Lição 6 – Igreja: Organismo e Organização
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – A ESTRUTURA DA IGREJA CRISTÃ
II – IGREJA: UM ORGANISMO VIVO E ORGANIZADO
III – O GOVERNO DA IGREJA NAS DIFERENTES TRADIÇÕES CRISTÃS
CONCLUSÃO
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Aprofundar o entendimento acerca da Igreja, enquanto Corpo de Cristo, como um organismo ordenado;
2. Compreender, por meio do exemplo da Igreja Primitiva, a necessidade de organização para uma igreja viva e saudável;
3. Aprender sobre as principais formas de governo da Igreja, segundo a tradição cristã, e a escolha do modelo de nossa igreja.
No contexto do Novo Testamento, a Igreja começa, em primeiro lugar, como um organismo vivo (At 2), que posteriormente sente a necessidade de organizar-se (At 6). Dessa forma, organismo e organização aparecem como os dois lados de uma mesma moeda. Assim, podemos dizer que não há função sem forma e organismo sem organização.
Como um organismo vivo, a Igreja Primitiva era conhecida, por exemplo, pela comunhão dos seus membros (At 2.42-46) e pelo exercício dos seus carismas (1 Co 12-14). Essa era a estrutura mística do Corpo de Cristo. O apóstolo Paulo mostra esse fato quando faz a analogia da Igreja com um corpo humano (1 Co 12). Por outro lado, a organização é um processo natural em tudo o que é humano. Todos nós sentimos a necessidade, de alguma forma, de estarmos organizados.
Há, entretanto, outro lado sobre o qual devemos fazer referência — a institucionalização da igreja. Nesse aspecto, devemos destacar que organização não é a mesma coisa que institucionalização. A organização é boa e é saudável para a vida da igreja; a institucionalização, não. A organização faz a igreja andar livremente; a institucionalização só a enrijece, calcifica e fossiliza. A organização preocupa-se em ter uma igreja adornada interiormente; a institucionalização busca aparatos externos para fazer isso. A organização é divina (1 Co 14.30); a institucionalização é humana. Devemos, portanto, buscar a organização e evitar a institucionalização.
Buscando o Equilíbrio: Lições da História
É preciso, portanto, voltarmos ao conceito de igreja neotestamentária se quisermos nos comportar como o verdadeiro corpo de Cristo. Alguns, por temer a institucionalização da igreja evitam qualquer forma de organização. Nesse sentido, acreditam que a igreja não necessita de estrutura alguma. Devemos, portanto, destacar que não é pecado e nem errado a igreja organizar-se ou possuir alguma estrutura organizacional. A organização faz parte de toda estrutura humana que funciona. Assim organização nunca deve ser confundida com institucionalização. Enquanto uma une a igreja, a outra divide. A organização, portanto, quando não se transforma em institucionalização é necessária e útil para a vida da igreja. Se a sociedade civil não possuísse estrutura organizacional alguma, tudo seria um caos. A criação, por exemplo, dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, bem presente nas democracias, foi para manter o Estado de Direito da sociedade civil organizada.1 Da mesma forma, a igreja, como um organismo vivo, quando não possui nenhuma organização, não funcionará da forma como deveria.
Nesse aspecto, vale a pena lermos as palavras do reverendo Antonio Gilberto:
A Igreja é, ao mesmo tempo, um organismo e uma organização. É a Igreja invisível com seu aspecto visível. As igrejas locais, com seus templos e tudo o que eles contêm, são organizações, mas o povo que pertence a essas igrejas, que as frequenta, servindo e adorando a Deus, compõe-se de pessoas nascidas de novo pelo Espírito. Essas igrejas formam, no seu conjunto universal, um organismo espiritual (1Pe 2.5). A igreja como organismo e organização (Ef 4.12-16). Vejamos as duas principais diferenças entre estes dois: (1). Um organismo tem vida; uma organização, não. A Igreja Universal, como o corpo de Cristo, como um organismo, não depende de cerimônias, de reconhecimento, de templos, de estatutos civis, de livro de atas, de livros de rol de membros e coisas semelhantes, mas ela como organização necessita de tudo isso e muito mais, como veremos no desenrolar deste estudo. A Igreja Universal permanecerá inabalável quando tudo isso terminar (2). Um organismo tem apenas uma cabeça; uma organização pode ter mais. Como corpo de Cristo, a Igreja tem uma só cabeça que é Ele mesmo. Ela é chamada de corpo porque não só é a expressão visível dele aqui, bem como executa a sua obra e faz o seu querer. Paulo antes da sua conversão estava perseguindo a Igreja aqui na terra, quando do céu Jesus entrou em ação a favor dela, perguntando: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Perseguindo aos membros da Igreja, Saulo estava perseguindo a Cristo! Ao passo que ela, como organização, tema os seus líderes e dirigentes locais, regionais e nacionais. É bem patente em Ef 4.12-16 que a Igreja é primeiramente um organismo, mas tanto no livro de Atos como nas Epístolas vemos também a Igreja como uma organização local, regional e nacional. Alguns espiritualizam de tal forma a Igreja que o assunto chega ao ridículo; outros a organizam tanto com esquemas, planos, rotina, programas que ela passa a ser apenas um corpo social como uma associação qualquer; um clube a mais.2
Estas sábias palavras ditas pelo pastor Antonio Gilberto refletem com precisão o pensamento dos missionários suecos, fundadores da Assembleia de Deus no Brasil. Eles eram conscientes que a igreja é um organismo vivo e que, de certa forma, precisava organizar-se. Contudo, por temerem o institucionalismo, eles sempre foram muito cautelosos na questão do governo da Igreja. Esses pentecostais da primeira geração temiam que o pentecostalismo deixasse de ser um movimento livre e se tornasse um movimento meramente institucional. Na verdade, eles temiam o denominacionalismo, pois acreditavam que ele era o caminho mais curto para a institucionalização da igreja.
Texto extraído da obra, “O Corpo de Cristo”, livro de apoio ao 3º trimestre, publicado pela CPAD.
1 REALI, Geovani. História da Filosofia. São Paulo: Paulus.
2 GILBERTO, Antonio. Bíblia de Estudo Antonio Gilberto. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.