Lição 12 – Fé para crer na Ressurreição de Cristo
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Eduardo Leandro Alves, comentarista do trimestre.
INTRODUÇÃO
A ressurreição de Jesus dentre os mortos é a pedra angular, uma doutrina central da fé cristã. A ressurreição de Jesus é mencionada mais de 104 vezes no Novo Testamento. Qual a importância do fato da ressurreição de Cristo? Em primeiro lugar, foi o cumprimento à risca da palavra dos profetas e do próprio Jesus (Sl 16.10; Is 26.19; 53.10; Mt 16.21; 17.23). Em segundo lugar, a verdade das Escrituras foi justificada, pois dependem do fato dessa ressurreição (Lc 24.44-46; At 17.3). Em terceiro lugar, também foi a evidência central da divindade de Jesus (Rm 1.4). Em quarto lugar, a sua ressurreição é um atestado de veracidade à fé cristã e à consequente pregação do evangelho da graça de Deus, o testemunho dos apóstolos, a certeza do juízo final e o fundamento da esperança dos justos na salvação eterna que os aguarda no Céu (1 Co 15.1-4; At 10.39-41; 1 Pe 3.22). No entanto, não são poucos os que buscam negar a ressurreição e, com isso, retirar de Jesus a sua singularidade e igualar o evangelho às religiões presentes na história. Neste capítulo, veremos algumas objeções à ressurreição, bem como as respostas que podemos dar a elas.
O ILUMINISMO E A RESSURREIÇÃO DE JESUS
Algo que não aconteceu, de fato, na história. A busca pela razão e provas “incontestes” como fonte fidedigna da realidade no século XVIII levou muitos pensadores a duvidarem da ressurreição. Gotthold Ephraim Lessing (1729–1781), influente pensador alemão, é um exemplo sobre essa questão da dúvida sobre a ressurreição. Lessing entendia que as verdades da religião estavam ou deveriam estar entre as verdades da razão. Por isso, ele entendia que as verdades religiosas não podem jamais ser provadas pela investigação histórica. Assim, se ele estivesse certo, a apologética histórica a favor do cristianismo não passaria de um esforço inútil. Por que ele deveria crer em algo que ele mesmo nunca viu e nem tem nenhuma experiência pessoal ou imediata da ressurreição? Para ele, os evangelhos não são fontes confiáveis e ele nunca havia visto ninguém ressuscitar e nem conhecia alguém que pudesse confirmar alguma ressurreição. No centro da discussão do Iluminismo, “ser forçado a aceitar o testemunho alheio equivaleria a comprometer a autonomia intelectual do ser humano, ou seja, a capacidade de cada um pensar e conhecer o mundo por si mesmo. […] a ressurreição não é um aspecto presente na experiência contemporânea. Portanto, por que crer nos relatos neotestamentários? […] conforme a ótica de Lessing, a ressurreição não passava de um fato que não aconteceu, de um grande equívoco.”1 A ressurreição como mito. Estudiosos influenciados pelo Iluminismo buscaram compreender a fé cristã a partir de pressupostos que milagres são impossíveis, tal como a ressurreição (conforme abordado no capítulo 10). David Friedrich Strauss (1808–1874) desenvolveu a ideia da ressurreição como mito, sem a resposta do milagre. Ou seja, para ele a crença na ressurreição de Jesus não deve ser explicada como uma resposta à vida que foi restaurada literalmente, mas, sim, como algo que ocorre na fé das pessoas, algo concebido na mente, uma projeção de memória, que levou à ideia de uma presença viva. Portanto, de acordo com ele, um Cristo morto literalmente foi transformado num Cristo ressurreto imaginário, um Cristo mítico. Strauss, então, populariza a ideia de que os Evangelhos possuíam um caráter mítico, por serem pessoas que compartilhavam uma visão mítica que dominava o mundo em que estavam inseridos. A perspectiva de Strauss migrou para a teologia. O teólogo alemão Rudolf Bultmann entendia que, nessa era científica, era simplesmente impossível acreditar em milagres. Assim, acreditar na ressurreição corpórea de Cristo não era possível. Para ele, “é impossível usar luz elétrica e o rádio ou, quando doente recorrer ao auxílio da medicina ou das descobertas científicas modernas e, ao mesmo tempo, acreditar no mundo dos espíritos e de milagres apresentados pelo Novo Testamento”.2 Assim, a ressurreição, conforme esse teólogo, deveria ser entendida como um mito puro e simples, onde Jesus havia ressuscitado na fé dos discípulos, mas não na história como fato. Bultmann desvia a atenção do Jesus histórico para a proclamação da Igreja sobre Cristo. Para ele, não faz diferença se a ressurreição de Cristo é um fato histórico; o importante, para ele, é que, na pregação, no querigma, Cristo ressuscitou. Porém, como veremos, isso é um problema, pois a afirmação bíblica diz-nos que a ressurreição é um fato histórico que tem implicações sobre toda a história da salvação.
UMA VERDADE FUNDAMENTAL
Desde os dias mais antigos, a crença da sobrevivência da alma, a sua imortalidade, era comum. No entanto, a ideia da ressurreição do corpo, que passaria também à imortalidade além-túmulo, unindo-se novamente à alma, era um conceito distante das religiões antigas. A ressurreição biblicamente entendida diz respeito ao corpo humano, e não da alma que não pode morrer (ou deixar de existir). A ressurreição de Jesus é uma das duas verdades fundamentais do evangelho. A outra é a sua morte expiatória (1 Co 15.1,3,4). A junção da morte e da ressurreição são as Boas Novas de salvação: primeiro que Cristo morreu por nossos pecados e, segundo que Ele ressuscitou dos mortos. Sem a ressurreição, a morte de Jesus seria apenas mais uma morte heroica como tantas outras que haviam ocorrido. A ressurreição diz respeito inclusive à afirmação da divindade de Cristo. Se a ressurreição de Jesus dentre os mortos não puder ser estabelecida, o cristianismo esvazia-se. As provas internas dos Evangelhos são quatro relatos separados e independentes. Embora exista harmonia entre eles, essa harmonia só aparece em estudos mais acurados. A harmonia nas narrativas da ressurreição são relatos de pessoas diferentes, em que cada uma delas observa o evento a partir do seu ponto de vista. Esse tipo de harmonia não seria possível caso a produção da narrativa fosse produzida em conjunto. É simplesmente improvável que quatro pessoas escrevessem separadamente um relato que jamais havia ocorrido! É preciso mais fé para acreditar nisso do que para crer na veracidade das testemunhas. Além disso, percebe-se em cada um desses relatos indicações de testemunhas oculares. Relatos de testemunhas oculares são diferentes dos que “se ouviu dizer”. Além disso, há a questão da evidência circunstancial. Sem dúvida nenhuma, a verdade fundamental pregada nos primeiros anos da Igreja era a ressurreição. É fato que os apóstolos proclamaram constantemente a ressurreição de Jesus. Por que os apóstolos usariam uma mentira como pedra fundamental do seu credo? Eles guiavam as suas vidas por meio dessa doutrina. Eles mesmos declararam que viram Jesus ressuscitado. Não é crível que os apóstolos tenham criado uma história a partir de um incidente imaginado. Será que eles estariam dispostos a morrer por causa de uma fraude? Outro fato conhecido e circunstancial foi a mudança do dia de descanso. Desde os tempos imemoriais, os judeus haviam celebrado o sétimo dia da semana como o dia de descanso e adoração. O lógico era que a Igreja mantivesse esse costume. No entanto, em Atos dos Apóstolos e nas histórias dos primeiros cristãos, podemos encontrá-los reunindo-se no primeiro dia da semana. Nada é mais complexo do que mudar dias sagrados, sendo um costume enraizado. É significativo dizer que não houve um decreto consagrando o primeiro dia da semana como o dia de descanso e adoração para os cristãos, mas houve consentimento geral. Somente algo extraordinário poderia explicar essa mudança. Os apóstolos afirmaram que o ocorrido foi exatamente a ressurreição de Jesus. Outro aspecto que deve ser levado em consideração foi a mudança de atitude dos discípulos. Após a crucificação, eles ficaram arrasados, desiludidos, seguiram outros caminhos. Porém, após se encontrarem com o Cristo ressurreto, a sua disposição mental foi alterada. Em Atos 4.10, Pedro coloca-se de pé e denuncia os que haviam crucificado Jesus, informando-os de que Deus ressuscitou-o dos mortos (At 5.29-32).
O TEXTO DOS EVANGELHOS É PURO
Os Evangelhos que temos hoje são os mesmos originalmente escritos. Devido à necessidade de instrução e da devoção pessoal, os textos dos Evangelhos foram copiados muitas vezes por escribas, o que aumenta as chances de preservação do texto original, visto que há inúmeras cópias que podem ser consultadas. Nenhuma outra obra antiga está traduzida para tantas línguas e, mesmo assim, concordando com o conteúdo, sendo o texto do Novo Testamento excelente, em todos os aspectos, como qualquer obra clássica da Antiguidade. Os 27 livros do Novo Testamento foram escritos pelos quatro evangelistas, cinco autores de cartas, testemunhas e contemporâneos, que abrangem um período que se estende do nascimento de Cristo ao ministério dos primeiros apóstolos. As cartas de Paulo são datadas entre os anos 48 e 67 d.C., aproximadamente, situando-as numa época em que os adultos haviam sido contemporâneos de Cristo e podiam, portanto, reagir com relação à veracidade dos seus escritos. A fé não fecha os olhos para a razão! Na verdade, a fé pode abrir os olhos para ver o que parece contradizer todas as analogias extraídas da experiência humana. Podemos chamar a ressurreição de acontecimento histórico porque ocorreu num lugar determinado, na Palestina, em um tempo definido, poucos dias após a Páscoa e antes do Pentecostes. O conhecimento desse evento depende de testemunhas que passaram adiante o relato do que ouviram e viram. O cristianismo está baseado no evangelho da ressurreição de Jesus de Nazaré, porque nesse acontecimento Deus aclarou a reinvindicação de Jesus de ser o representante primordial do seu Reino vindouro. Seria impossível o cristianismo ter iniciado se a crucificação tivesse sido o fim absoluto de Jesus. Nesse caso, a causa de Jesus teria perecido com ele. Ele seria um líder político (tão adorado pelos teólogos marxistas) que morreu nas mãos de uma elite religiosa, por meio de um Império opressor que subjugava as nações do seu tempo. Ao ressuscitar Jesus dos mortos, Deus elevou a causa pela qual viveu e morreu ao mais alto poder da história da salvação. Nesse ponto, surgiu a Igreja de Jesus, como criação do Espírito, para anunciar a chegada da nova vida alcançada em Cristo (uma vida isenta da morte), que Jesus herdou por meio da ressurreição, sendo Ele as primícias dos que dormem.
CONCLUSÃO
Assim, devemos ter em mente que a ressurreição de Cristo operou ações maravilhosas que não seriam possíveis de outra forma, tais quais a remissão dos pecados dos que creem, assim como a justificação. Assegurou definitivamente a ressurreição final dos mortos, em especial a feliz ressurreição dos justos para vida eterna (Rm 6.8; 8.11; 1 Co 15.12- 23; Cl 1.18; 1 Ts 4.14). A ressurreição de Cristo tornou-se a primícia dos que dormem e a garantia de nossa ressurreição literal como justos (1 Co 15.20,23-23; Cl 1.18). A ressurreição de Cristo é uma fonte permanente de poder e fé para os fiéis (Fp 3.10). Temos argumentos suficientes para provar que Jesus ressuscitou dos mortos, da sua divindade e é o cabeça da Igreja (Cl 1.18). Naturalmente, se alguém está determinado a não crer, nenhum argumento irá convencê-lo. Mas o Espírito que nos convence continua ativo no mundo para convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11).
Professor(a), para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: ALVES, Eduardo Leandro. A Prova da Vossa Fé: Vencendo a Incredulidade para Uma vida Bem-Sucedida. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.