Lição 4 – O Bom Pastor está comigo
Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria de Thiago Santos, um dos autores do livro de apoio do trimestre.
O BOM PASTOR ESTÁ COMIGO
INTRODUÇÃO
O Salmo 23 descreve a figura do pastor que era bem conhecida no oriente antigo e o salmista faz uso dela para descrever a maneira como o próprio Deus cuida do seu povo. Neste capítulo, o salmista é Davi, o antigo pastor das ovelhas malhadas que foi escolhido ainda jovem para ascender ao trono de Israel. Davi conhecia bem a respeito desse ofício e usa-o de forma figurada para ilustrar a relação entre Deus e o seu povo.
De modo geral, o Salmo 23 inicia com a descrição das atividades do pastor com as suas ovelhas no campo. Ele cuida da alimentação, da proteção, do conforto e, sempre que necessário, recupera aquelas ovelhas que estão machucadas em razão dos percalços deparados ao longo do pastio. Da mesma forma, o próprio Deus cuida das necessidades do seu povo, orienta e provê o necessário.
Ainda neste salmo, o Senhor é apresentado como o anfitrião que oferece um banquete aos seus filhos diante dos seus adversários. Essa, certamente, era uma realidade bem conhecida por Davi, haja vista que ele teve de enfrentar várias conspirações contra o seu reinado vindas de pessoas de confiança que compartilhavam o banquete com ele (Sl 41.9).
À medida que o Salmo 23 descreve a figura do pastor, revela também a plena confiança da ovelha no cuidado pastoral. É como se pudéssemos ouvir o sentimento expressado pelo povo de Deus no tocante ao cuidado e provisão do Senhor. Deus é aquEle que não deixa faltar nada (Sl 23.1). Ele cuida desde as necessidades materiais até o consolo da alma e sua presença sempre está com os seus servos.
Por fim, a figura do Senhor como o provedor é elencada de modo que Ele provê a exaltação diante dos adversários. O Senhor sabe honrar os seus humildes servos publicamente para glória do seu nome. E, como consequência, o salmista é grato a Deus e com convicção, afirma que a bondade e a misericórdia do Senhor estarão continuamente em sua vida. Por causa disso, a prontidão em servir o Senhor em sua Casa é uma alegria para o salmista.
I. PANORAMA DO SALMO 23
O Salmo de número 23 descreve detalhes do ofício pastoral no antigo oriente. A figura do pastor é utilizada metaforicamente nas Escrituras para descrever o cuidado de Deus para com o seu povo. Nesse relacionamento, o aspecto da confiança é destacado. As intempéries da vida provocam estresse, angústia, ansiedade e outros impactos no emocional das pessoas. Entretanto, confiando no Senhor, o salmista pode reencontrar a estabilidade, o conforto e o descanso para sua alma.
O salmo está estruturado da seguinte forma: no primeiro momento, o salmo descreve as atividades realizadas pelo pastor que servem para ilustrar o cuidado do Senhor com os seus servos. Em o Novo Testamento, a imagem do pastor é mencionada por Jesus com o fim de descrever o profundo relacionamento que Ele estabeleceu com seus discípulos (Jo 10.16); na segunda parte do salmo, a imagem do anfitrião revela a característica provedora de Deus ao exaltar os seus filhos diante daqueles que tentam prejudicá-lo.
1. Confiança em Deus
O relacionamento com Deus é representado nas figuras do pastor e da ovelha. Não foram poucas as vezes que Deus tratou o seu povo como ovelhas do seu rebanho (Ez 34.22; Mt 25.33; Jo 10.27). Até mesmo quando chamou seus servos para reinar os tratou como pastores escolhidos para apascentar o seu grande rebanho, isto é, a nação de Israel (1 Cr 11.2; 17.6; Jr 23.2). Logo, a figura do pastor sempre esteve ligada aos cuidados de uma liderança em relação ao povo de Deus.
Nesse relacionamento, a confiança é um aspecto que se destaca. Sempre que o povo de Deus se viu enfrentando alguma circunstância desfavorável, clamavam ao Senhor e depositavam nEle a sua confiança. Então, Deus, como um pastor que zela pelas suas ovelhas, não apenas espera a justa obediência do seu rebanho, mas também se compromete a prover a proteção que as suas ovelhas tanto precisam para sentir-se seguras.
Nesse sentido, o salmo é utilizado como uma palavra de consolo para aqueles que buscam uma relação de confiança no Senhor. Porque a sua presença está com o seu povo, nada mais faltará. É a presença de Deus que preenche a vida do crente e, desde então, todas as outras necessidades são supridas, sejam estas, materiais, emocionais ou espirituais. No Senhor, o crente encontra o conforto necessário para todos os momentos de angústia, de depressão, de estresse, de adversidade ou de luto. Confiando nos cuidados do Bom Pastor, a alma cansada espera em Deus e alcança descanso.
2. A Estrutura do Salmo 23: a Imagem do Pastor
O Salmo de número 23 está organizado em duas partes. A primeira diz respeito às atividades do pastor como uma forma de ilustrar o cuidado do Senhor com o seu povo. Com já dito anteriormente, a figura do pastor era bem conhecida do povo de Israel. A reação de Deus para com o seu povo sempre foi de cuidado, de proteção e de orientação.
Em todo o contexto bíblico, a imagem do pastor é elencada com o fim de mostrar o zelo do Senhor para com o seu povo, seja no sentido direto, isto é, o próprio Deus tratando diretamente com o seu povo ou mesmo usando servos que cumpriram esse cuidado com um pastor zela pelas suas ovelhas.
A própria retirada dos hebreus do cativeiro egípcio é semelhante a um pastor que partiu em direção ao deserto para buscar as suas ovelhas que estavam perdidas. Para tanto, Deus usou seu servo Moisés com um cajado que tinha em suas mãos, pelo qual, o Senhor operou vários milagres sobre as terras egípcias. Note que, no momento do chamamento de Moisés, ele cumpria justamente o ofício de pastor ao conduzir o rebanho de seu sogro pelas regiões junto ao monte Horebe, local onde Deus apareceu para falar com ele do meio da sarça (Êx 3).
Atualmente, as igrejas usufruem da figura do pastor para representar o cuidado de Deus para com os cristãos. Os líderes espirituais que foram chamados por Deus e receberam a incumbência de ensinar a doutrina bíblica, orientar e admoestar os crentes a guardarem os mandamentos e a serem zelosos de boas práticas.
3. A Estrutura do Salmo 23: a Imagem do Anfitrião
A segunda parte do Salmo 23 apresenta a imagem do anfitrião de uma casa onde ocorre um grande banquete. Na ocasião descrita
no salmo, o anfitrião cumpre com as obrigações normais de um banquete. A presença dos elementos “mesa”, “unção com óleo”, “cálice”, descrevem um cenário muito presente na cultura oriental.
Os elementos denotados neste cenário mostram a preocupação de Deus em honrar os seus servos na presença dos seus adversários. Observe que não há aqui a exclusão dos adversários do rei neste banquete. Afinal de contas, Davi, experimentou situações em que antigos amigos se tornaram adversários e trabalharam para prejudicá-lo. Ele conhecia bem essa realidade, pois ninguém como ele a experimentou por meio de muitas conspirações no reinado de Israel (cf. 2 Sm 1-6, 13,14). Ainda assim, ele sabia que Deus o honraria diante de seus inimigos.
Semelhante ao anfitrião que cuida de prover o necessário aqueles que são convidados ao banquete, o Senhor também “prepara” um grande banquete aos seus servos ao exaltá-los diante daqueles que tentam prejudicá-lo. Note que os inimigos ou as adversidades do povo de Deus não são prontamente aniquiladas. Isso ocorre porque Deus está preparando meios de honrá-los diante dos seus adversários que trabalham para prejudicá-los. Assim o Senhor também, como um bom anfitrião, já reservou um dia em que todos os seus servos serão honrados e receberão o galarão pela fidelidade e serviço prestados durante esta vida.
II. PLENA CONFIANÇA EM DEUS
O salmo descreve o cuidado do pastor para com o rebanho, mas ressalta também um aspecto relevante nessa relação: a confiança das ovelhas no cuidado pastoral. O sentimento do povo em relação a proteção, amparo e orientação divina é de convicção na infalibilidade do Bom Pastor. Tanto os israelitas do Antigo Testamento quanto os crentes no Novo Testamento expressaram a certeza de que Deus é infalível no trato com as suas ovelhas.
Nesse cuidado, o Bom Pastor não trata apenas de cuidar das necessidades materiais. Antes, Ele sabe que o mais importante para suas ovelhas é ter uma vida espiritual de qualidade, bem como o conforto emocional frente às intempéries da vida. O Senhor cuida desde as necessidades materiais até o consolo da alma e sua presença sempre está com os seus servos.
1. O Senhor como Pastor (v. 1)
O salmista recobra a imagem de Deus como o seu pastor a partir da sua experiência com o ofício pastoral. Davi sabia que a ovelha é uma espécie de animal extremamente dependente da condução e dos cuidados do pastor. De modo semelhante, o Senhor sabe suprir as necessidades do seu povo. Dentre as capacidades do cuidado de suas ovelhas estão a proteção espiritual, o alimento para a alma e a cura para suas feridas.
Figuradamente, o Senhor Jesus, quando se autodeclarou como o Bom Pastor, afirmou que as suas ovelhas entram, saem e encontram pastagem (Jo 10.9). Isso aponta para a segurança oferecida aos seus discípulos enquanto estiverem neste mundo de intempéries. O Mestre orou por eles e disse ao Pai que não os tirassem do mundo, mas os livrassem do mal (Jo 17.15).
No tocante ao alimento espiritual, enquanto estiverem sob os cuidados do Bom Pastor, não faltará pastos verdejantes para alimentar aqueles que confiam na provisão de Cristo. Ele sabe alimentar a alma de seus seguidores com a sua santa Palavra a fim de nutrir a fé de cada um deles para que continuem a caminhada sem desanimar. O próprio Senhor Jesus declarou: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede” (Jo 6.35).
O Pastor Amado também vela pela saúde emocional de suas ovelhas. NEle, as suas ovelhas encontram a cura para as feridas, isto é, os crentes encontram o perdão para os pecados, restauração para as decepções, conforto para os dias de luto e consolo para os momentos de choro e tristeza. Diante do contexto atual, é legítimo perguntar a você leitor: quem tem sido o seu Bom Pastor? A quem você tem se dirigido para buscar auxílio? Você pode afirmar que, como Bom Pastor, Deus o preenche por completo? Saiba que o Senhor Jesus como o Bom Pastor não falha, Ele supre todas as necessidades das suas ovelhas porque está sempre com elas (Fp 4.19).
2. O Senhor que Trata a Alma (vv. 2,3)
O Senhor, como Bom Pastor, sabe que, por maiores que sejam as necessidades materiais de suas ovelhas, nada é mais importante do que a sua condição espiritual. Por essa razão, o Salmo 23 ilustra o bem-estar da ovelha por meio da descrição de um cenário de oásis onde a paz, a segurança e as necessidades são supridas.
Os pastos verdejantes, as águas tranquilas, as veredas retas denotam respectivamente um contexto de quietude, alívio e instruções contínuas para uma vida espiritual de qualidade a partir de um relacionamento íntimo e verdadeiro com Deus.
Esses versículos comprovam que o cuidado de Deus não está restrito às necessidades externas e imediatas das pessoas. Deus conhece o interior dos seus servos, sabe no íntimo quais são as suas maiores necessidades, inclusive, aquelas ligadas às áreas emocional e espiritual. O Senhor é quem acalma as tempestades que acometem a alma do homem. Assim, tratada e descansada, essa alma receberá instruções para andar em retidão e justiça (2 Co 4.16; Ef 4.23,24).
3. O Senhor Está Conosco
O relacionamento com Deus leva o crente a ter a convicção de que a sua confiança, ainda que seja provada, não ficará incorrespondida. A certeza de que o cuidado do Senhor não nos faltará não é por acaso. Ele é decorrente do relacionamento com Deus. À medida que nos relacionamos com o Senhor, desenvolvemos a confiança na sua fidelidade e infalibilidade.
Pertencer ao Senhor não nos isenta de enfrentarmos situações que nos causará tristeza ou desânimo. Entretanto, o salmista tem uma visão realista da vida, sabe que o dia mal pode chegar a qualquer momento, mas também sabe que o Pastor não o deixará em falta: “Tu estás comigo” (Sl 23.4).
A confiança do salmista não é por acaso. O salmista sabe que, ainda que os momentos de insegurança lhe causem lágrimas, ele terá à sua disposição a presença do Bom Pastor que não lhe falta (v. 1). Nessa mesma perspectiva, o Evangelho de João apresenta os cuidados do Espírito Santo em relação à caminhada do crente. O Senhor Jesus prometeu aos seus discípulos que não os deixaria sozinhos. Mas enviaria outro Consolador para que estivesse com eles todos os dias (Jo 14.16,17).
O Senhor Jesus prometeu ainda conceder aos seguidores uma paz diferente daquela que o mundo pode oferecer (Jo 16.33). Essa mesma paz é anunciada pelo apóstolo Paulo como aquela que excede todo o entendimento, isto é, que ninguém consegue compreender, mas o crente que a recebe a entende porque ela é gerada pelo Espírito Santo em seu interior (Fp 4.7).
A paz prometida pelo Senhor trata-se da mesma do refrigério experimentado pelo salmista em momento de adversidades. O crente deve compreender que as aflições deste tempo presente não podem se comparar à glória que está reservada para aqueles que temem e confiam no cuidado do Bom Pastor (Rm 8.18). Em muitas ocasiões, o crente pode sentir-se desamparado, abatido, como se Deus não se importasse com a sua dor. Contudo, essa provação é o método divino que tem como finalidade aperfeiçoar a sua fé para que desfrute com alegria do cuidado e da provisão de Deus sobre a sua vida (Tg 1.12).
CONCLUSÃO
Por fim, vale destacar que a vida cristã não é uma caminhada que se faz sozinho(a). Precisamos do cuidado, da proteção e da orientação de nosso Bom Pastor. Sem o seu amparo não poderemos suportar as adversidades que de forma tão contínua encontra-nos durante os percursos. Mas não temos um Deus que é indiferente para com as nossas dores. Antes, como o Bom Pastor, que zela pelo seu rebanho, Ele nos acompanha em cada detalhe dos nossos dias.
O Senhor também nos cerca de tudo o que precisamos para desfrutar da sua bondade e da sua misericórdia. Até mesmo quando os nossos inimigos parecem prevalecer contra nós, o Senhor prepara uma mesa diante deles para nos honrar porque Ele é fiel. Por essa razão, devemos ser gratos, obedientes e santos. Ter uma vida de sacrifício vivo em adoração é melhor do que qualquer prática litúrgica que possamos apresentar a Deus em sua Casa, pois o Senhor não olha para a aparência. Que possamos ter a certeza de que o nosso Senhor sempre está conosco.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
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