Lição 4 – Resguardando-se dos Sentimentos Ruins
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – O EVANGELHO NÃO É ANTINOMISTA
II – A CÓLERA É O PRIMEIRO ATO PARA O HOMICÍDIO
III – A “OFERTA DO ALTAR” E A DESAVENÇA
CONCLUSÃO
A presente lição apresenta três objetivos para os professores:
1. Expor que o evangelho não é Antinomista;
2. Pontuar que a cólera é o primeiro passo para o homicídio;
3. Correlacionar o ato de ofertar com a desavença.
Na lição do próximo domingo, estudaremos sobre o cuidado que o cristão deve ter de não dar lugar à ira. Diariamente estamos expostos a situações que podem levar-nos a vias de fato. Como um cristão poderá comportar-se desta forma diante da sociedade, desconsiderando o evangelho de Cristo?
Também veremos que Jesus, em seus ensinos no Sermão do Monte, está prestes a expor o verdadeiro significado da Lei do Antigo Testamento:
“Interpretação. Um padrão distinto aparece nos seis exemplos que Jesus dá. Como introdução a cada exemplo, Ele diz: ‘Ouvistes o que foi dito’, e então prossegue dizendo ‘Eu, porém, vos digo…’
A literatura rabínica frequentemente usa a fórmula ‘Ouvistes que foi dito’. Basicamente, isto era feito quando se levantava um ponto teórico, mas que logo seria rejeitado. Ou, para destacar uma interpretação, prestes a estender-se a uma análise mais detalhada. Isto é exatamente o que Jesus vai fazer, e assim sua frase de abertura tem a força de ‘vocês entenderam’, ou seja, Jesus inicia cada exemplo dizendo que a Lei citada era interpretada, pelos rabinos, como tendo um significado particular — por exemplo, como os assassinos devem ser julgados (5.21), ou que o adultério é um ato físico (5.27,28)
Ao dizer ‘Eu porém, vos digo’, Jesus indica que Ele vai expor um significado mais profundo e mais verdadeiro da Lei.
É importante observar que Jesus não está criticando a lei do Antigo Testamento. No entanto, Ele está dizendo que o verdadeiro significado da Lei foi mal interpretado pelos mestres contemporâneos.
O quadro a seguir resume os pontos comumente destacados em cada exemplo, e esclarece a verdade da qual Jesus estava tentando convencer as pessoas: a justiça não está relacionada àquilo que fazemos, mas ao que somos. A justiça é uma questão do coração. Somente um coração tão puro, onde a ira ou a luxúria nunca surjam, pode satisfazer o padrão que Deus revelou para nós em sua lei — um padrão que foi mal interpretado por seu povo escolhido.
Este problema de interpretação foi fatal. Israel deixou de usar a Lei como um espelho que revelava a condição desesperadora da humanidade. Em lugar disso, Israel tentou usar a Lei como uma escada para o céu. Ao fazer isso, muitos pertencentes ao antigo povo de Deus deixaram de colocar-se completamente sob a sua graça. Como Paulo posteriormente escreve, no seu zelo os israelitas ‘procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de deus’ (Rm 10.3).
Aplicação. Tirar estes exemplos do contexto dos argumentos de Jesus levou alguns a suporem que Cristo está definindo uma lei mais rígida para seu povo do que Deus fez com Israel. Isto é um equívoco sério.
Isto pode ser demonstrado de várias maneiras:
(1) A partir do fluxo do argumento de Jesus. A compreensão contemporânea da lei do Antigo Testamento limitava as suas aplicações ao comportamento exterior. Jesus amplia a compreensão da lei do Antigo Testamento, destacando que a Lei demonstra a preocupação de Deus com o coração humano. A justiça não é simplesmente um problema do que alguém faz ou não, mas um problema de intenção e motivo, de desejo e de atitude. Se a Lei for interpretada desta maneira, fica claro que ninguém pode afirmar ser justo diante de Deus. Se a ira é a mesma coisa que o assassinato aos olhos de Deus, e a luxúria é a mesma coisa que o adultério, então, claramente, todos pecaram.”
VERSÍCULO | A LEI | A INTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA | A RE-INTERPRETAÇÃO DE JESUS |
v. 21 | Não matarás (Êx 20.13) | Os assassinos devem ser punidos pela sociedade | A hostilidade em relação aos outros deve ser julgada por Deus |
v. 27 | Não cometerás adultério (Êx 20.14) | O adultério é um ato físico | Até mesmo pensar maliciosamente em um membro do sexo oposto é adultério |
v. 31 | Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite (Dt 24.1) | Um marido que dê tal carta à sua mulher não tem mais nenhuma obrigação para com ela | O casamento é um compromisso que não pode ser tratado levianamente |
v. 33 | Cumprirás teus juramentos ao Senhor | Somente os juramentos feitos em nome de Deus devem ser cumpridos | Seja completamente honesto, de modo que um juramento não seja necessário |
v. 38 | “Olho por olho” (Êx 21.24; Dt 19.21) | É adequado vingar-se de quem lhe fez mal | Reaja generosamente àqueles que lhe causam mal, ao invés de procurar retribuição |
v. 43 | “Amarás o teu próximo” (Lv 19.18) | Trate os outros como Deus trata seus inimigos — Ele nos ama e satisfaz nossas necessidades |
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 28-29.