Lição 10 – A Renovação cotidiana do homem interior
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – O SOFRIMENTO EXTERIOR
II – A RENOVAÇÃO INTERIOR
III – OS DESAFIOS DE HOJE
CONCLUSÃO
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Refletir sobre as adversidades enfrentadas pelo homem interior;
2. Compreender que essas dificuldades na vida não podem ser comparadas à glória futura reservada aos cristãos;
3. Despertar os alunos para buscar o renovo espiritual e o fortalecimento do homem interior.
III. OS DESAFIOS DE HOJE
1. Cultura Secularista
O termo “secular” e as palavras derivadas “secularismo”, “secularidade” e “secularização” adquirem um significado moderno a partir distinção medieval entre a jurisdição eclesiástica (igreja) e a jurisdição secular (mundo).8 A secularização em si mesma não é propriamente maléfica; só que, quando colocada contra a religião, se torna numa hostil opositora da fé.
Acerca do tema, Carl Henry (2007, p. 541) argumenta que:
Até o século dezenove o termo secularismo, geralmente, se referia à separação entre a autoridade civil e a autoridade eclesiástica. […] Hoje o “secular” é posto, geralmente, em contraste ao “sagrado”, substituindo o contraste anteriormente feito entre o sagrado e o profano. Igualmente, secularização é o nome dado ao processo mediante o qual um entendimento sobrenaturalista do mundo é substituído por um entendimento naturalista, e a religião deixa de ser uma influência social ou cultural efetiva. […] A centelha que provocou essa explosão foi desprendida pelas cartas de Dietrich Bonhoeffer, escritas da prisão. Essas cartas foram publicadas por seu amigo Eberhart Bethge, em 1951. […] O livro de Paul Van Buren […] foi um dos primeiros livros dos anos sessenta a dar prestígio ao secular […]. Muitos outros escritores tomaram o mesmo tema, advogando um cristianismo secular, com um Cristo secular, uma salvação secular, uma conversão secular, uma missão secular e um futuro secular. Assim, a teologia secular estava pronta para se fundir à teologia “da morte de Deus” da última metade dos anos sessenta e com as teologias da esperança e do futuro, às quais se alinhava, e que fundiam a escatologia do NT com a doutrina marxista do progresso histórico-social.
Nesse arcabouço, por meio do “espírito” da Babilônia, a cultura secularista opõe-se aos valores cristãos (Ap 17.5). Por conseguinte, o sistema iníquo prepara o mundo para o advento do Anticristo (2 Ts 2.4). O materialismo nega a realidade espiritual; o ateísmo nega a existência de Deus; o relativismo nega a verdade bíblica; o humanismo cultua o homem; o sincretismo profana o sagrado; e o ecumenismo corrói a ortodoxia.
Essas ideologias, corrompidas pelo pecado, promovem estratégica perseguição à Igreja de Cristo. Leis são promulgadas, e sentenças são prolatadas em desconstrução da religião e da liberdade de culto. O patrulhamento ideológico amordaça a voz da Igreja e aprisiona a fé no espaço privado. Nesse cenário, o Espírito de Deus busca crentes renovados e capazes de tomar posição contra as forças do mal (Ez 22.30).
2. Relativismo Doutrinário
Na Antropologia, o combate à ideia de homogeneidade cultural é chamado de multiculturalismo. Esse termo também designa
um movimento teórico e político em defesa da pluralidade e da diversidade cultural que reivindica o reconhecimento e a valorização da cultura das chamadas minorias.9
Como movimento, o multiculturalismo é legítimo e um importante instrumento de luta contra o racismo, a discriminação e o preconceito contra determinados grupos percebidos como diferentes e marginalizados.
O problema do multiculturalismo está no ranço ideológico contrário à cultura judaico-cristã. Por vezes, extremistas e críticos exacerbados colocam as mazelas sociais de grupos minoritários como sendo culpa da supremacia da religião cristã. Desse modo, o movimento multiculturalista faz empenho em questionar, culpar e desconstruir a cultura cristã. Uma das ferramentas utilizadas com esse propósito é a propagação do “relativismo cultural”.
Na língua portuguesa, a palavra “relativismo” tem origem no latim relatus, que significa “aquilo que é relativo”, que depende de alguma coisa. A ideia central dessa teoria é de que não existe verdade absoluta. O filósofo grego Pirro de Élis (360–270 a.C.) desenvolveu a ideia de que coisa alguma pode ser afirmada com absoluta certeza, e Protágoras (490–410 a.C.) tornou-se famoso pela citação “O homem é a medida de todas as coisas”. O conceito afirma que a verdade não é algo fixo, que sofre modificações e está condicionada a cada sociedade conforme a sua época e cultura.
Nesse cenário, destaca-se que, entre os sinais que antecedem a volta de Cristo, estão o surgimento de falsos cristos, falsos profetas e a apostasia (Mt 24.5,11,24). Desse modo, na pós-modernidade, mercê do liberalismo teológico de desconstrução da fé ortodoxa, a autoridade bíblica é contestada, e o relativismo doutrinário é instalado. Faz-se uma releitura seletiva da Bíblia para agregar à igreja os que não aceitam a sã doutrina (2 Tm 4.3). Alega-se que a ética e a moral cristã não podem ser parâmetro para o modo de vida e visão de mundo das pessoas e que a fé cristã, por ser o construto da sociedade, deve ser modificada e adequada aos tempos modernos. O relativismo doutrinário, aliado à ideologia secularista, impõe o que deve ser considerado como ideal. Assim, o pecado é aceito e tolerado. O crente renovado, todavia, deve reagir contra essa inversão de valores e “[…] batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd v. 3).
NOTAS
8 HENRY, Carl (org.). Dicionário de Ética Cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007, p. 541.
9 SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. São Paulo: Editora Moderna, 2013, p. 121.
Texto extraído da obra, “A Igreja de Cristo e o Império do Mal”, livro de apoio ao 3º trimestre, publicado pela CPAD.