Lição 2 – Sal da terra, luz do mundo
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – O SAL TEMPERA E CONSERVA
II – A LUZ ILUMINA LUGARES EM TREVAS
III – DISCÍPULOS QUE INFLUENCIAM
CONCLUSÃO
A presente lição apresenta três objetivos para os professores:
1. Apontar a função do sal;
2. Destacar a função da luz;
3. Refletir a respeito da influência dos discípulos de Cristo no mundo.
Na lição atual, estudaremos a importância de nossa influência como cristãos no mundo. Para isso, o nosso Senhor faz comparações com elementos conhecidos do cotidiano do homem.
Para aprofundar sobre a metáfora do cristão como sal, considere o seguinte texto:
O cristão como sal
Na metáfora que Cristo faz comparando o cristão com o sal, Ele mostra que cada discípulo tem uma vida que dá sabor e que pode preservar. É preciso entender que esse mundo dominado pela natureza carnal pecaminosa irá cada vez mais de mal a pior. Desde o momento em que a carne começou a reinar a situação do homem sem Deus é o caminho da podridão (Gn 6.3; 18.3).
Não podemos jamais esperar que o mundo seja preservado do pecado por meio da educação, da ciência ou da filosofia. A história tem provado ao longo do tempo que muitos viveram nessa esperança, porém com a chegada da Primeira e da Segunda Guerra Mundial provou-se que a humanidade caminha para o pior. Sendo assim, Paulo disse: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (1Ts 5., ARA).
As pessoas que não têm Cristo na vida, nem seu Santo Espírito, vivem dominadas pela carne e seus desejos e as obras que produzem são as mais horríveis (Gl 5.19-21), gerando os micróbios e germes da maldade que contaminam e conduzem ao estado de putrefação. Para deter essa contaminação e corrupção é que se faz necessária a presença do sal. Quando Jesus faz uso da expressão “Vós sois o sal da terra” (Ὑµεῖς ἐστε τὸ ἅλας τῆς γῆς, Humeîs este tò hálas tês gês), precisamos fazer destaque para o verbo eimí, que é ser, existir, estar presente, que está no tempo presente no modo indicativo. Compreende-se com isso que Jesus não fala da possibilidade do crente ser, mas que ele já é o sal.
O mundo podre é dominado pela secularização e mundanismo, no demais, seu controle está nas mãos do Maligno (1Jo 5.19; 2Co 4.4), de modo que não há como a contaminação não se alastrar, porém com o sal presente, não apenas dentro do saleiro, ou seja, isolado, mas sendo aplicado na carne, conterá a contaminação. É preciso entender que não basta apenas destacar as qualidades do sal, sua brancura, poder antisséptico e seu sabor, sua real missão deve ser a de dar sabor e preservar, sendo que a última é mais destacável, pois visa combater a deterioração.
Nesse mundo vil e pecaminoso, quando o cristão atua como sal, vivendo a verdadeira vida cristã, ele pode combater a corrupção moral e espiritual. Entretanto para que isso aconteça, ele precisa ter um viver segundo a Palavra de Deus, andar em santidade e verdade, desenvolver a prática da leitura e da oração, pois, dessa forma, não se contaminará com o mundo, mas será sal nesta Terra. A presença de pessoas de bom testemunho no mundo é algo salutar, o que foi realmente confirmado por Deus a Abraão, uma vez que elas podem frear a corrupção pecaminosa (Gn 18.26,32; 1Rs 12.2). Falando do cristão como sal da terra, John Stott1 expressa:
A metáfora do sal não é difícil de entender: “Vocês são o sal da terra”. O mundo se decompõe como peixe ou carne estragada, enquanto a presença cristã na sociedade retarda essa decomposição. A intenção de Deus é que seus próprios remidos, regenerados e justos, sejam a mais poderosa influência para restringir essa decomposição.
Para que o mundo não se encaminhe mais e mais para um estado de putrefação e decadência moral e espiritual, o cristão tem que exercer sua qualidade de sal nesta terra, que é a de conservar a carne, não deixando que os micróbios maléficos se espalhem, causando corrupção. Salgar o alimento para preservá-lo era o método antigo quando não se dispunha de aparelhos eletrônicos, como geladeira ou freezer. Cabe agora também dar sabor ao alimento, isso quer dizer que somente aqueles que têm a maior vida (Jesus) dentro da nossa pequena vida, podem dar uma vida com sabor àqueles que estão na podridão do pecado (Lc 2.13; Cl 4.6), afinal vida sem Cristo gera uma vida insípida.
A vida sem Cristo é insípida, isto é, sem sentido, basta olharmos para a sociedade atual e veremos como muitos vivem atrás de entorpecentes, drogas, festas, diversões, sexo, e nada melhora. O verbo grego moraíno (insípido) fala de alguém ser tolo, agir tolamente, sem sabor, do sal que perdeu sua força. O salmista diz que o tolo ou insensato fala que não há Deus. No hebraico, o adjetivo nabal significa estupidez, insensatez, tolice. Quando o homem tira Deus de sua vida, então ela se torna insípida, sem sabor (Sl 14.1).
Assim como o sal, o cristão tem que exercer sua missão precípua, ou seja, expressando o viver em Cristo, seu caráter, a fim de que o Pai seja glorificado, não querendo ser um político, um grande empresário cristão ou opinando sobre essa ou aquela filosofia. Por meio de sua vida, sinceridade, boas virtudes, santidade, não demorará para que outros possam dizer: Cristo vive na vida desse homem ou mulher.
Entendemos que a igreja não pode fugir de suas responsabilidades sociais e políticas, porém, sua tarefa principal é a pregação do evangelho. Caso ela dê prioridade a outras questões, perderá seu alvo principal. Hoje, de ambos os lados, tanto capitalistas como comunistas estão em sua maior parte dominados pelo pecado. Diversos políticos vivem a vida sem Deus de modo insípido, assim, cabe à Igreja como comunidade do Reino proclamar o Evangelho da Salvação, sendo sal nesta terra, impactando vidas pelo seu sabor. O D. Martyn Lloyd-Jones,2 nesse particular, tem uma boa colocação:
Embora a Igreja continue a fazer pronunciamentos solenes a respeito da guerra e da política, bem como a respeito de outros temas, o indivíduo comum não será afetado por tais declarações. Não obstante, quando um homem trabalha como simples operário, mas é um crente autêntico, cuja vida tenha sido salva e ele esteja sendo transformado pelo Espírito Santo, então tal homem afeta todas as pessoas ao seu redor. É dessa maneira que podemos agir como sal da terra, em uma época como a nossa. Não se trata de algo a ser realizado pela Igreja cristã em geral, mas é algo a ser feito pelo crente individual.
Vivendo como sal nesta terra, o cristão irá impactar diversas áreas por exercer seu papel de conserva. Por exemplo, não se pode negar que os grandes avivamentos que aconteceram na história da Igreja também não tenham trazido benefícios para pessoas não cristãs. Podemos dizer o mesmo da Reforma Protestante e na Reforma dos Puritanos na Inglaterra, afinal, a vivência dos cristãos como sal da terra foi sentida.
Quando a Igreja prega o evangelho e pessoas se convertem de verdade as mudanças surgem em todos os setores, pois vão se infiltrando como pequenas pitadas de sal na grande massa pecaminosa que não demorará para que a preservação e o sabor se espalhem, pois foi assim nos dias de Paulo, pregando o evangelho o sal chegou até na casa de César (Fp 4.22).
Temos visto o pecado aumentando, e a vida de moral comprometida, e não podemos negar nem fechar os olhos para essa realidade, posto que a Igreja em sua maior parte não tem exercido como deveria a pregação da Palavra, somente o Evangelho faz a mudança que necessitamos, pois é o poder de Deus (Rm 1.16). Paulo deixou claro em sua primeira carta aos Coríntios que todos os demais sistemas falharam, inclusive a sabedoria humana, mas ele prioriza a mensagem da cruz (1 Co 1.18-23). O sal exercendo seu papel leva a menos alcoolismo, menos drogas, menos adultério, menos divórcio, coisas que leis parlamentares não podem mudar, visto que somente Cristo concede a mudança (2 Co 5.17).
Texto extraído da obra:
GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
1 STOTT, John. Lendo o Sermão do Monte com John Stott. Viçosa, MG: Ultimato, 2018, p.30.
2 LLOYD-JONES, David Martyn. Estudos no Sermão do Monte. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. p.211.