulo é, portanto, o que dá sentido a tudo o que envolve a vida, inclusive a cristã. Para ele, o amor permite e resulta do verdadeiro conhecimento de Deus, dá condições ao crente de viver para agradar a Deus e beneficiar o próximo, além de credenciar toda doutrina; quer dizer, nenhuma doutrina, por mais ortodoxa que seja, tem valor se não estiver fundamentada no genuíno amor. Por fim, o amor no pensamento paulino impulsiona o crente a renunciar os seus próprios interesses e caminhar em direção a servir a Deus e às pessoas.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Telma Bueno
Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: TORRALBO, Elias. O Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas: A Doutrina Bíblica como Base para uma Caminhada Cristã Vitoriosa. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
Tag:ED, Jovens, Lições Bíblicas Jovens