Lição 11 – Sendo cautelosos nas opiniões
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – NÃO DEVEMOS JULGAR O OUTRO
II – DEVEMOS PRIMEIRAMENTE OLHAR PARA NÓS MESMOS
III – E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS
CONCLUSÃO
A Lição 11 tem três objetivos que os professores devem esmerar-se em atingi-los:
1. Compreender que não devemos julgar precipitadamente o outro;
2. Conscientizar de que devemos primeiramente olhar para nós mesmos;
3. Afirmar que não somos julgados pelo severidade de Deus.
NINGUÉM DEVE SER JULGADO?
Em momento algum quando lemos Mateus 7.1, emana dos lábios de Jesus a negatividade de que o julgamento não deve ser feito, na verdade, Ele não quer que sejamos neutros nas questões morais. O que Cristo objetivava aqui era alertar quanto ao julgamento feito por alguém de modo ríspido, um ato de censura firmado na justiça própria, ademais, sempre quando formos julgar alguém é sempre bom olharmos para nós mesmos, como bem expressa a Mishnah: “Não julgues ao teu semelhante enquanto não estiveres na posição dele”. O dito popular: “Quando tu apontas um dedo para mim, tem três apontando para você”, é importante, por isso é sempre bom ser misericordioso e generoso ao se fazer qualquer julgamento para com uma pessoa.
Quando Cristo diz “Não julgueis” nota-se que o verbo do grego é krino, separar, colocar separadamente, selecionar, escolher, ser de opinião, julgar, pensar, presidir com o poder de emitir decisões judiciais, porque julgar era a prerrogativa dos reis e governadores. É claro que essas palavras não englobam todo tipo de julgamento (1Co 5.12), mas se referem àquele julgamento infundado, injusto, infiel, que não pode em momento algum ser provado.
Jesus não está proibindo os tribunais de julgarem, nem está tolhendo a capacidade crítica do ser humano. No próprio texto de Mateus 7.15-23 Ele fala da importância de Seus discípulos julgarem os ensinos dos falsos mestres, inclusive ajudar outros a fazer isso corretamente (Mt 7.18,15). Como novos discípulos de Cristo, cada servo Seu deve saber discernir bem as coisas para julgar corretamente, isso para que não aconteça de sair por aí julgando as pessoas ou sentenciando-as apenas por causa de um feito seu, antes o julgamento deve ser feio com critério, como é bem ensinado por Paulo, em relação à disciplina de um membro (Rm 5.1-5).
Os fariseus eram pessoas que apreciavam censurar os outros, colocavam defeito em todas as pessoas, contudo, em relação a si mesmos não viam qualquer defeito, consideravam-se santarrões, achavam-se perfeitos e se sentiam os únicos cumpridores da Lei, vendo os demais como pessoas malditas (Jo 7.49). Quando lemos Romanos capítulo 2.1, vemos que Paulo não alivia nas palavras, isso incluía escribas e fariseus, pois gostavam de julgar os outros, mas já estavam condenados. Era de praxe, muitos judeus gostavam de julgar os gentios como sendo nada (Rm 2.17-29), todavia, faziam coisas muitas vezes piores. É triste dizer, mas muitos procedem como os escribas e fariseus, gostam de apontar os erros dos outros, julgá-los, mas fazem coisas piores.
Está certíssimo o teólogo Martyn Lloyd-Jones quando diz que caso não conhecesse a doutrina da justificação exclusivamente pela fé, jamais ousaria examinar o Sermão do Monte, pois se trata de um Sermão diante do qual todos nós ficamos completamente nus, inteiramente destituídos de esperança. Se caso todo cristão verdadeiro procurasse colocar em prática os ensinos de Cristo propostos no Sermão do Monte, a realidade da vida cristã seria outra neste mundo.
O julgamento feito pelos escribas e fariseus era duro, visava simplesmente apontar as falhas e os defeitos dos outros, além da justa medida. Faziam isso com toda severidade, com dureza e egoísmo pessoal, com maldade, malícia, sem qualquer sentimento de amor, como bem foi ensinado por Jesus em Mateus 5.36-48.
Devemos levar em consideração que um julgamento que não vem banhado pelo amor é egoístico e tem apenas um alvo: desfazer daquela pessoa que alguns observam coisas boas nelas, procurando desclassificá-la perante outros para lucrar algo para si. No entanto, Jesus deixa claro que quem julga sem amor, apenas na base da censura, logo será julgado por Deus, por isso disse Jesus: “Para que não sejais julgados”. Sofre também julgamentos da parte dos homens, pois logo outros perceberão que tal censura é sem base.
Pessoas que não conseguem enxergar coisas boas nos outros, nunca serão vistas como boas, aquelas que só manifestam ódio, irão colher ódio, quem só planta vento, irá colher tempestade, quem destila veneno, não demorará para ficar envenenado, quem não usa de misericórdia, jamais receberá misericórdia. Um cristão que tem o coração banhado pelo amor não deseja o mal para o seu próximo. A lei da semeadura é clara, o que se planta é o que se colhe (Gl 6.7), e, como Deus é Deus de justiça, e Seu juízo é segundo a verdade, e Ele agirá no momento certo (Rm 2.2), e por toda a palavra mentirosa que o homem diz, terá que prestar contas delas no dia do juízo (Mt 12.36). Falando da lei da semeadura e da colheita, Champlin¹diz:
Esse princípio se aplica tanto às nossas relações com os homens como às nossas relações com Deus. Bondade atrai bondade; censura atrai censura; generosidade atrai generosidade; mesquinhez atrai mesquinhez; malícia atrai malícia; misericórdia atrai misericórdia; boas obras atraem o favor de Deus, e o pecado atrai o julgamento. Na defesa de si mesmo é que o indivíduo censura os que o censuram.
Aquele que deseja viver segundo os ensinos de Jesus, fazendo julgamento da maneira correta, tendo critério: “Com o critério…, com a medida…” praticando de modo prudente e adequado o ensino de Jesus sobre o julgamento (Mc4.24) e fazendo o bem ao próximo com suas boas obras, receberá dos outros de modo semelhante (Lc 6.38).
Meus irmãos, não tenhamos um espírito crítico e arbitrário para condenar os outros, nem queiramos ter a posição de Deus, que é o verdadeiro juiz, pois conhece a pessoa por dentro e por fora, mesmo assim, é misericordioso (Mt 5.7). Ao julgarmos alguém, sejamos criteriosos e cheios de amor, misericórdia e compaixão. Por vezes julgamos uma pessoa quando praticamos os mesmos pecados, e as condenamos severamente.
O melhor de tudo é fazer o seguinte: quando encontrarmos algum erro no irmão, sempre de imediato o que vem na nossa mente é de condená-lo, desprezá-lo, todavia, é bom tê-lo como nosso espelho, pois às vezes ele reflete o que nós somos. Os homens que julgavam e condenavam a mulher pecadora se esqueceram que tinham pecados piores do que o dela, por isso Jesus disse: “Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo 8.7).
Texto extraído da obra Os Valores do Reino de Deus, editada pela CPAD.
¹CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo, Vol.1. Mateus/Marcos. São Paulo: Candeia, 1995.p.331