Lição 5 – A Sutileza do Materialismo e do Ateísmo
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – COMPREENDENDO O MATERIALISMO E O ATEÍSMO
II – RAÍZES DO MATERIALISMO E ATEÍSMO
III – PRESSUPOSTOS DAS DOUTRINAS MATERIALISTAS E ATEÍSTAS
IV – RESPONDENDO AO MATERIALISMO E AO ATEÍSMO
CONCLUSÃO
A presente lição apresenta três objetivos para os professores:
1. Conceituar o Materialismo e o Ateísmo;
2. Rastrear as raízes do Materialismo e do Ateísmo;
3. Pontuar os pressupostos do materialismo e do Ateísmo;
4. Afirmar o posicionamento da Igreja de Cristo.
Na lição do próximo domingo, estudaremos sobre o Materialismo e o Ateísmo. Doutrinas contrárias a Deus aos seus ensinamentos. Neste subsídio, destacaremos o Neoateísmo que apresenta novas roupagens para uma prática antiga.
“Neoateísmo
O materialismo e o ateísmo andam de mãos dadas. Embora nem todo ateu seja marxista, contudo, todo ateu é materialista, uma vez que para ele a única realidade existente é a material, não existindo, portanto, o mundo espiritual. Dessa forma, não existe para o ateu um Deus criador nem tampouco milagres ou fenômenos espirituais. Apesar disso, deve ser destacado que o ateísmo, embora esteja embutido na natureza desde a Queda, fazendo parte, portanto, da história humana desde os primórdios da civilização, foi, contudo somente nas duas últimas décadas que passou a ganhar grande visibilidade. Isso se deu por meio do neoateísmo, uma forma revitalizada do antigo ateísmo.
Esse novo ateísmo ou neoateísmo se tornou um tipo de ativismo militante, extremamente agressivo e hostil ao fenômeno religioso e a tudo aquilo que se refira a Deus. São organizados e fizeram dos espaços acadêmicos, especialmente as universidades, os seus hospedeiros. São fanáticos e fundamentalistas da mesma forma que o é um radical religioso. Esse despertar do ateísmo aconteceu após os ataques terrorista no 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos da América. Três anos após o ataque do World Trade Center, em 2004, Sam Harris lançou o livro: A Morte da Fé: religião, terror e o futuro da razão. O livro de Harris é considerado como tendo sido o ponto de partida do neoateísmo.
Harris, que nasceu em uma família quaker, culpou a religião pelos atentados no 11 de setembro. De acordo com Valmor Santos,
O 11 de setembro foi para Harris o momento que fez o crítico do fundamentalismo vir à tona. Seu livro A morte da fé viria a lume três anos depois, em 2004, tornando-se um best-seller durante semanas nos Estados Unidos. Em 2006, escreveu Uma carta a uma nação cristã, em resposta às críticas que seu livro havia recebido. A tese mais contestada no livro foi a alegação de Harris de que os religiosos moderados são responsáveis pelo fundamentalismo, pois aceitam crenças não racionalmente fundamentadas e pedem respeito por elas; assim, a porta está aberta para os fundamentalismos. Uma análise das crenças religiosas baseadas na fé não seria justificada, segundo Harris (YOUNES, 2009, p. 142), o qual sustenta que as alegações da fé teriam que ser tomadas como outras proposições empíricas que fazemos e, portanto, deveriam ser submetidas a teste empírico (YOUNES, 2009, p. 142).1
Embora Harris tenha sido o pioneiro do movimento neoateísta, contudo, outro autor lhe deu ampla visibilidade — Richard Dawkins. Em 2006, Dawkins escreveu seu best-seller: Deus: um delírio. O livro de Dawkins é um ataque frontal às religiões, porém tendo a religião judaico-cristã como seu principal alvo. Valmor Santos destaca:
Em relação a Deus, o foco é fundamentalmente o Deus das religiões abraâmicas. Mas o livro examina principalmente a compreensão cristã de Deus, pois, como afirma o próprio Dawkins, é a religião que ele mais conhece. O seu foco não é o Deus do panteísta, de um Espinosa ou de um Einstein, mas principalmente o Deus do Antigo Testamento, Javé (2007, p. 44-45), comum ao judaísmo, ao cristianismo e ao Islã. Contudo, para simplificar, Dawkins nega todos os deuses, sejam do monoteísmo ou do politeísmo, e usa para ambos os posicionamentos religiosos o nome Deus (DAWKINS, 2007, p. 61). A tese básica de seu livro é a negação de qualquer tipo de supernaturalismo (ibidem, p. 62): “Estou atacando Deus, todos os deuses, toda e qualquer coisa que seja sobrenatural, que já foi e que ainda será inventada” (p. 63).2
Tanto o posicionamento de Richard Dawkins como o de Sam Harris fazem parte de uma ideologia anticristã. De acordo com esses autores, a religião é má; Deus não existe e a ciência refuta Deus. Esse novo tipo de ateísmo se diferencia do antigo racionalismo que buscava na filosofia argumentos contra a existência de Deus. Em vez disso, o neoateísmo procura se escudar na ciência para atacar o cristianismo. Entretanto, o que deve ser observado, como destacou Alister McGrath em seu livro O Delírio de Dawkins, é que nenhum desses autores, de fato, se valem de argumentos científicos para negar a fé. McGrath, que é PhD em biofísica molecular, destaca que o ateísmo de Dawkins é de natureza ideológica, e não científica. Na verdade, esses autores adotaram o cientificismo, um discurso que está estreitamente ligado ao materialismo filosófico. Para eles, a realidade última do universo é a matéria. Assim, o que não passar pelo crivo dos supostos argumentos científicos deve ser rejeitado.
O fato é que a ciência não refuta Deus, mas antes confirma a sua existência. A negação desse fato não se baseia em provas científicas, mas numa simples incredulidade que se recusa a admitir as evidências que demonstram a existência de um Criador.
(GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás nesses dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 69-71.)
1 SANTOS, Valmor Ferreira. Uma Introdução ao Movimento do Neoateísmo: definições e metáteses. Tese de mestrado em ciências da religião. Universidade Federal de Sergipe, 2016.
2 SANTOS, Valmor Ferreira. Op.cit., p.42,43.