Lição 9 – As Histórias e as Poesias falam ao coração
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – AS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO
II – OS LIVROS POÉTICOS (E DE SABEDORIA) DO ANTIGO TESTAMENTO
III – UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO
CONCLUSÃO
A presente lição apresenta três objetivos para os professores:
1. Destacar as narrativas de Josué e Juízes e apresentar as histórias dos reis de Israel e Judá;
2. Conhecer a estrutura e características da literatura bíblica poética e de sabedoria;
3. Mostrar os princípios práticos para a vida cristã.
UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO
Douglas Baptista
1. Uma Mensagem de Soberania. A soberania indica o domínio absoluto de Deus sobre todas as obras criadas: a terra, os céus, a vastidão do universo, os seres espirituais, os animais, os homens, e sobre todo o curso da história: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1); “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (Dn 4.25). A soberania é demonstrada, dentre outros atributos, pela sua Onipotência que executa o plano eterno e opera no controle de tudo e de todos (Rm 9.15-19). As Escrituras apresentam o Senhor como “El-Shadday”, que significa o Deus Todo-Poderoso (Gn 17.1). Seu poder é ilimitado e jamais poderá ser resistido, impedido ou anulado, seja pelo ser humano, seja pela natureza ou por seres angelicais (Jó 42.2). Somente Ele pode realizar ou fazer tudo, conforme o seu entendimento e o beneplácito da sua vontade. Contudo, Ele não faz nada que contrarie a sua natureza (Hb 6.18). A soberania divina é exercida para abençoar os piedosos e punir os rebeldes (Rm 11.22). Lewis Chafer anota que a soberania divina “é discernida de maneira absoluta pela qual todas as coisas receberam os seus devidos lugares na criação, no assinalar aos homens sobre o dia deles e sobre a geração deles assim como os limites da habitação deles, e no exercício da graça salvadora”.16 Porém, a soberania não é arbitrária a ponto de tolher o livre-arbítrio. Todavia, a ação humana é limitada aos desígnios divinos. Dessa forma, a paciência de Deus renova ao homem oportunidades de arrependimento para mantê-lo no centro da vontade divina (2 Pe 3.9). Nesse sentido, ratifica-se que Deus controla o curso dos acontecimentos, remove e estabelece governos, a um abate, e a outro exalta visando a um fim auspicioso (Sl 75.7; Dn 2.21; 4.25; Jr 29.11). Por exemplo, Deus conduziu Josué de forma miraculosa na travessia do Jordão (Js 3.13). Esse feito extraordinário favoreceu o acesso à Terra Prometida (Js 5.1). Mais tarde, Deus levantou nações para punir a rebeldia de seu povo e ainda proveu o meio de escape, a fim de evitar a extinção da nação eleita (Rm 9.29).
Ele proveu o resgate do exílio babilônico ao remanescente, conforme a promessa feita a Davi (Ed 9.13). Foi Deus quem conservou a nação de Judá e assim preparou o caminho para a vinda do Messias prometido (At 13.17-23). Assim sendo, nosso coração deve se aquietar, Ele age na história e nada acontece fora da sua vontade (Mt 10.29,30). A soberania divina impede que a insensatez humana ou a malignidade de Satanás exerçam o controle. Deus é soberano, Ele é a base da paz e da confiança de todo o seu povo.17
2. Uma Mensagem de Sabedoria. Como já visto nesta obra, a sabedoria é a habilidade de aplicar o conhecimento para fazer escolhas certas no momento oportuno. Refere-se à prática da prudência que ultrapassa o mero conhecimento intelectual ou acadêmico. A Bíblia Sagrada ensina que temer ao Senhor e observar os seus preceitos nos fazem viver como pessoas sábias (Ef 5.15) e os que rejeitam ao Senhor e sua Palavra vivem na ignorância (Sl 14.1).18 Nos chamados livros “sapienciais” ou ‘poéticos”, Deus inspirou seus autores para nos agraciar com uma mensagem de sabedoria a ser executada em nosso viver diário. A fonte dessa sabedoria é o próprio Deus, portanto, a sabedoria é dada por Ele. Significa que quando alguém recebe a sabedoria foi porque Deus lhe deu (Pv 2.5,6). O propósito da sabedoria é agradar a Deus e confiar nEle (Pv 3.5). Os sábios não confiam em si mesmos, antes confiam no Senhor e na sua soberania que controla o Universo. Dessa forma, todo o conselho prático está subordinado à sabedoria divina. Dentre eles, citamos: andar retamente de modo ético e irrepreensível (Pv 2.7); fugir da luxúria e se conservar puro (Pv 2.16); não ser preguiçoso (Pv 6.6); e, manter boa reputação (Pv 22.1). As orientações incluem tomar cuidado no falar. As palavras precipitadas e descuidadas são um erro a ser corrigido. O sábio pesa o que fala, mas o tolo se compromete na multidão das palavras (Ec 5.2,3). Uma pessoa sábia não deve amar ou confiar no dinheiro e nem depositar a sua esperança nas riquezas materiais (Ec 5.10- 12). Ser sábio também denota viver em contentamento e não em murmuração. Em virtude da brevidade da vida, o homem deve se alegrar com o fruto de seu trabalho como parte da dádiva divina, (Ec 9.7-10). Igualmente somos aconselhados a remir o tempo, e lembrar-se de Deus antes de ser chamado para se encontrar com Ele (Ec 12.1-7). A mensagem bíblica também enaltece a integridade. A integridade se relaciona com firmeza de caráter e conduta ilibada. Os ensinos no livro de Jó sobrepujam os padrões de integridade do mundo. O manter-se íntegro independe das circunstâncias (Jó 1.22). O sofrimento e a dor são uma realidade, mas Deus provê os meios de cura (Jó 5.17,18). Por conseguinte, somos exortados a confiar sempre no Senhor (Jó 19.25); e a desfrutar do verdadeiro amor (Ct 8.7). No entanto, essas ações não devem ser observadas de forma legalista para evitar o castigo; ao contrário, elas devem ser o resultado do toque divino no coração humano (Pv 4.23).
3. Uma Mensagem de Adoração. As Escrituras ensinam que somente o Deus único e verdadeiro deve ser adorado (Êx 20.1-5). A adoração faz parte do culto prestado a Deus tanto individual como coletivo. Em geral, os elementos da adoração compreendem a oração, o louvor, os cânticos, o meditar na Palavra de Deus, dentre outros. O Dicionário Vine esclarece que a palavra hebraica sãhãh ocorre mais de 170 vezes no Antigo Testamento sendo “usada como termo comum para se referir a ir diante de Deus em adoração (Jr 7.2)”.19 No Novo Testamento, o verbo grego proskuneõ é empregado 59 vezes com o significado de adorar (cf. Mt 2.2,8,11; 4.10; Jo 4.21-24; 9.38; 1 Co 14.25; Hb 1.6; Ap 4.10; 5.14; etc.). Moisés recebeu o modelo de adoração com ofertas e sacrifícios (cf. Nm 28.3-8; Lv 23.1ss). Desenvolveu um sistema de adoração pública com vários elementos: sacrifícios especiais (2 Cr 7.5ss); cerimoniais específicos (1 Rs 8.14); ministrações de louvor (2 Cr 5.13); oração pública (Dt 26.15); e discursos públicos (Ne 9.3-38).20 Na Nova Aliança, esses sacrifícios e ofertas foram abolidos (Hb 20.26), uma vez que Cristo tirou os pecados do mundo (Jo 1.29). No modelo cristão, a adoração pública envolve: salmos, doutrina, revelação, língua e interpretação (1 Co 14.26). Porém, exige-se que a adoração seja em espírito e em verdade (Jo 4.23). A verdadeira adoração é aquela que procede do interior, a que é do coração (Rm 2.29; Ef 3.16). Nesse aspecto, os Salmos possuem a peculiaridade de expressar as mais profundas emoções do coração humano, tais como: medo, angústia e tristeza (Sl 116.3); força, segurança e alegria (Sl 118.14). Assim, eles refletem o ideal divino da espiritualidade e da adoração. Entre outros retratos da vida espiritual, destacam-se: o coração que confia (Sl 3.3); o coração contrito (Sl 6.1); o coração que glorifica (Sl 8.1); o coração agradecido (Sl 30.1); e o coração arrependido (Sl 51.1). A fim de manter a verdadeira adoração em todas as circunstâncias da vida, o salmista descreveu a conduta por ele adotada: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).
Texto extraído da obra:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: A Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, pp.49,53.