Lição 8 – Quem segue a Cristo compartilha a mensagem da Graça
Prezado(a) professor(a), iniciamos mais um trimestre! Você já assistiu a apresentação deste trimestre em nosso canal no Youtube? Acesse o link (https://youtu.be/dKyw9mBeKms) e veja o que preparamos para vocês neste trimestre.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Thiago Brazil.
INTRODUÇÃO
Se não fosse Cristo, quem seria? Quem nos amaria assim? Quem suportaria tudo isso? A necessidade do sacrifício de Jesus era resultado direto de uma consequência de nossa carência existencial das filhas e filhos de Adão.
A pergunta do, até então, anônimo caminhante para Emaús é extremamente importante. A ignorância quanto ao sacrifício de Cristo certamente conduz à perdição eterna. Dito de outra forma, o sacrifício de Jesus é suficiente para salvar a humanidade inteira, mas isso não será feito à revelia, sem consciência individual de cada um com relação ao fracasso da tentativa de independência de Deus e a urgência de uma vida restaurada pela cruz.
Era necessário que Jesus enfrentasse toda a via crucis até o abandono dos seus amigos no Calvário, pois não havia outra maneira de sermos alcançados pela graça redentora.
Enquanto as pessoas continuarem não valorizando a oferta de amor do Pai de todo o Universo, elas continuarão apartadas da misericórdia que salva. Jesus não fez um único ato sacrifical. Ele adotou uma vida inteira de consagração. Tudo foi por nós: todas as provações existenciais, privações sociais e agressões pessoais. O Mestre enfrentou todas as coisas que lhe estavam propostas por saber que jamais conseguiríamos superar as dores que nos esperavam.
O embate com Satanás no deserto, as lutas cotidianas com demônios, além da guerra contra o inferno religioso da época, foram circunstâncias que Cristo encarou para livrar-nos da condenação eterna futura. No retorno à glória, havia um Calvário, um deserto, um Getsêmani. Antes do regresso ao Trono, existia uma cruz, muitas pedras, doloridas lágrimas, e, mesmo assim, Ele não desistiu de amar-nos.
Não somos chamados para ser “caixeiros-viajantes gospels”. A mensagem que carregamos não é um produto, um objeto ou um negócio. Nosso empenho e esforço no anúncio do evangelho deve ser uma reação natural de um coração que ama o outro porque foi amado primeiro pelo maravilho Deus, que se define como o próprio amor.
É muito estranha a forma como alguns pregadores de nossos dias discursam sobre a fé cristã: eles rebaixam Jesus a um “destino turístico da eternidade”, esforçam-se para tentar convencer as pessoas com argumentos humanos de que seria vantajoso seguir a Jesus Cristo. Toda persuasão divina sempre é promovida pelo Santo Espírito, e não por nós.
Penso que existe um problema de fundamento nesse tipo de pseudoevangelização. Jesus não é sobra de mercadoria em fim de feira. Não existe uma guerra entre Cristo e o Diabo por nossas almas, pois a vitória do Redentor foi proclamada no Calvário quando fomos comprados a preço de sangue e Ele garantiu a possibilidade do Céu à humanidade.
As pessoas não devem ser incentivadas a “dar uma chance a Deus”. Elas precisam ser esclarecidas que a situação caótica que a humanidade enfrenta só pode ser superada com a rendição completa ao senhorio de Cristo. Por tudo isso, o que devemos pregar? Copo de água mágico, teologia coaching, evangelho do país das maravilhas? Não, não! Mil vezes não! Nossa missão foi anunciada de modo claro pelo Mestre: dizer às pessoas que o Reino Eternal de Cristo está em iminente implantação; logo, tudo o que não está alinhado com os princípios e valores do Céu certamente ruirão.
Somente quando as pessoas entenderem a urgência de um relacionamento verdadeiro com Deus é que terão sido realmente apresentadas ao evangelho. Todo o resto não passa de torpor religioso.
Qual a temática da nossa pregação? Qual o conteúdo dos nossos sermões?
Vivemos tempos muito difíceis. Há no meio do povo de Deus uma urgência por sucesso e resultados que não vêm do coração de Deus. O “evangelho de resultados” que testemunhamos modela o discurso nos templos. São raros os profetas, há muitos animadores de palco; quase não existem mais pregações contra a pecaminosidade como estilo de vida, e multiplicam-se os arautos de uma existência camaleônica — durante a semana, profanos, e, aos domingos, religiosos hipócritas. As pessoas estão mais preocupadas com a estética do que com a ética, mais com a imagem do que com o conteúdo, mais com o sucesso do que com o Reino. Nessa lógica adoecedora, jovens pregadores são seduzidos a render-se às fórmulas mágicas da falsa teologia. Os cristãos deixam de conceber-se como missionários e passam a entender-se como meros espectadores.
Não, não é essa a vontade de Deus para nós. Tomemos como exemplo o próprio Jesus Cristo: esperou 30 anos para iniciar o seu ministério. Ao fim de três anos e meio, não conseguiu a maioria do povo, não mudou a estrutura do sinédrio, nem conseguiu desconstruir os poderes opressores de Roma. Sendo absolutamente consciente dos rumos que lhe renderiam a sua opção de sermões e discursos, Jesus não mudou um milímetro. Nosso Cristo não se preocupou em agradar a plateia, nem fez conchavos com os poderosos — Ele não tinha um projeto político. O discurso que lemos de Pedro nesse versículo foi proferido no florescer da Igreja. O pescador de vidas não negociou os princípios do Reino, não maquiou o evangelho para tornar-se mais palatável àquela geração. A fala era simples e direta: “Convertam-se, abandonem essa forma perversa de viver e rendam-se ao poder do amor de Deus.”
Assim como nos ensinou Jesus Cristo e como a Igreja Primitiva viveu, devemos compreender que o tema de nossa mensagem deve ser muito claro: busquemos a salvação agora e sempre; corramos para os braços de Cristo e de lá não saiamos jamais.
Que tempos estranhos e difíceis são estes que vivemos! Não muito tempo atrás, as pessoas tinham vergonha da pecha de cristãos; sim, no Império Romano tal denominação poderia custar a uma pessoa o sacrifício da sua vida. Ainda na Idade Moderna, os protestantes passaram terríveis perseguições que foram promovidas por infames tribunais de “santa” inquisição. Mais contemporaneamente, os crentes sofriam ataques diários, violações e depredações dos seus lugares de culto, além de sofrerem discriminações sociais das mais diversas.
Mais do que nunca, as palavras de Paulo aos coríntios precisam ser o norte de nossas atitudes: não mercadejamos a fé, não negociamos nossos princípios e jamais colocamos a fé a leilão.
Não importam as ameaças que soframos ou as supostas oportunidades que percamos; devemos proclamar a Cristo com sinceridade, pois somente assim seremos capazes de apresentar ao mundo a diferença entre luz e trevas, santidade e impureza. Não precisamos adocicar a mensagem da Bíblia para ninguém, pois ela já vem carregada no tempero correto; basta-nos seguir a vontade de Deus, que as pessoas serão atraídas pelo seu amor.
A Igreja não é escrava da ambição terrena. Nós, como Igreja de Cristo, não cabemos dentro de qualquer ideologia partidária ou governo humano, pois somos um povo comprometido com o Céu, chamados para almejar apenas o comparecimento ante o Trono do Reino do Universo.
Não vamos rebaixar o evangelho; não confundamos nossa missão neste mundo.
O que Deus pensa sobre você? Ele certamente te vê como parte daquilo que há de melhor no mundo. Você é, simplesmente, obra-prima do Criador!
Esse tipo de visão sobre a humanidade restabelece a verdade de modo muito importante. Há milênios, desde a criação do primeiro casal, Satanás tenta solapar a verdade e associar a cada filho de Adão a pecha de erro. Sim, de modo individual ou coletivo, o Inferno tenta humilhar-nos afirmando que somos seres imperfeitos, inúteis e, por isso, indesejados. Por esse tipo de ataque covarde, muitas pessoas ficam abaladas, vivem machucadas e, por acreditar nesse tipo de declaração vil, passam pela terrível experiência de imaginarem-se odiadas por Deus.
Não caia nessa falácia! Não importa o que você fez ou onde está, Deus sempre vai amá-lo. Você não deve reduzir-se a seus atos e a suas escolhas desacertadas na vida. Se você for capaz de compreender-se para além daquilo que faz, isto é, somente quando se despir de toda a crosta de iniquidade que tenta apagar o brilho de Cristo que há em você, então poderá viver a realidade do amor do Eterno.
Não, você não nasceu para escravizar-se ao pecado. Você não pode reduzir-se aos erros que cometeu. Você é feitura das mãos de Deus, criado para a felicidade, construído para o bem. Não se conforme com menos do que isso. A religiosidade atual adoece as pessoas fazendo-as acreditar que o Senhor não as ama porque elas não têm tudo o que ambicionam. Quem oferece tudo o que o perverso coração dos filhos de Adão deseja é o Diabo, pois Cristo doa-nos amor, graça e redenção.
Seus erros não mudam o amor do Altíssimo por você; apenas criam uma ilusão maligna de que a compaixão do Senhor está mais distante — o que também é mentira. Hoje — mais especificamente agora — Deus está do seu lado, com um enorme sorriso, esperando seu abraço. Não, o Pai nunca virou as costas para você; não, o Criador não te trouxe à existência para uma vida de sofrimentos e angústia.
Jesus, o mais simples dos pregadores, o mais eficiente dos pregadores
Essa descrição da cena evangélica mobiliza em mim inúmeros afetos. Penso no poder aglutinador do Mestre da Galileia. Ele era apenas um homem, sem instrumentos tecnológicos de comunicação em massa, sem respaldo de poderes humano-políticos, mas, mesmo assim, as multidões afluíam até onde Ele estava. É evidente que o diferencial de Jesus sempre foi o seu discurso, a sua exegese da Lei, a sua vontade de promover a vida e a salvação ao seu povo.
Há, todavia, mais do que um simples discurso. Cada ação do Redentor é imersa em graça e misericórdia. A escolha da beira-mar não é aleatória. Quem conhece um pouco do labor de um pescador sabe que esse é um ponto de contradições. Nas areias onde as ondas dormem, os pescadores saem cheios de esperança, na expectativa de trazer o melhor para as suas famílias. No retorno, naquela mesma beira-mar, deságuam os cansaços, as alegrias, as frustrações e a fé de crer num amanhã melhor.
Quando Jesus fala da fluidez do barquinho na praia, Ele traz segurança em meio ao caos, paz entre os conflitos sociais. O Mestre não apenas veio ao mundo, como também fez questão de falar em nossa língua, em nosso nível.
Por fim, não posso deixar de citar a felicidade de escolher um lugar tão belo, sensível e espaçoso que possibilitava uma plena experiência sensória: o pé que se umedece com o suave toque das águas, a pele que é alcançada pela brisa agradável, os olhos que veem a beleza inigualável criada por Deus e o coração que transbordava a cada ensinamento poderoso do Mestre.
Aprendamos com o Salvador: façamos da transmissão do evangelho um evento de sensibilidade e um momento de revelação de toda a amabilidade do Criador. Que nossa pregação seja uma manifestação da beleza e da bondade de Deus a toda a humanidade.
Algumas pessoas, a despeito de terem longos anos de contato com a pregação cristã, ainda não entenderam que a caminhada seguindo Jesus Cristo é o momento de deslumbre e entusiasmo no Reino de Deus. Infelizmente, existem pessoas que se prendem às expectativas futuras de tal forma que não experimentam a alegria do agora que está disponível para as suas vidas.
Sim, sim… todos nós almejamos o Céu. É a vida eterna com Cristo que nos impulsiona diariamente; todavia, a maravilhosa promessa celeste não invalida a realidade da bênção de Deus aqui e agora sobre nossas vidas. Não podemos esquecer que somos a Igreja do Caminho, isto é, o mundo precisa reconhecer-nos como peregrinos, como aqueles que experimentam uma existência dinâmica, viva, de puro fluxo — afinal de contas, somos os caminhantes.
Ser o povo do Caminho traz consigo múltiplas implicações. Inicialmente, quer dizer que nos reconhecemos como aqueles que não estão prontos, ou seja, como quem está em processo de contínuo melhoramento e santificação, como pessoas imperfeitas que precisam constantemente de mais de Deus para serem plenas e felizes. Não há nada neste mundo que complete a fratura existencial que temos. Somos seres fragmentados por natureza; gente que, por ter sido feita do pó do chão da existência, precisa constantemente do sopro do Altíssimo para ganhar vida. Esse é outro modo de olhar nossa incompletude — não como algo que nos angustia, em virtude do reconhecimento dessa falta permanente, mas como uma bênção que nos possibilita ser melhores diariamente.
Ser alguém do Caminho também anuncia nossa condição peregrina: não somos daqueles que estão presos a começos, ou seja, que se preparam tanto para iniciar um projeto que nunca fazem nada. Muito menos dos que desprezam o presente por romantizarem o fim — esses experimentam amargas frustrações.
Que tipo de cristianismo é esse que estamos testemunhando? Que espécie de pregação evangélica é essa que ouvimos diariamente?
Assistimos ascender entre nós um modelo de religiosidade que promove a inveja e a ambição. Aqueles que dizem servir a Deus ostentam uma vida opulenta, luxuosa, e atribuem toda a riqueza que tem a certa “bênção” divina. Quais as consequências diretas disso? Ganância, ciúme e cobiça.
É exatamente contra esse tipo de espiritualidade que Paulo orienta os gálatas. Para o apóstolo, só havia uma saída: encher-se de Deus e frutificar na produção de todas as virtudes cristãs. Não precisamos ser cópia de ninguém aqui na terra. Não necessitamos de imitar qualquer instituição de sucesso financeiro de nossa sociedade.
A igreja não deve ser um ambiente de invejas, mas de inspiração. Os cristãos não devem desejar tomar nada de ninguém, pois aquilo que é nosso vem do alto, do Céu, das mãos maravilhosas do Eterno. Na despensa do Criador, há bênçãos para todos. No coração do Altíssimo, existe criatividade suficiente para surpreender cada um dos sete bilhões de filhos e filhas que existem no planeta.
Enchamo-nos de alegrias e dádivas espirituais; frutifiquemos em todo tipo de atributo espiritual; sejamos promotores da felicidade alheia, e nunca da amargura ou da angústia do outro.
Existe uma contabilidade diabólica que tenta pesar contra nossas vidas. Trata-se de uma fórmula satânica que procura continuamente nos humilhar. É inegável nossa culpa, e é impossível de esconder nossa condição pecadora; todavia, o que o Inimigo deseja é comprometer toda a liberdade que recebemos em Cristo. O que ele deseja é destacar nossos erros para que a graça de Deus fique obscurecida em nossos corações.
Não há como negar o que temos feito, pois nosso passado é um fato; contudo, o que Paulo relembra aos irmãos de Colossos é que a revelação da graça de Cristo opera exatamente na direção de tomar as acusações do Diabo e prover-nos a salvação.
Esta é a centralidade da razão de ser do evangelho: proclamar a humanidade que a consciência do pecado não deve tornar-se uma cadeia, mas o princípio de um processo de redenção que tem no amoroso ato de Jesus Cristo na cruz a certeza de mudança de futuro. Esta também é a riqueza do cristianismo: aquilo que poderia ser entendido como um acontecimento de constrangimento e vergonha constitui-se, na verdade, como o cerne de nossa vitória.
Não! O Diabo não tem mais o direito de acusar-nos, pois tudo, simplesmente tudo, foi justificado, pago e assumido por Jesus na sua crucificação. Tudo foi finalizado, todo preço foi quitado, todo erro foi superado, e toda culpa foi expiada.
Por isso, a cruz em que sofreu nosso Salvador é tanto o lugar onde reconhecemos nossa culpa, como também onde avistamos nossa salvação. Não nos deixemos intimidar diante das ameaças do acusador, que insiste em tentar envergonhar-nos em virtude de nossos antigos atos. Lembremo-nos do futuro glorioso que nos espera, que foi conquistado por Cristo no Calvário.
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: Imitadores de Cristo: Ensinos Extraídos das Palavras de Jesus e dos Apóstolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.