Lição 5 – Motim em família
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MURMURAÇÃO
II – O MOTIVO DA REBELIÃO DE MIRIÃ E ARÃO
III – MOISÉS: UM HOMEM MANSO E HUMILDE
CONCLUSÃO
Esta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Apresentar as raízes e danos causados pela murmuração entre o povo de Deus;
2. Identificar o real motivo que culminou a rebelião dos irmãos contra Moisés;
3. Conscientizar de que Deus honra o líder manso e humilde, punindo os que lhe intentam o mal.
A palavra “motim” sugere a ideia de reunir pessoas para se oporem contra uma autoridade ou contra uma ordem estabelecida. A palavra “motim” pode referir-se aos atos explícitos de desobediência e uma reação negativa contra regras e ordens estabelecidas num grupo social. Em síntese, motim é um ato de rebeldia contra um poder ou autoridade estabelecida.
Abordaremos neste capítulo a história da rebelião de Miriã e Arão (Nm 12) contra a liderança de Moisés, seu próprio irmão. O Novo Comentário da Bíblia explica o texto de Números 12.1-6 da seguinte forma: “Embora seja mau para um superior verificar que entre os súditos lavra por vezes o descontentamento, muito pior é saber que não poucos desses súditos, quase sempre sem razões, procuram afincadamente destruir-lhe a autoridade”. Foi o que aconteceu com a atitude rebelde de Miriã e de Arão contra a autoridade de Moisés. Independentemente de tudo quanto Moisés havia feito em benefício de todo o povo israelita, algumas posturas do líder não agradariam a todos. Em especial, Moisés não esperava que seus irmãos, que eram colaboradores diretos, formassem um motim para conspirar contra ele. Arão e Miriã eram pessoas da família, que deveriam ouvir e apoiar Moisés, porque, acima de tudo, ele era a autoridade máxima em Israel.
Após sair do Egito, o povo de Israel caminhou em direção à terra de Canaã sob a liderança de Moisés, com a expectativa de conquistar a terra que o Senhor havia prometido. Entretanto, Israel havia crescido em número por 430 anos no Egito, mas não teve uma liderança espiritual organizada. Por isso, não havia orientação moral e espiritual para o povo. Ao tomarem o caminho do deserto objetivando chegar à terra de Canaã, Israel experimentou muitos percalços em sua peregrinação provocados pela escassez de água e de alimentos sólidos. Essas experiências ruins fizeram com que Israel começasse a duvidar de que fora Deus que os tirara do Egito. Essa insatisfação desenvolveu reclamações e murmurações contra Moisés. E, neste episódio do capítulo 12 de Números, Moisés teve que suportar até mesmo a oposição e rebelião de Arão e Miriã.
I – A INFLUÊNCIA NEGATIVA DAS MURMURAÇÕES
Murmurações são aquelas falas baixas que sussurram palavras negativas contra aquilo de que se discorda. A história de Israel sempre teve problemas com murmurações e descontentamentos com regras e leis estabelecidas. Pior é a murmuração com intenção caluniosa, a fofoca ou o fuxico sobre a vida das pessoas. Qualquer tipo de liderança sempre sofrerá com esse tipo de problema, e não foi diferente com Moisés.
Desde a saída do Egito, passando pelo mar Vermelho e tomando o caminho do Sinai, o povo viveu tempos de êxtase até se deparar com a primeira grande dificuldade no seu caminho. O povo começou a reclamar contra Moisés e contra Deus porque não encontraram água potável para beber (Êx 15.22-27). Nessa retomada da viagem, não faltou a alegria do povo, o cântico de Moisés (Êx 15.1-19), nem mesmo a dança de Miriã e das mulheres de Israel com tamborins nas mãos, cantando e dançando na presença de Deus. Em seguida, três dias depois de tomarem o caminho para Canaã, depois de deixar o Sinai, o povo se depara com a primeira grande dificuldade que era a sede, então, esse mesmo povo festivo, parece esquecer-se de tudo quanto Deus havia feito por todos e começa a murmurar contra o seu Senhor e contra Moisés (Nm 11). Contudo, Deus opera um milagre diante de todo o povo, quando, depois de Moisés orar, o Senhor lhe mostra “um lenho [o libertador de Israel] que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces” (Êx 15.25). Continuando a viagem, logo depois chegaram a um lugar chamado Elim, encontraram 12 fontes de água e 70 palmeiras. O povo de Deus acampou por um pouco de tempo, nesse lugar, até partirem de Elim (Êx 16.1). Depois de saírem de Elim e tomarem o deserto de Sim, as reservas alimentares estavam acabando e, mais uma vez, o povo começou a murmurar contra Deus e Moisés. O povo começou a lembrar das panelas de carne e da abundância de pão que tinha à mesa de suas casas no Egito. Tão facilmente, esse povo havia esquecido de todo o sofrimento da escravidão egípcia, dos açoites que lanharam seus corpos, do trabalho forçado a que eram submetidos. Murmuraram contra Moisés e Arão por terem sido os condutores para essa aventura no deserto. Moisés, mais uma vez, foi falar com Deus e ouviu dEle a resposta: “Eis que vos farei chover pão dos céus” (Êx 16.4) e o povo a cada manhã recolherá a quantidade necessária para matar a fome. O povo não deixou de murmurar contra Moisés e contra Deus, porque sentiam saudades das panelas de carne no Egito. Então, mais uma vez, Deus disse a Moisés: O Senhor lhes dará maná pela manhã e carne ao entardecer (Êx 16.8). Todo o povo foi surpreendido quando à tarde apareceram codornizes que cobriam o lugar onde estavam acampados (Êx 16.13). Nada faltou para aquele povo, mas a insatisfação era como um germe maléfico que dominava o coração e a mente das famílias de Israel. Porém, não demorou muito para que, ao terem enjoado de comer “maná” todos os dias, e caçar codornizes para comerem a sua carne, o povo voltou a reclamar contra a liderança de Moisés.
Nos tempos atuais, nós cristãos tão facilmente nos esquecemos das bênçãos de Deus em nossa vida e acabamos fazendo o mesmo que Israel fazia nos dias de Moisés.
Já nos primórdios da Igreja no primeiro século da Era Cristã, os apóstolos procuravam exortar aos cristãos que, de vez em quando, murmuravam contra a liderança da Igreja e uns contra os outros. Tiago, irmão do Senhor, exortou: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz” (Tg 4.11). O apóstolo Pedro escreveu em sua epístola: “Deixando, pois, toda malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações” (1 Pe 2.1).
Voltemos à história de Israel e suas murmurações. Não demorou muito tempo para que Arão e Miriã, com ciúmes de Moisés e considerando-se secundários, começassem a murmurar contra sua liderança, formando um motim familiar para discordar de Moisés.
Texto extraído da obra RELACIONAMENTOS FAMILIARES, editada pela CPAD.