Lição 4 – Quando se vai a Glória de Deus
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – SOBRE A GLÓRIA DE DEUS
II – SOBRE A RETIRADA DA GLÓRIA DE DEUS
III – SOBRE O SEGUNDO TEMPLO
CONCLUSÃO
Esta quarta lição tem três objetivos que os professores devem buscar atingi-los:
1. Conceituar a “glória” de Deus;
2. Explicar a retirada da glória de Deus;
3. Relacionar o segundo Templo com a glória de Deus.
Os capítulos 9, 10 e 11 de Ezequiel abordam a respeito da “glória” de Deus que representava a presença de Javé no Templo. A proposta deste tema é esclarecer o motivo de a glória de Deus de deixado o Templo. Esse fato espiritual revela que a presença de Deus não era incondicional. Havia um compromisso por parte do povo por meio da aliança feita no Sinai. Para aprofundar essa questão, reproduzimos um fragmento textual que aprofunda o assunto:
A glória de Deus baixou do céu à terra primeiramente no tabernáculo, no dia de sua dedicação. Depois disso, essa cena se repetiu por ocasião da inauguração do templo de Jerusalém pelo rei Salomão. Ela representava a presença de Javé no templo. Quando Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, explicou a razão dessa ordem: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8). Essa presença não era incondicional, o povo tinha compromissos, a aliança feita no Sinai, mas esse pacto havia sido violado. O objetivo da presente lição é esclarecer sobre a retirada da presença do santuário de Jerusalém.
Os capítulos 8 a 11 descrevem a segunda visão de Ezequiel. No capítulo 8, o foco foi a denúncia das abominações que estavam ocorrendo no templo, violando, assim, a santidade de Deus. O capítulo 9 mostra o julgamento divino como resposta a essas abominações, e o 10 evidencia como a glória de Deus aos poucos começar a se deslocar, até que, finalmente, no capítulo 11, ela se retira por completo de Jerusalém.
[…] O livro de Ezequiel apresenta uma crise teológica para Israel com o cativeiro babilônico. O templo era visto como único lugar da presença de Deus, então como lidar com a sua destruição?
Num artigo para o The Jerusalem Post sobre o feriado de Tshá Ave, dia da destruição dos dois templos, o de Salomão e o de Herodes, o rabino Shmuel Rabinowitz, explica o propósito do templo da perspectiva do judaísmo.[10] Não eram os sacrifícios, embora ali ocorressem (Is 1.11), muito menos para conter Deus (1Rs 8.27). A tradição judaica encontra em Êxodo 25.8 a resposta: “e farão para mim um santuário, para que eu possa habitar no meio deles”. Javé habita no meio do povo, no coração de cada uma das pessoas; Javé não está no meio do templo”. Ou seja, o templo era uma estrutura simbólica de Deus entre os seres humanos.
Com a vinda de Jesus ao mundo, o templo tornou-se redundante (Jo 1.14). Quando Jesus no alto da cruz com grande voz entregou o espírito, “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mt 27.51). Estava definitivamente concluída a missão do templo. Desde então, é em Jesus que temos a redenção e o perdão de nossos pecados. Não existe mais o templo de Jerusalém, mas Deus habita no cristão individualmente (Jo 14.23; 1Co 6.19).
[…] Nesses capítulos sobre as abominações, julgamento e juízo, aprendemos que Deus é soberano e não se rende às vontades humanas. Deus é soberano, transcendente, imanente, santo e justo. A exigência era que o povo buscasse a santidade e a justiça por meio da obediência aos estatutos divinos (Lv 20.7-8; 22-24). Vivendo dessa forma, a identidade do povo refletiria o Deus a quem serviam. No entanto, os filhos de Israel estavam profanando o nome de Javé a ponto de descaracterizar sua imagem. Nessa situação, a glória de Deus se retira do templo. Brueggemann resume que, embora o templo representasse a presença divina na terra, “Deus se recusa a ficar onde Deus não é honrado”.[11] Deus nunca esteve e não está preso a nenhum lugar chamado “casa de Deus”. No nosso cotidiano de igreja, isso nos leva a pensar nas condições em que Deus se faz presente ou se ausenta do local.
NOTAS
10 RABINOWITZ, Shmuel. “The Temple – walking in the path of God – Tisha Be’av” in: The Jerusalem Post, 25 de julho de 2015.
11 BRUEGGEMANN, Walter. Op. Cit., p. 55
Texto extraído da obra A Justiça Divina, editada pela CPAD.