Lição 12 – As Epístolas instruem e formam os cristãos
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM
II – COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM
III – AS EPÍSTOLAS CONTINUAM A FALAR
CONCLUSÃO
A presente lição apresenta três objetivos para os professores:
1. Apresentar a instrução doutrinária de Paulo às igrejas no que diz respeito à pessoa de Jesus Cristo e acerca das últimas coisas;
2. Expor a natureza das epístolas gerais a respeito da fé, santificação, combate aos falsos ensinos e esperança da vida eterna;
3. Ressaltar a atualidade das epístolas do Novo Testamento no tocante às doutrinas da justificação, santificação e glorificação do crente.
Na lição atual, estudaremos o conjunto de doutrinas entregue à Igreja do Senhor por intermédio dos autores das epístolas do Novo Testamento, cujo objetivo é instruir e formar os crentes na fé cristã, bem como prepará-los para o encontro com o Senhor por ocasião do arrebatamento da Igreja.
Para aprofundar a atualidade da mensagem e do ensino das epístolas, considere o seguinte texto:
AS EPÍSTOLAS CONTINUAM A FALAR
1. A Doutrina da Justificação
A doutrina da justificação pela fé ensina, em termos gerais, que o pecador é justificado (absolvido da punição e da condenação do pecado) unicamente pela fé na graça divina (Rm 5.1,2). Assevera que a salvação é dom gratuito e imerecido de Deus aos pecadores e que só pode ser recebida por meio da fé (Ef 2.8,9). Significa dizer que as obras humanas não podem salvar, mas apenas a fé em Cristo por meio da recepção da graça de Deus (Gl 2.16). Lutero afirmava que “a doutrina da justificação não é apenas mais uma doutrina; é o artigo fundamental da fé, pelo qual a igreja se firmará ou cairá e do qual depende toda a doutrina”.11 Desse modo, a doutrina da justificação pela fé é considerada como a grande verdade que a Reforma Protestante restituiu à Igreja.
Nossa Declaração de Fé professa crer na restauração do homem por meio do arrependimento e fé na obra expiatória e redentora de Cristo (Rm 3.23,24), no novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé (Ef 2.8,9) e na justificação pela fé no sacrifício de Cristo (Rm 10.13; Hb 5.9; 7.25).12
Nosso documento doutrinário explica que a justificação é um ato da graça de Deus, o Supremo Juiz, pelo qual a justiça de Cristo é imputada a todo aquele que crê em Jesus declarando-o justo (Rm 3.24,28). O primeiro resultado da justificação é a paz com Deus (Rm 5.1). Juntamente com a salvação e a justificação, o pecador arrependido recebe a adoção de filho de Deus (Jo 1.12; Gl 4.4-6).13 Nesse entendimento, ratifica-se que essa é uma doutrina fundamental da fé cristã.
2. A Doutrina da Santificação
Etimologicamente (do hebraico kadosh e do grego hagios), o significado da palavra “Santo” é respectivamente “puro” e “separado para Deus”. Nesse sentido, a doutrina da santificação implica uma vida separada do pecado e dedicada a Deus (Rm 12.1,2). É um processo mediante o qual Deus purifica os que a Ele se achegam e passam a ser orientados pelo Espírito Santo (1 Jo 3.3). A Bíblia Sagrada ensina enfaticamente que Deus é “Santo”: Ele é o “Santo de Israel” (Is 1.4); “Deus, o Santo” (Is 5.16); o seu nome é “Santo” (Is 40.25; 57.15), dentre outros textos. Portanto, o Deus “Santo” requer que sua criação ande em santidade (1 Pe 1.15,16), isto é, o atributo comunicável de Deus da santidade é concedido a todos os que verdadeiramente são regenerados.
Nossa Declaração de Fé ensina que “já salvo e justificado, o novo crente entra de imediato no processo de santificação, pois assim o requer a sua nova natureza em Cristo (Rm 6.22; 1 Ts 4.3)”.14 Porém, essa transformação vai sendo aperfeiçoada durante a jornada do cristão (2 Co 3.18; Fp 1.6). Nesse aspecto, a santificação “é uma continuação do que foi começado na regeneração, quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e instilada dentro dele”.15 Desse modo, o salvo precisa ser santificado pelo Espírito Santo (1 Pe 1.2). O fruto do Espírito nos é concedido para andarmos no mundo conservando a nossa santidade (Gl 5.16-17, 22). Portanto, o crente deve purificar-se tanto da carne como do espírito (2 Co 7.1), pois sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).
3. A Doutrina da Glorificação
A Escritura Sagrada diz: “se é certo que com Ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Acerca desse texto, o Comentário Aplicação Pessoal sublinha que “só iremos gozar da nossa herança futura, se o nosso relacionamento com Cristo for suficientemente autêntico para podermos enfrentar o sofrimento em seu nome, por amor ao Senhor”.16 Indica que o cristão justificado pela fé e santificado pelo Espírito Santo ao sofrer perseguição por amor a Cristo, e suportar injustiças por causa de seus valores, está experimentando o sofrimento de Cristo para poder compartilhar de sua glória na eternidade. Paulo ratifica essa verdade ao declarar que aos que Deus “chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).
Desse modo, a doutrina da glorificação é a última etapa de nossa salvação. Nesse processo, o pecador é salvo pela graça, justificado pela fé, santificado pelo Espírito e prossegue até que todos cheguemos “a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13, ACF). Em nossa trajetória cristã, continuamos sendo aperfeiçoados, mas nunca chegaremos à perfeição até chegarmos ao céu. Quer dizer que, somente ao final do processo da salvação, a glória perdida no Éden pelo primeiro Adão será finalmente restaurada (1 Co 15.45). Trata-se de uma promessa da futura transformação de nosso corpo mortal em corpo glorioso (Fp 3.21), que se dará por ocasião da vinda do Senhor (1 Co 15.52-54; 2 Co 3.18). Esse novo corpo será eterno, imortal, imperecível.17
NOTAS
11 OLSON, Roger. História da teologia cristã. São Paulo: Editora Vida, 2001. p. 399.
12 SOARES (Org.), 2017, p. 22.
13 SOARES (Org.), 2017, p. 111.
14 SOARES (Org.), 2017, p. 112.
15 HORTON, S. (Ed.). Teologia sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 408.
16 Comentário do Novo Testamento: Aplicação Pessoal. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 56.
17 STRONSTAD (Ed.), 2003, p. 1308.
Texto extraído da obra:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: A Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, pp.142-144.