Lição 12 – O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E CARACTERÍSTICAS
II – UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO
III – O SERVIÇO DE MISSÕES
CONCLUSÃO
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Apresentar a natureza e as características da Igreja de Antioquia;
2. Expor sua natureza missionária;
3. Enfatizar o serviço de Missões em Antioquia.
A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E CARACTERÍSTICAS
Antioquia estava localizada às margens do rio Orontes e foi fundada por Seleuco I Nicátor (358–281 a.C.), um dos generais de Alexandre, o Grande, em 300 a.C. Era conhecida como Antioquia da Síria, a fim de ser distinguida de Antioquia da Pisídia (At 13.14). A cidade cresceu a ponto de contar com uma numerosa população nos tempos do apóstolo Paulo, incluindo muitos judeus que, desde tempos remotos, haviam obtido o direito de cidadania. A cidade era sede do legado imperial da província romana da Síria e da Cilícia, sendo conhecida como “a rainha do Oriente”. Flávio Josefo (37 ou 38 d.C.–100 d.C.), o historiador judeu do tempo dos apóstolos, diz-nos que Antioquia era a terceira maior cidade do Império Romano, perdendo em importância somente para Roma e Alexandria. A grande maioria da população era síria, embora houvesse numerosa colônia judaica, tornando-se num grande centro da erudição judaica.
Paulo começou e terminou ali a sua segunda viagem missionária. Não se sabe exatamente quão grande era a cidade nos dias de Paulo, mas, à base de informação dada por Crisóstomo, deve ter contado com uma população de cerca de 800 mil habitantes em 300 d.C. A sua cultura era tipicamente greco-helenista. O seu porto era Selêucia (At 13.4), que era uma reputada cidade comercial e centro marítimo. Antioquia da Síria continuamente recebia caravanas de comerciantes que movimentavam a sua economia. Era também um dos destinos preferidos dos oficiais aposentados do Império. Ela atraía as pessoas com a sua culinária exótica, com atividades esportivas — especialmente as corridas de carruagens que chamavam a atenção dos apostadores — e conhecidos banhos públicos. A cidade também tinha vários templos, teatros e importantes avenidas no melhor estilo greco-romano. Em razão de tantas nacionalidades, dizia-se ser possível conhecer os costumes do mundo inteiro por conta da mistura de povos que frequentavam as suas praças. A cidade ficava no atual território da Turquia, na região sudeste. A cidade moderna de Antáquia está estabelecida onde ficava a antiga Antioquia da Síria.
Diz-se que as suas muralhas encerravam uma área maior do que as de Roma. A oito quilômetros da cidade, ficava o bosque de Dafne, um importante centro de adoração a Apolo e Ártemis (ou Artemisa). Como um resultado parcial disso, Antioquia era famosa pela sua imoralidade. Ainda assim, muitos judeus e prosélitos viviam ali. Eles foram evangelizados em primeiro lugar, pois foi dito que os missionários não estavam anunciando a ninguém a Palavra senão somente aos judeus. Isso provavelmente aconteceu antes da experiência de Pedro em Cesareia.
A igreja em Antioquia
Felizmente, havia alguns homens de Chipre e Cirene (norte da África) que eram um pouco mais esclarecidos. Quando eles chegaram a Antioquia, pregaram o Senhor Jesus aos gregos (At 11.20).
Como estavam obedecendo às ordens de Cristo (Mt 28.19), eles viram o cumprimento da sua promessa (At 1.8) — “E a mão do Senhor era com eles […]” (At 11.21), isto é, o seu poder manifestava-se no seu ministério. O resultado foi que grande número creu e converteu-se ao Senhor. Antioquia tornou-se o principal centro do cristianismo em pouco tempo.
A fama do que estava acontecendo em Antioquia chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém (At 11.22). Preocupados quanto a essa evangelização dos gentios estar de acordo com a ordem divina, os líderes enviaram Barnabé até Antioquia. Isso pode implicar que ele verificaria o trabalho na Fenícia (At 11.19) no seu caminho para o norte.
A igreja de Jerusalém não poderia ter escolhido alguém melhor do que Barnabé para essa missão. Ele era um verdadeiro “filho da consolação” (At 4.36), aonde quer que fosse. Um cristão judeu legalista e preconceituoso certamente teria impedido o maravilhoso movimento do Espírito de Deus em Antioquia. Mas Barnabé encorajou-o: “o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” (At 11.23). Barnabé estava tão integralmente consagrado ao seu Senhor que se alegrava por ver qualquer pessoa, até mesmo um gentio, aceitando a Cristo. Em vez de criticar o novo movimento, deu-lhe a sua aprovação e a sua bênção. Ele alegrou-se por ver a graça de Deus em operação naquela cidade tão necessitada. Pelo fato de Barnabé ser um judeu natural de Chipre (At 4.36), fazia com que se harmonizasse perfeitamente com os evangelizadores de Chipre e Cirene. Ele exortou os novos convertidos, cumprindo, assim, outro significado do seu nome: “filho da exortação”.
Barnabé, todavia, precisava de ajuda. A tarefa em Antioquia era excessivamente grande para ele. Essa metrópole cosmopolita de língua grega exigia os serviços tanto de um gigante intelectual quanto de um exortador cheio do Espírito Santo. Barnabé foi até Tarso, a uns 200 quilômetros a noroeste de Antioquia, para buscar Saulo, trazendo-o para Antioquia (At 11.25,26). Feliz aquele que percebe as suas limitações e que está disposto a trazer um ajudante à altura da situação. Durante todo um ano, Barnabé e Saulo permaneceram em Antioquia, ensinando os novos cristãos. Eles poderiam ter ido a outras cidades, mas viram a importância do discipulado.
A nova Igreja em Antioquia era constituída de judeus, que falavam grego e/ou aramaico, e gentios. Uma afirmação muito interessante aparece no fim do versículo 26: “[…] Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”. Há uma controvérsia razoável sobre quando e quem lhes teria dado o nome “cristãos”, isto é, aqueles que seguem a Cristo. Provavelmente deve ter sido como uma forma de zombaria por gentios incrédulos. É pouco provável que os próprios crentes tivessem inventado esse nome, pois eles usavam outros termos para referirem-se a si mesmos, como “discípulos” ou “santos” ou, ainda, “irmãos” (At 11.26). Eles chamavam a si mesmos de “seguidores do Caminho” (At 9.2).
Os judeus chamaram-nos de nazarenos e de seita (At 24.5,14); certamente, eles nunca iriam querer a sua palavra “Messias” (christos) associada com esse novo movimento. Os judeus incrédulos não acreditavam que Jesus fosse o Cristo. Portanto, é provável que o termo “cristão” tenha sido inventado pela cultura não cristã de Antioquia.
Considerando que não há unanimidade entre os diversos comentaristas bíblicos acerca da origem desse tratamento dado aos crentes em Antioquia, ao serem chamados pela primeira vez de cristãos, creio que é mais aceitável acreditar que os de fora (gentios não convertidos) identificam os crentes assim, porque eles confessam Cristo como Senhor. Eles são o povo do Messias. Referindo-se a eles como “cristãos”, os incrédulos distinguem a Igreja da comunidade judaica. Foram chamados de cristãos — aqueles que seguem a Cristo —, porque tudo o que tinham em comum era Cristo; não se identificavam pela naturalidade, pela cultura e nem pelo idioma. O amor de Cristo ultrapassa todas as fronteiras e une todas as pessoas.
A palavra “cristão” aparece no Novo Testamento três vezes (At 11.26; 26.28; 1 Pe 4.16), principalmente usada pelos não crentes para descrever os discípulos.
O centro da Igreja cristã passou de Jerusalém, o seu berço original, para Antioquia da Síria, o seu centro gentílico, tornando-se a segunda capital do cristianismo e sede de missões da igreja, pois a igreja cristã tornou-se cada vez mais uma instituição gentílica.
A tradição associa o apóstolo Pedro a essa cidade, considerando-o o primeiro dos seus bispos. Nomes ilustres posteriores associados a essa cidade foram os de Inácio e João Crisóstomo, ambos chamados bispos de Antioquia. Crisóstomo foi um grande escritor de comentários bíblicos e exerceu notável influência sobre o desenvolvimento doutrinário da igreja cristã.
Texto extraído da obra, “ATÉ OS CONFINS DA TERRA”, livro de apoio ao 4º trimestre, publicado pela CPAD.