Lição 8 – Sendo Verdadeiros
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – O ATO DE DAR ESMOLAS E A HIPOCRISIA
II – AUXILIANDO O PRÓXIMO SEM ALARDE
III – DEUS CONTEMPLA O BEM QUE REALIZAMOS
CONCLUSÃO
Esta lição tem três objetivos que os professores devem esmerar-se em atingi-los:
1. Contrastar o ato de dar esmola com a hipocrisia;
2. Colaborar no auxílio ao próximo sem alarde;
3. Concluir que Deus contempla o bem que realizamos.
Estudaremos agora uma nova seção que se inicia com o capítulo seis, onde é destacada a vida religiosamente piedosa de um verdadeiro servo de Deus. Nas ilustrações que foram feitas por Cristo, como a primeira seção de Mateus 5.3-12, Ele falou de como o cristão em essência deveria ser, logo em seguida, na segunda seção, é dito do seu papel e caráter perante o mundo (Mt 5.13-16). Na terceira ilustração feita pelo divino Mestre, é dito como os Seus discípulos devem se relacionar com a Lei, sem qualquer pretensão legalista como faziam os escribas e fariseus, mas tendo uma justiça superior.
Um cristão que vive as beatitudes, isto é, as bem-aventuranças, não tem como ser um hipócrita na vida religiosa, pois é plenamente consciente que desenvolve sua comunhão com o Deus onisciente e todo poderoso, o qual requer de cada um de nós um proceder em obediência e santidade, tanto para com Ele como perante esse mundo pecaminoso. Nessa prática de um viver sincero na vida religiosa, Tiago esclarece muito bem o que o Pai celestial espera de nós: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1.27).
Há duas coisas importantes a serem consideradas nesse versículo, a primeira é em relação ao substantivo feminino religião, que do grego é threskeía, adoração religiosa, externo, aquilo que consiste de cerimônias, disciplina religiosa, religião. A segunda está relacionada ao adjetivo puro, katharós, limpo. Só se pode desenvolver atitudes religiosamente aceitáveis diante de Deus quando o coração for realmente puro. Douglas J. Moo1 falando das palavras de Tiago escreve:
Precisamos ter em mente que Tiago está tentando aqui resumir tudo o que envolve a verdadeira adoração a Deus. Segundo Calvino, “ele não dá uma definição geral da religião, mas nos lembra de que a religião sem as coisas que ele menciona é nada”. O ritual religioso, se praticado com um coração reverente e num espírito de adoração, não é errado – e a Palavra de Deus não pode ser “praticada” se primeiro não for “ouvida”
Há muitos que nas práticas religiosas manifestam externamente as mais belas canções, sermões, palavras, adoração, porém, como Jesus disse, fazem tudo isso apenas de lábios, aparência, pois o coração não é verdadeiramente do Senhor (Mt 15.8), de modo que tudo não passa de uma mera exibição, show, pura hipocrisia, querem adorar a Deus como a mulher samaritana, escondendo seus pecados, sem conserto da vida (Jo 4.16-18). Em Mateus 6.1-4 aprenderemos com Jesus como deve ser nossa vida religiosa para com Deus.
Nossa vida religiosa para ser pura precisa ser nutrida com a Palavra de Deus e abscindida de tudo aquilo que a possa comprometer (1Pe 2.1,2). Somente dessa maneira que o ser humano poderia se manter guardado do mundo contaminado. É possível sim ser um cristão sincero nesta vida sem comprometer a comunhão com Deus, contaminando-se com o mundo, mas andando conforme o querer do Senhor. Como exemplo, podemos citar Enoque, do qual é dito que andou com Deus (Gn 5.22,24), e Noé que foi justo e íntegro no meio dos seus contemporâneos, e andou com Deus (Gn 6.9).
O capítulo seis apresenta duas verdades dominantes ensinadas por Jesus Cristo: a primeira fala de nossa vida de comunhão para com Deus, como devemos desenvolver nossas atitudes de adoração com verdade e sinceridade; a segunda fala também das necessidades das coisas do mundo, como por exemplo, vestimentas, alimentação, amparo, abrigo, como usá-las sem ser dominado por elas (1Co 7.34). Tudo isso só é possível quando o coração é verdadeiramente puro, lavado com o sangue do Cordeiro, pois somente dessa forma é que será expurgado o fermento da hipocrisia pois o eu carnal não terá mais vez em sua vida (Mt 16.6; Gl 2.20).
Texto extraído da obra Os Valores do Reino de Deus, editada pela CPAD.
1 J.MOO, Douglas, Tiago: Introdução e Comentário. São Paulo. Vida Nova, 2006.p.86